Parabéns, você vai cobrir uma conferência! Talvez você esteja indo como enviado pelo seu editor ou esteja participando através de uma bolsa ou de um programa de formação.
Eu tive sorte o bastante de explorar vários países e assuntos por meio de conferências e posso dizer com confiança que elas fazem você se sentir um jornalista melhor — se você encará-las com inteligência.
A seguir estão alguns conselhos que compilei a partir da minha experiência recente na Conferência de Pesquisa para Prevenção do HIV (HIVR4P) em Lima, no Peru:
Prepare-se
Embora jornalistas saibam lidar bem com o inesperado, provavelmente você vai ficar perdido se tentar improvisar o trabalho em uma conferência. Isso é especialmente verdade se você for freelancer ou se tiver um editor que demora para aprovar sugestões de pauta.
A HIVR4P foi a primeira conferência para a qual eu dediquei tempo significativo antecipadamente para entender a programação e o que eu planejava cobrir. Por exemplo, eu vi na programação alguns palestrantes do Canadá, o que me levou a entrar em contato com uma publicação canadense que cobre HIV com a qual eu já havia trabalhado para cobrir a apresentação. A palestra, que não gerou muito o que falar, normalmente teria passado despercebida por mim, mas acabou sendo uma sessão ideal para cobrir para este cliente.
Nesse caso, fez toda a diferença o fato de eu ter clareza sobre o que eu planejava acompanhar. Também me ajudou a não me sentir culpada por perder palestras que não se encaixavam no meu planejamento.
Tenha foco
Você não precisa cobrir tudo em uma conferência — mesmo se você tentasse, não conseguiria. Prepare-se focando em certos assuntos, pessoas e sessões.
Por exemplo, antes de participar da HIVR4P eu estava interessada em escrever uma matéria sobre como gestantes e lactantes são incluídas em pesquisas. Mas, apesar das muitas tentativas de vender uma pauta sobre o assunto, nenhum dos meus editores aceitou. Por isso, apesar de eu ter monitorado o tema na conferência, não fiz dele uma prioridade para acompanhar em profundidade.
Bijan Farnoudi, diretor de comunicação e relações públicas na International AIDS Society, apoiou jornalistas como eu durante a HIVR4P, ajudando a agendar entrevistas, organizar cursos, dentre outros. Ele recomenda que jornalistas tenham um planejamento firme sobre quem eles gostariam de entrevistar e quais sessões gostariam de cobrir. "Seja você um jornalista ou participante, pode ser absolutamente intenso [querer cobrir tudo], e você simplesmente precisa fazer um roteiro", diz.
Descubra a magia
Apesar de a preparação te levar longe, ser flexível vai enriquecer a sua experiência. "A mágica acontece quando você encontra o ponto ótimo entre estar superpreparado, ter um roteiro, participar de todas as sessões que você quer ver e permitir que a conferência flua livremente", diz Farnoudi.
A beleza das conferências é que normalmente há um cardápio vasto de informações de fácil acesso. Uma variedade de especialistas de diferentes áreas e organizações estão todos no mesmo espaço e normalmente estão receptivos para interagir com você. Fale com eles na pausa para o cafezinho e talvez você consiga uma entrevista em questão de minutos, sem muita cerimônia.
Esse nível de disponibilidade significa que você também precisa ter inteligência para agarrar oportunidades inesperadas. Pergunte aos participantes da conferência o que eles acham interessante. Aproveite os tesouros escondidos em sessões com formato de perguntas e respostas — por exemplo, quando um participante pergunta como os resultados discutidos em uma sessão podem estar relacionados a algum outro assunto. Há pautas por toda parte!
"Há outras coisas escondidas nas entrelinhas que podem se aplicar aos seus leitores e à sua audiência, ou coisas que você acha que não estão recebendo a atenção devida", diz Juan Michael Porter II, diretor sênior do TheBody.com, do TheBodyPro e apresentador do podcast da International AIDS Society. Se vários outros jornalistas estão focando em uma pauta de muita repercussão, considere buscar algo mais nichado, ele orienta. "Se você vir todo mundo indo atrás de algo, eu diria para você evitar fazer o mesmo."
Não se limite a cobrir; relacione-se
Algumas pessoas podem achar tediosa a cobertura de uma conferência em comparação com outros ambientes de trabalho jornalístico ou argumentar que você pode deixar de participar da conferência para ouvir a gravação das palestras depois. Mas uma gravação nunca pode substituir a imersão propiciada pelo tempo que se passa presencialmente com grandes especialistas.
"Uma grande parte disso é simplesmente conexão humana, as conversas na pausa para o café ou os passeios no final do dia no caminho de volta para o hotel", diz Farnoudi. "Esse tipo de conexão pessoal pode abrir uma porta que você não fazia ideia que existia."
Participar presencialmente de uma conferência pode ajudar a construir conexões para o futuro, incluindo com outros jornalistas. Por exemplo, na HIVR4P eu conversei com vários jornalistas que me colocaram em contato com seus editores e me apresentaram a outras oportunidades profissionais. Há pessoas que conheci em conferências com as quais ainda falo regularmente e que se tornaram colegas e até mesmo amigas. Um editor que conheci em uma conferência em 2014 se transformou no meu editor regular quase uma década depois!
Vá embora com algo útil
As conferências me apresentaram áreas de trabalho inteiramente novas e conexões profissionais. Elas me permitiram viajar o mundo e conhecer pessoas incríveis.
Se você tiver a oportunidade de participar de uma, certifique-se de tirar o máximo proveito e sair do evento com o máximo de pautas, memórias e conexões possíveis.
Foto por Mikael Kristenson via Unsplash.