Uma lista ajuda a melhorar engajamento com jornalismo de soluções

por Linda Shaw and Bridget Thoreson
Feb 5, 2021 em Engajamento da comunidade
Seis notas adesivas coladas na parede

O mundo está mudando e, com ele, nosso papel como jornalistas.

Embora não esteja claro quando a onda de notícias de última hora diminuirá, ela irá. Ainda assim, nada vai voltar ao "normal" de antes ― e a situação do jornalismo pré-coronavírus já não era boa financeiramente.

Um caminho melhor e mais sustentável pode ser mais fácil do que você imagina. Uma das chaves é promover relacionamentos mais profundos com seu público como parceiro, em vez de cliente membro do público. Outra é escrever sobre como as comunidades estão se reconstruindo e voltando à vida tão bem quanto cobrimos colapsos e problemas.

Muitas redações inteligentes já usam essas abordagens há anos, obtendo tanto sucesso que dizem que não há como voltar ao jeito antigo.

Os motivos são dois:

  1. Apoio do público: E todas essas novas pessoas que dependeram de nós para saber o que estava acontecendo de errado e por quê? Precisamos mantê-los a bordo para nossa sobrevivência financeira, e já sabemos que muitos desaparecerão se continuarmos a inundá-los com uma dieta de notícias carregadas de problemas.

  2. Nossa missão: Entramos neste negócio para ajudar as pessoas em nossas comunidades a prosperar como indivíduos e como grupo. Isso significa ter certeza de que entendemos quais informações precisam e ajudá-los a obtê-las.

Atendendo ao tsunami de necessidade

Em março, paralisações contínuas em todos os Estados Unidos deixaram muitos incertos sobre o que estava para acontecer e o que deveriam fazer. As plataformas de engajamento do Hearken receberam um nível sem precedentes de mensagens do público que recorreram às suas fontes de notícias para obter informações cruciais.

Graph shows total questions coming in from Hearken embeds increasing

Não foi apenas uma onda — foi um tsunami prolongado. A KPCC, uma estação de rádio pública no sul da Califórnia, estava recebendo quase 10 perguntas por minuto através do Hearken.

E foi apenas o exemplo mais recente de um padrão que vimos comprovado sucessivamente.

[Leia mais: Uma técnica do jornalismo de soluções para cobrir temas polarizantes]


O engajamento é maior em momentos de necessidade

As redações têm sido continuamente pressionadas para alimentar essa necessidade com informações precisas. O fato é, com muito poucas exceções, todos nós somos novos na cobertura do coronavírus. Estamos vivendo uma crise global profundamente perturbadora em uma escala que não era vista há gerações. Ao mesmo tempo, estamos examinando os profundos preconceitos raciais que existem dentro e fora de nossas redações. Então, como você começa a identificar o que deve ser coberto e onde colocar seus preciosos recursos de reportagem? A resposta se resume aos nossos instintos de jornalismo mais básicos: pergunte às pessoas o que elas precisam saber (ou seja, não presuma que você sabe).

Diante da incerteza, faça perguntas

Pergunte com frequência e em todos os lugares. Pergunte ao seu público atual e pergunte às pessoas que você não alcança regularmente. Pergunte repetidamente e nunca pare de perguntar.

  • O Baltimore Sun publica no final de seus vídeos do Facebook uma URL fácil de usar para que seus leitores façam perguntas.
  • O Sahan Journal criou artigos em quatro idiomas diferentes, respondendo e convidando a fazer perguntas sobre o coronavírus.

O engajamento não é um produto, é um processo. Você entra em contato repetidamente para informar suas reportagens. E você nunca termina, porque a notícia nunca acaba.

É assim que identificamos quais notícias precisam ser cobertas, quando e como. É assim que encontramos novas vozes para incluir em nossa cobertura. É assim que ficamos de olho no que é importante agora e no que será importante nas próximas semanas. E isso é o que praticamente todos os outros setores fazem para garantir que o que estão fazendo seja relevante e útil para as pessoas para as quais estão fazendo!

