Série em vídeo destaca empresas locais durante a pandemia

Jan 20, 2021 em Jornalismo multimídia
Equipamento de filmagem

A COVID-19 forçou redações a inovar ou ficar para trás.

Na emissora NBCLX, as equipes digitais tiveram que se virar para encontrar uma maneira de realizar seu trabalho em meio a restrições à reportagem pessoal. Com um pouco de criatividade, no entanto, descobriram novas formas de contar histórias que destacaram a resiliência de suas comunidades.

A nova rede de estações da NBC e Telemundo, NBCLX estreou na TV e em streaming em junho passado com o objetivo de atrair consumidores de notícias mais jovens. No verão e outono nos EUA, eles colaboraram com estações locais da NBC para produzir uma série de seis partes chamada Rebound sobre negócios locais durante a COVID-19. Eles forneceram aos seus entrevistados equipamentos de vídeo fáceis de usar para filmar suas atividades diárias enquanto lidavam com as consequências econômicas da pandemia.

“É como uma GoPro”, disse Jeremy Berg, diretor de vídeo digital do grupo de estações da NBC, sobre as câmeras de bolso OSMO usadas ​​para filmar a si próprios. “É o mais fácil que você pode conseguir além do seu iPhone e, francamente, algumas pessoas simplesmente usam o iPhone e enviam as imagens dessa forma também”. Você sempre pode comprar acessórios para a câmera de mão também, como tripés ou um stick de selfie para melhorar sua funcionalidade, acrescentou.

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O Rebound acompanhou restaurantes, livrarias, clínicas veterinárias e mais em seis grandes cidades do país: Miami, Nova York, Boston, Filadélfia, Chicago e Los Angeles. A série captura as experiências dessas empresas locais sob temas amplos, como “Caminhando no escuro juntos” e “Descobrindo enquanto avançamos”, ambos títulos de episódios individuais.

Em Miami, por exemplo, a produtora de vídeo digital da NBC 6, Selima Hussain, acompanhou um programa de treinamento atlético para crianças, chamado Next Step Training. “Quando conversei com o proprietário, ele ficou extremamente entusiasmado em garantir que as crianças ainda tivessem um escape enquanto a COVID estava acontecendo”, disse Hussain. As preocupações únicas com a segurança do programa de treinamento esportivo também foram levadas em consideração na decisão de apresentá-los na série. “Quando você está falando sobre esportes de contato, tem que mudar a forma como as coisas funcionam porque não pode realmente chegar muito perto de outro aluno ou de outra criança”, acrescentou Hussain.

 

Screenshot of NBCLX Rebound segment on Next Step Training.
Print do Rebound da NBCLX no Next Step Training em Miami.

 

A filmagem conduzida pelo entrevistado provou não apenas ser necessária devido às restrições da COVID, mas também envolveu os espectadores. É uma abordagem que pode até ter um papel a desempenhar em um mundo pós-pandemia. “Fazer filmes é uma linguagem em evolução. Algumas coisas permanecem e outras desaparecem. Acho que se tornará outro meio de expressão em nosso kit de ferramentas”, disse a documentarista Shira Pinson, que orientou a equipe digital durante sua participação em um acelerador de vídeo do Projeto de Jornalismo do ICFJ-Facebook no ano passado.

“Dito isso”, acrescentou ela, “não há nada como a comunicação cara a cara e acho que, com o tempo, as pessoas sentirão falta de uma filmagem bem composta, bem iluminada e bem gravada. Não se trata de substituí-los, mas sim de complementá-los.”

A equipe digital da NBCLX produziu suas imagens em episódios de 30 minutos para transmitir na NBCLX e em episódios mais curtos de 15 minutos para o YouTube e Facebook. As equipes locais da estação da NBC reestruturaram os episódios em clipes ainda mais curtos para incorporar aos noticiários locais. “Fizemos algo que foi usado em todos os lugares”, disse Berg. “Era polivalente e tinha um milhão de formas diferentes.”

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A versatilidade da filmagem permitiu que as equipes comparassem o desempenho da série nas diferentes plataformas, oferecendo informações valiosas para estratégias de conteúdo futuro. “O que foi realmente encorajador foi em nossos [sites e aplicativos das estações filiais da NBC], o tempo médio de exibição foi de quase seis minutos e meio por episódio. É muito bom engajá-los por seis minutos e meio em uma coisa de 15 minutos”, disse Berg.

O sucesso no Facebook, entretanto, provou ser mais evasivo. “Acho que poderíamos ter feito melhor”, disse Berg, especulando que os vídeos postados no Facebook talvez fossem muito longos para os telespectadores. “Nós sofremos para descobrir isso. Além de mostrar coisas explodindo ou pessoas gritando, o que esse público quer? Ainda é um ponto de interrogação para mim.”

Quatro das seis empresas que o Rebound apresentou em sua primeira temporada eram de propriedade de pessoas negras. Foram os mais interessantes da série, disseram Berg e Hussain, em meio ao contexto dos protestos antirracistas em 2020. “Uma de nossas empresas na Filadélfia, a livraria Harriett's, teve que lidar com ameaças racistas e coisas malucas que aconteciam durante a pandemia”, disse Berg. “Estas são histórias importantes em nossas comunidades e são importantes em todo o país.”

 

Screenshot of NBCLX Rebound segment on Harriett's book shop.
Print do segmento Rebound da NBCLX na livraria Harriett's na Filadélfia.

 

A NBCLX já começou uma segunda temporada do Rebound. Eles apresentarão apenas empresas de negros e modificarão o lançamento da série também. Em vez de focarem em três negócios em um episódio, darão a cada cidade seu próprio segmento e os transmitirão em streaming e notícias de TV a cada dois dias.

Para Berg e Hussain, a primeira temporada do Rebound equipou ainda mais as equipes digitais das estações de propriedade da NBC com ferramentas para navegar em uma pandemia ainda violenta. “Esta foi uma grande oportunidade para algumas das equipes digitais terem a chance de produzir algo por conta própria e não apenas trabalhar com suas partes de transmissão da redação”, disse Berg. “Nosso objetivo não era apenas fazer conteúdo. Nosso objetivo também era capacitar, ensinar e, francamente, permitir que nossas equipes digitais soubessem do que são capazes.”

A interrupção causada pela COVID-19 não terminou com a virada do ano. Com o avanço de 2021, novos desafios se apresentarão para os repórteres, que precisarão inovar seu caminho através deles.

“A COVID-19 tem sido um grande desafio, mas também é uma oportunidade para refletir e experimentar coisas novas”, disse Pinson. “Há tanta tecnologia incrível que podemos usar hoje em dia, é uma loucura. Mas o maior ativo que temos é a nossa criatividade.”


David Maas é o diretor da IJNet.

Em nome das estações de televisão de propriedade da NBC, Selima Hussain e Jeremy Berg participaram do Acelerador de Vídeo Local dos EUA do Projeto de Jornalismo do Facebook, coordenado pelo Centro Internacional para Jornalistas, um parceiro do Facebook.

Imagem principal com licença CC no Unsplash via Jakob Owens.