O que saber para cobrir a variante delta

Aug 12, 2021 em Reportagem sobre COVID-19
COVID-19

A luta global contra a COVID-19 está longe de acabar. À medida que a pandemia continua, a variante delta apresenta uma nova onda de desafios e enfatiza ainda mais a importância de redobrar os esforços para combater o vírus.

Se você está cobrindo o impacto dessa variante mais contagiosa, Peter van Heusden, bioinformata no South African National Bioinformatics Institute (SANBI), tem algumas sugestões importantes para você. Ele falou sobre o assunto no webinar "Cobrindo a variante delta", realizado pelo International Center for Journalists.

"Essa é uma visão global: estamos vendo como a variante delta está lentamente assumindo o controle. Ela está varrendo do caminho as outras versões do vírus. Ela tem o que chamamos de vantagem seletiva", diz van Heusden.

 

 

Confira abaixo alguns pontos importantes do webinar:

A variante delta é mais transmissível que as demais.

A partir do processo de sequenciamento biológico de amostras do vírus da COVID-19, o  SANBI e a GISAID Initiative, que fornece dados do genoma de alguns vírus, conseguiram rastrear e entender como o coronavírus mudou desde que foi descoberto.

As amostras sinalizam vários surtos ao longo do tempo, com a variante delta sendo o indicador do recente surto em todas as regiões da África. Essa variante tem uma carga viral mais alta e pode gerar consequências para os sistemas de saúde quando os recursos estão exauridos.

 

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Recursos são fundamentais para lidar com a nova onda.

A falta de recursos compromete a capacidade dos países de combater a disseminação do vírus. Não é diferente com a variante delta, especialmente na África, observa van Heusden.

"O continente africano foi deixado de fora do grupo de acesso para muitas coisas, incluindo materiais para testes. Deveríamos ter visto muito mais investimento em melhor diagnóstico para o continente", afirma.

As vacinas fornecem forte proteção contra a variante delta.

Países ricos, como os Estados Unidos e o Reino Unido, têm vacinas à disposição para ajudar a conter este último surto. Mesmo assim, com grandes segmentos da população ainda não vacinados, a variante delta está causando um dano significativo.

A disponibilidade de vacinas levou a uma queda de mortes nos países ricos. A taxa de óbitos é mais alta em países pobres, onde o acesso a vacinas e outros recursos fundamentais é mais limitado.

 

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Colaboração é crucial.

Em última análise, a colaboração entre países ricos e pobres é crítica para o combate ao vírus. Até o momento, ela é praticamente inexistente. Recursos e apoio dos países mais ricos são necessários agora mais do que nunca à medida que o vírus continua a evoluir. "Quanto mais o vírus se espalha, mais variantes surgem". 

A colaboração entre cientistas e jornalistas também é essencial para uma cobertura abrangente e precisa sobre a COVID-19. "O maior inimigo que temos no momento é a divergência e aqueles que lucram com ela", observa van Heusden, acrescentando que a desinformação sobre o vírus piora o problema. Jornalistas devem também se esforçar para produzir reportagens que levem em consideração o contexto necessário em torno da pandemia.


Foto por Miguel Á. Padriñán no Pexels.