Neste momento, as redações precisam estar prontas para:

  • Descubrir as necessidades de informação mais urgentes de suas comunidades
  • Entrar em contato com os grupos que não têm usado como fontes regulares
  • Projetar uma cobertura impactante em resposta às suas necessidades de informação

[Leia mais:Soluções podem dar fôlego ao jornalismo, inclusive ambiental]

Acenda velas em vez de amaldiçoar a escuridão

As redações devem continuar a descobrir os problemas ― isso é vital. É igualmente importante escrever sobre como as pessoas estão respondendo a esses problemas de maneiras resilientes, novas e eficazes. Claro, seu público quer saber o que há de errado, mas também quer entender o que pode ser feito sobre isso, quem está conseguindo progresso, que lições podem tirar daqueles que resolveram até mesmo uma pequena parte de um grande problema. Este é o jornalismo de soluções: a prática de filtrar o ruído para encontrar possíveis sementes de como seguir em frente.

Em outras palavras, as necessidades de informação do seu público não param na identificação de problemas.

Aqui estão mais algumas verdades que vimos repetidamente:

As pessoas querem enfrentar grandes problemas, mas com esperança. As pessoas que estão passando por um problema já sabem o que há de errado. Elas querem saber o que pode ser feito a respeito. Isso não significa que os jornalistas irão ou devem decidir quais devem ser as soluções. Podemos perguntar "Quem está fazendo melhor" e relatar os modelos que nossas comunidades devem considerar enquanto trabalham para seguir em frente.

O jornalismo de soluções pode ter um grande impacto. A reportagem investigativa tradicional geralmente revela novos problemas. As histórias investigativas de soluções abordam problemas bem conhecidos e perguntam: Tem que ser assim? O que pode ser possível? O que outras cidades/ estados/bairros estão fazendo? Que resultados obtiveram? O jornalismo de soluções permite que as pessoas trabalhem para corrigir problemas que as instituições não conseguiram.

  • No ano passado, por exemplo, a cidade de Cleveland finalmente aprovou uma lei histórica para ajudar a prevenir o envenenamento por chumbo na infância, depois que o Cleveland Plain Dealer passou anos esclarecendo não apenas o que estava errado, mas como outras cidades conseguiram manter suas taxas de envenenamento muito mais baixas.
  • No Seattle Times, o projeto inovador do Laboratório de Educação ajudou a mudar as políticas estaduais e locais quando se trata de disciplina escolar e educação de superdotados.

O jornalismo de soluções também é um processo, não um projeto. Você não para de relatar uma prática promissora, mas continua procurando por outras — e depois volta para ver o que funcionou e o que não funcionou. Se um esforço continuar a funcionar, ótimo. Se estiver falhando, as pessoas também precisam saber disso.

Neste momento, as redações devem:

  • Determinar quais vozes precisam ser ouvidas e elevá-as. Isso significa ter certeza de que estão falando com as pessoas afetadas por um problema e não deixar que outras pessoas definam os desafios que enfrentam.
  • Examinar as respostas propostas com uma lente de soluções, procurando evidências de que podem fazer a diferença.
  • Descobrir os principais insights que irão impulsionar o progresso e, ao mesmo tempo, reconhecer as limitações.

Fazendo isso acontecer na sua redação

Como exatamente essas organizações de notícias estão criando uma cobertura que descubra o que o público mais precisa saber e identifique possíveis maneiras de resolver os desafios que enfrentam?

Criamos uma lista de verificação [checklist] de 16 etapas que descreve as etapas que nossos parceiros estão realizando em relação ao engajamento e reportagem de soluções. Qualquer pessoa, em qualquer nível de autoridade na redação, pode usar esta lista de verificação para criar uma cobertura relevante que gere impacto.

Criamos um arquivo de duas páginas, fácil de usar, para download, para você usar enquanto desenvolve sua estratégia de cobertura.

Baixe sua 'checklist' aqui

O ano de 2020 foi uma torrente de notícias, e pode parecer que você está se afogando em ângulos para cobrir. Considere este um bote salva-vidas, construído com a ajuda de sua comunidade, para se manter à tona e traçar seu curso adiante.


Linda Shaw é diretora editorial da Solutions Journalism Network. Bridget Thoreson trabalha com insights do setor e estratégias de engajamento com a Hearken.

Este artigo foi publicado originalmente pela Solutions Journalism Network em seu blog. Foi republicado na IJNet com permissão.

Imagem principal com licença CC pela Unsplash via Kelly Sikkema.