Mais um dia, mais uma ferramenta nova. Diariamente nós ouvimos falar de um novo aplicativo, dispositivo, plataforma. Se você é como eu — alguém que acompanha constantemente as últimas tendências de tecnologia — você deve se sentir sufocada com tudo isso.
Eu uso muitas ferramentas para melhorar minha produtividade e otimizar a produção de conteúdo.
Sendo jornalista em atividade, você deve testar essas ferramentas? Elas vão te ajudar a redigir uma matéria melhor ou vão gastar seu tempo enquanto você tenta descobrir como elas funcionam? Talvez elas até ofereçam um risco à segurança?
Eu me debato com essas questões ao utilizar ferramentas digitais, mas ainda acredito que os benefícios são maiores que os riscos potenciais.
Segue abaixo uma lista com algumas das ferramentas que me tornaram uma escritora, autora e contadora de histórias melhor:
- Drafts: Eu uso esse aplicativo para esboçar meus textos antes de publicá-los. Eu amo o fato de que ele pode ser sincronizado com todos os meus aparelhos da Apple. Eu uso a versão gratuita, que é mais do que o suficiente pra mim.
- Apple Notes: Eu uso o meu iPhone Notes para guardar minhas ideias. Crio pastas, e sempre que surge uma inspiração, eu paro e anoto meus pensamentos imediatamente antes de eu me esquecer deles. Este é um aplicativo nativo que vem com todos os dispositivos Apple.
- Airtable: Esta está mais para uma ferramenta de organização do que de escrita, mas me ajuda a planejar meu conteúdo nas redes sociais e me certificar de que tenho algo para publicar todos os dias. Eu uso a versão gratuita.
- Readwise: Eu uso essa para salvar threads do Twitter e trechos de livros no meu Kindle que tenho a intenção de fazer referência na hora de escrever. Eu invisto na versão paga para uma melhor integração entre todos os dispositivos de mídia.
- Scrivener: Eu utilizei esta ferramenta para escrever meu segundo romance e foi incrível. Ela me ajudou a planejar os capítulos, manter um registro das descrições físicas dos meus personagens e organizar meu processo de pesquisa. Ela também é boa para jornalistas e escritores que estão trabalhando em livros de não-ficção. A ferramenta é paga.
- Happy Scribe: Esta ferramenta transcreve mensagens de áudio, especialmente se você recebe respostas neste formato das suas fontes via WhatsApp — outro aplicativo que muitos jornalistas estão usando bastante atualmente. A ferramenta é paga e a cobrança é feita com base em créditos.
Otimizadoras de produtividade ou distração?
Enquanto algumas pessoas como eu aclamam os benefícios dessas ferramentas, outras são mais céticas.
Jackie Spinner, professora de jornalismo na Columbia College Chicago, diz que embora ela use algumas ferramentas digitais para suas reportagens, "a tecnologia pode falhar" e algumas dessas ferramentas "podem te desacelerar quando você está com prazo apertado."
"Eu gosto da existência dessas ferramentas e eu realmente acho que muitas delas podem simplificar o processo, particularmente para o jornalismo de formato longo. Mas há lugares no mundo onde armazenamento e transferência de dados em nuvem não funcionam tão bem como nos países desenvolvidos", diz Spinner à IJNet.
Ela acrescenta que essas ferramentas nem sempre são seguras. "Eu uso minha própria taquigrafia nos meus cadernos. Ninguém pode adivinhar esse código."
Com relação a isso, Spinner aconselha jovens jornalistas a fazerem notas escritas à mão se estiverem trabalhando na rua. Embora gravações em áudio possam ser bons backups, "elas não são um substituto para notas escritas à mão se isso for possível".
À medida que mais jornalistas produzem conteúdo multimídia, eles precisam aprender como capturar áudio, imagem e vídeo de mais qualidade. Quando ela está trabalhando em documentários, Spinner usa principalmente ferramentas por assinatura, como Otter (para mensagens de áudio), Temi e Rev (ambas para transcrição). Para design, ela usa o Canva.
Ainda que as ferramentas descritas acima possam ajudar a facilitar ou melhorar aspectos do seu trabalho, Spinner observa que elas não vão servir de nada se não melhorarmos as questões fundamentais que afligem o jornalismo hoje.
Em um mundo ideal, ela diz que criaria um modelo mais sustentável de jornalismo que ofereça licença parental, salário digno e um futuro promissor para jovens jornalistas. Na verdade, há muitas coisas que ela faria que não têm nada a ver com tecnologia.
"Todas as ferramentas da área vão ficar obsoletas se não consertarmos este modelo de jornalismo que não funciona mais e que criou desertos de notícias em grandes áreas do país", diz Spinner. "Os leitores vão perdoar nossos erros de gramática. Eles não nos perdoam por problemas de credibilidade ou negligência na reportagem."
Foto por Garrhet Sampson no Unsplash.