Há muitas boas razões para jornalistas no mundo todo trabalharem e fazerem reportagens em inglês, mesmo que esta não seja sua língua materna. Muitas publicações dos Estados Unidos e do Reino Unido têm um orçamento maior para matérias internacionais, e artigos em inglês podem alcançar uma audiência maior.
Porém, escrever em um segundo idioma pode ser desafiador, frustrante e desencorajador. "O jornalismo não esteve no meu radar por muito tempo. Na minha cabeça, eu 'decidi' que provavelmente não tinha chance de conseguir um emprego por não ser falante nativa de inglês", diz Kitti Palmai, freelancer húngara que mora na Inglaterra há 16 anos.
Graduada em administração, Palmai decidiu deixar o trabalho em tempo integral há três anos para seguir a carreira na mídia por meio de webinars, masterclasses, grupos em redes sociais e livros. Desde então ela se matriculou na London School of Journalism e escreveu para veículos nacionais e internacionais, incluindo BBC, VICE e Insider.
Apesar de Palami acreditar que são mais baixas as chances de uma pessoa que não é falante nativa conseguir um emprego em tempo integral em uma redação que fala inglês, as suas habilidades bilíngues e culturais a ajudaram. "Isso te permite fazer matérias sobre eventos acontecendo no seu país e questões que um falante nativo nunca pensaria a respeito", diz. "[E] fontes estrangeiras cujo inglês não é excelente se sentem mais confiantes falando com uma pessoa que não é falante nativa. Elas se sentem mais compreendidas e não se sentem julgadas por causa de suas habilidades linguísticas. Isso cria uma afinidade."
A jornalista Sofia Lotto Persio é italiana e mora em Londres, onde é editora-assistente da Forbes há quase três anos e trabalha escrevendo em inglês há oito. O preconceito continua sendo um obstáculo, ela observa. "Um nome estrangeiro no seu currículo, um sotaque que não é nativo, tudo isso pesa contra quando você tenta progredir na carreira ou conseguir aquele primeiro emprego super importante." Mesmo assim, ela concorda que não ser uma falante nativa pode ter suas vantagens. "Você consegue entender outras pessoas que não são falantes nativas melhor do que os nativos. E consegue também ser mais original nas suas expressões ou descrições por causa das suas diferentes referências linguísticas e perspectivas."
Mesmo se você não consegue se expressar da mesma maneira que o faria em sua língua materna, Lotto Persio explica, não significa que você não pode ser um bom comunicador.
Além disso, se você quer melhorar suas habilidades de escrita em inglês e lapidar seus textos antes de enviá-los a um editor, há uma quantidade crescente de ferramentas digitais, aplicativos e recursos que podem ajudar. Confira algumas sugestões:
Para expandir o vocabulário
O Merriam-Webster Thesaurus e o site thesaurus.com são ótimas fontes para encontrar sinônimos. Você também pode conferir as definições na seção de dicionário de ambos caso esteja em dúvida sobre qual palavra usar. "Eu sou muito grata por [cada] aplicativo de dicionário/dicionário de sinônimos disponível", diz Lotto Persio. "O trabalho seria muito mais difícil sem a possibilidade de dar uma olhada rápida em uma expressão ou definição com essa facilidade!"
O dicionário bilíngue WordReference tem um fórum no qual os usuários podem fazer perguntas relacionadas a traduções e obter sugestões e respostas de forma colaborativa, o que é extremamente útil.
Verificação de ortografia e gramática
O Grammarly é obrigatório para evitar erros de digitação. Ao usar a versão gratuita do aplicativo, que pode ser adicionada como uma extensão do Word ou do navegador, você pode detectar e corrigir palavras com erros de ortografia e erros gramaticais ou de pontuação. Porém, a análise gramatical, que foi construída com inteligência artificial, pode não ser perfeita o tempo todo.
"O Grammarly é ótimo para checar erros de digitação e [para] erros gramaticais básicos, mas ele nem sempre está certo", diz Palmi. A versão Premium oferece sugestões de tom e estilo.
Melhoria da facilidade de leitura
No jornalismo, escrever corretamente não é o bastante. Você precisa também ser claro, conciso e fluente.
O aplicativo Hemingway facilita a análise e a melhoria da facilidade de leitura das suas matérias. A ferramenta destaca estruturas textuais que não estão muito claras, erros gramaticais, uso excessivo de advérbios, voz passiva e ainda destaca frases mais difíceis de ler para te ajudar a encontrar alternativas mais simples.
O Wordcounter é outro recurso válido: este editor online informa o nível de escolaridade que uma pessoa precisa ter para entender as palavras do seu texto.
Reestruturação de frases
Jeremy Caplan, diretor de ensino e avaliação na Newmark J-School, explicou na edição de novembro de sua newsletter Wonder Tools que a WordTune é uma ferramenta que usa inteligência artificial para te ajudar a encontrar formas alternativas para reescrever frases. A versão gratuita fornece até 20 sugestões por dia e está disponível também como uma extensão do Google Chrome.
Foto por Jason Dent no Unsplash.