Língua de sinais é usada para combater desinformação sobre saúde na África

Feb 23, 2024 em Combate à desinformação
A man signing "help" in sign language.

A Nigéria teve um aumento vertiginoso de desinformação sobre saúde durante a pandemia de COVID-19. A disseminação de conteúdo falso enfraqueceu os esforços para controlar o contágio do vírus.

Reconhecendo essa tendência alarmante, a jornalista multimídia Zainab Oyiza Sanni e o repórter freelance Olakunle Mohammed lançaram o veículo de verificação de fatos News Verifier Africa. "Quando Mohammed e eu concebemos o veículo em maio de 2020, começamos como uma página nas redes sociais em resposta à onda de desinformação relacionada à pandemia na Nigéria especificamente", diz Sanni.

Embora satisfeitos com o trabalho, os dois logos perceberam que pessoas com deficiências auditivas nem sempre conseguiam acessar o conteúdo – ou as notícias em geral. "O que nos inspirou foi uma interação que tive com amigos surdos que se sentiram excluídos quando contei a eles sobre o podcast e o programa de rádio que a minha equipe estava produzindo para combater a desinformação sobre a COVID-19", diz Sanni.

Para lidar com esse vácuo, em 2021, Sanni e Mohammed lançaram um novo programa chamado Kudi, que usa um personagem animado para apresentar as checagens de fatos na linguagem de sinais. A equipe por trás do Kudi passa horas vasculhando matérias de plataformas de verificação de fatos como Dubawa, PesaCheck, Africa Check, dentre outras, para divulgar seus esforços de verificação.

Desenvolvendo o Kudi

O News Verifier Africa participou, em 2023, do LEAP, laboratório de inovação do ICFJ. A experiência com o programa ajudou a equipe a desenvolver mais tarde o Kudi e a reformular o site do veículo para incluir recursos de acessibilidade, como ferramentas de conversão de texto em áudio e de legibilidade.

"Sempre tivemos uma ideia sobre como tornar as checagens mais acessíveis, mas não tem um jeito específico de se fazer isso. O programa nos ajudou a ter uma abordagem específica para a questão e a refinar nossos objetivos gerais na direção de algo mais específico", diz Sanni.

Depois de gerar muitas ideias para desenvolver o produto, eles pediram opiniões de seu público-alvo formado por pessoas com deficiência para garantir que os esforços atendessem às necessidades delas. Depois, entraram em contato novamente com a audiência para que as pessoas opinassem sobre a versão finalizada do personagem animado.

"Conseguimos conscientizar mais de 600 membros da Associação de Surdos de Abuja sobre a desordem de informação e letramento de mídia. Envolvemos várias partes interessadas da Nigéria e estimulamos o interesse na verificação de fatos", diz Sanni.

Impactos e futuro

O retorno dos jornalistas tem sido positivo.

Hamzat Abaga, do Centro de Educação e Mídia Inclusiva, foi encorajado pelos esforços do Kudi a alcançar pessoas com deficiência. "A desinformação é perigosa e quem mais sofre com ela é quem tem deficiência", diz. "Ao revelar as verdades por trás de afirmações falsas sobre saúde para pessoas com deficiência auditiva, o projeto é vital para promover a inclusão na mídia nigeriana."

Sanni diz que o próximo passo planejado é realizar oficinas de capacitação para pessoas com deficiência auditiva sobre letramento de mídia e verificação de fatos.

"Essa iniciativa tem a tendência de impulsionar o jornalismo africano adiante na direção do objetivo necessário de verdade, transparência e inclusão informativa para todos", diz Simbiat Bakare, redatora do Dubawa.


Foto por RDNE Stock project.