Redes sociais no Oriente Médio: 5 chaves de seu crescimento

Apr 5, 2021 em Redes sociais
Aplicativos de redes sociais

Desde 2012, venho mapeando as tendências das mídias sociais no Oriente Médio e Norte da África, produzindo um relatório anual de todos os anos a fim de destacar os hábitos de redes sociais em evolução na região.

O último estudo foi publicado em março, analisando o uso da mídia social durante a pandemia, bem como as tendências de longo prazo.

Aqui estão as cinco conclusões principais do relatório.

(1) O Oriente Médio ama as redes sociais 

Embora o uso varie, a pesquisa da GlobalWebIndex indica que os usuários de mídia social na região mais ampla do Oriente Médio e África gastam mais de três horas e meia por dia em redes sociais.

Ao fazer isso, o tempo é dividido em vários canais diferentes. Os usuários da internet na região têm uma média de 8,4 contas de mídia social, com 10,5 contas nos Emirados Árabes Unidos — país que tem “o maior número de contas de mídia social por pessoa em todo o mundo”, relata a Forbes.

Nos três mercados mais pesquisados — Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — o Google, WhatsApp e YouTube estão na lista das dez principais marcas do ranking das melhores marcas do YouGov em 2020. Essas marcas normalmente ficam ao lado de marcas regionais e nacionais, demonstrando altos níveis de confiança do consumidor em redes sociais e gigantes da tecnologia.  

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(2) As plataformas mais antigas continuam relevantes

Redes sociais mais novas e visualmente orientadas são populares, especialmente na região mais próspera do Golfo, onde a penetração de smartphones e a renda são maiores. No entanto, redes mais antigas — como Facebook e Twitter — permanecem muito relevantes no Norte da África e na Turquia, onde sua adesão continua a se expandir.

O Egito é o país mais populoso da região, com uma população de mais de 100 milhões, e é o nono maior mercado nacional de Facebook do mundo, com 44 milhões de usuários. A Líbia (100%), Emirados Árabes Unidos (93%) e Catar (90%) estão entre os países com os maiores níveis de alcance do Facebook, em relação à população, de acordo com dados do We Are Social e Hootsuite.

O Facebook continua a crescer em vários mercados do Norte da África. Marrocos, Argélia e Egito estão entre os dez principais mercados onde o Facebook está crescendo mais rapidamente.

Enquanto isso, Turquia (sexta), Arábia Saudita (oitava) e Egito (18ª) estão nos 20 maiores mercados para o Twitter.

A artista pop libanesa Elissa é a pessoa mais influente do mundo árabe no Twitter e a única figura árabe a entrar para uma lista dos 50 influenciadores internacionais mais poderosos na rede social, revelou um informe publicado pela Brandwatch

(3) Os hábitos das redes sociais estão redefinindo outros comportamentos

A adoção da mídia social também começou a influenciar o comportamento de outros consumidores e da mídia.

Mais de três quartos (79%) dos cidadãos árabes com idades entre 18 e 24 anos afirmam que recebem suas notícias nas redes sociais. Isso é um aumento de 25% em 2015, de acordo com a última Pesquisa de Jovens Árabes.

A mídia social também está moldando outras atividades. Os usuários no Marrocos (60%), Egito (60%), Arábia Saudita (59%), Turquia (56%), Israel (52%) e Emirados Árabes Unidos (49%) são mais propensos a usar a mídia social como parte de suas pesquisas de marcas do que a média global.

À medida que o comércio eletrônico e as compras online continuam a crescer, após o tiro no braço que receberam durante a pandemia de COVID-19, esse tipo de comportamento online só se tornará mais significativo.

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(4) Redes visuais são muito importantes

Quatro países do Oriente Médio — Arábia Saudita, Turquia, Iraque e Egito) — estão entre os 15 maiores mercados nacionais para o Snapchat.

“Na Arábia Saudita, mais pessoas assistem ao conteúdo do Snapchat Discover todos os dias do que qualquer um dos dez principais canais de TV, tanto antes quanto durante a COVID-19”, disse Hussein Freijeh, gerente geral da Snap Inc. para a região.

A ascensão do TikTok significou que os principais influenciadores do TikTok na região do Golfo aumentaram seus seguidores em uma média de 65% entre fevereiro e agosto de 2020, com o envolvimento do usuário mais alto no Bahrein, Omã e Arábia Saudita.

Setenta por cento dos usuários de internet do Egito assistem ao YouTube diariamente. A rede lançou o YouTube Premium, um serviço de assinatura sem anúncios, no ano passado, que permite acesso off-line. Isso permite que os usuários assistam aos vídeos que baixaram, bem como à “reprodução em segundo plano”, em que o áudio continua a ser reproduzido mesmo que o usuário saia do aplicativo YouTube.

(5) A COVID-19 reforçou a importância das redes sociais

Mais da metade dos usuários da região (57%) relataram em maio que estavam gastando ainda mais tempo nas redes sociais como resultado da COVID-19.

Da mesma forma, em um estudo separado, 71% dos entrevistados no Oriente Médio relataram que o uso do WhatsApp e de outros aplicativos de mensagens aumentou desde o início da pandemia. Isso ficou atrás dos 75% dos usuários que disseram que seu consumo de mídias sociais como Facebook, Instagram, Twitter e TikTok aumentou como resultado do distanciamento social. De acordo com a PwC, que conduziu a pesquisa, esses números foram "substancialmente mais do que a média de 52% para todos os (oito outros) territórios".

Além de resultar em mais tempo nas mídias sociais, a COVID-19 também marcou a importância das redes sociais como fontes de informação. Os esforços para combater a “infodemia” criaram oportunidades para que as organizações da sociedade civil e as organizações não governamentais adotassem as redes sociais como um canal fundamental para a comunicação com o público.

No Sudão, por exemplo, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância e a Organização Mundial da Saúde criaram alertas de WhatsApp sobre a COVID-19 em árabe e inglês para fornecer “conselhos sobre como se manter seguro, perguntas frequentes, dicas para se proteger e outros”, informa o comunicado. Enquanto isso, o Mada Center na Palestina, a Tech 4 Peace no Iraque e a Fundação Maharat, sediada no Líbano, abordaram os rumores vinculados com a COVID-19 nas redes sociais e destacaram fontes precisas de informações de saúde pública.

Os governos também se apoiaram no alcance da mídia social, usando diferentes plataformas — e trabalhando com influenciadores, como a apresentadora de TV e influenciadora jordaniana Ola Al Fares — para disseminar mensagens que podem salvar vidas.

O impacto desses esforços, e a importância da mídia social como fonte de notícias e entretenimento em toda a região, sugere que, como um canal de engajamento, a mídia social continuará a ser importante para uma ampla variedade de diferentes partes interessadas muito depois da pandemia passar.


Quer saber mais? “How The Middle East used Social Media in 2020” por Damian Radcliffe e Hadil Abuhmaid pode ser acessado gratuitamente em inglês e árabe no site da New Media Academy.

Damian Radcliffe é professor cátedra Carolyn S. Chambers de jornalismo da Universidade de Oregon, bolsista do Tow Center for Digital Journalism da Columbia University, pesquisador honorário da Faculdade de Jornalismo, Estudos de Mídia e Cultura da Universidade de Cardiff e bolsista da Sociedade Real para o Incentivo às Artes, Manufaturas e Comércio (RSA, em inglês). Ele também apresenta o podcast Demystifying Media em que ele entrevista jornalistas e estudiosos da mídia sobre o ofício do jornalismo. Siga-o no Twitter @damianradcliffe.

Imagem sob licença CC no Unsplash via Rahul Chakraborty


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Damian Radcliffe

Damian Radcliffe é professor de jornalismo na Universidade de Oregon, bolsista do Tow Center for Digital Journalism na Universidade Columbia, pesquisador honorário da Escola de Jornalismo da Universidade de Cardiff e membro da Royal Society for the Encouragement of Arts, Manufactures and Commerce (RSA).