As redes sociais são hoje um dos principais meios pelos quais as pessoas acessam notícias, fazendo com que jornalistas dependam dessas plataformas para chegar a audiências maiores e a novos leitores. Como resultado, jornalistas precisam considerar em um estágio inicial do processo editorial qual a melhor maneira de apresentar seu conteúdo nas redes sociais, bem como quais plataformas sociais usar.
Este objetivo se torna ainda mais difícil porque o cenário das plataformas de redes sociais está em mudança constante. Mais recentemente, a maior mudança é a pergunta sobre qual plataforma – se é que há uma – pode substituir o X, anteriormente conhecido como Twitter. O X, que por muito tempo tem sido um suporte importante para jornalistas fazerem conexões, acompanharem notícias em tempo real e encontrarem fontes, mudou consideravelmente desde que foi adquirido por Elon Musk em outubro de 2022. Desde a aquisição, muitos recursos passaram a ser pagos, como o selo azul, o que significa que uma é verificada, levando muitas pessoas a deixarem a plataforma.
Em resposta a essa situação, outras empresas estão desenvolvendo concorrentes ao X, sendo o recente lançamento do Threads pela Meta o mais notável deles. A Meta, que também é dona do Facebook e do Instagram, conecta o Threads à conta dos usuários no Instagram, e importa os seguidores e quem eles já seguem nesta rede. Quando foi lançado, o Threads se tornou "o aplicativo baixado mais rapidamente de todos os tempos", de acordo com o New York Times, com mais de 30 milhões de downloads em 16 horas.
Durante um painel em julho na conferência da Asian American Journalists Association, os participantes explicaram como as empresas podem se adaptar a novas plataformas sociais como o Threads. Varoon Bose, diretor de conteúdo social do Bleacher Report, Mark Kim, gerente sênior e engajamento social do The Athletic, Hayden Kim, gerente de programação social do Bleacher Report, e Pranav Iyer, fundador do AMAZNHQ, plataforma que destaca atletas asiático-americanos, falaram sobre a utilidade do Threads para jornalistas, o que eles devem considerar caso entrem para a plataforma e a necessidade de se adaptar aos cenários mutáveis das redes sociais.
Jornalistas devem usar o Threads?
Embora os panelistas concordem que vale a pena testar o Threads, eles também afirmaram que ainda não está claro qual seria o lugar dele no cenário vasto das redes sociais.
"Você pode se esforçar um pouco para usá-lo. A partir daí, é basicamente experimentar ter contato com o trabalho na plataforma e entender o que a Meta está oferecendo", disse Mark Kim. "Ser capaz de entender como é a audiência e como ela responde a certas coisas e como outros criadores na plataforma já estão agindo" é fundamental.
Hayden Kim disse que muitas empresas estão adotando uma abordagem "esperar para ver" com o Threads, testando a rede social ao mesmo tempo em que reconhecem que o uso dele talvez seja passageiro. Jornalistas não devem se preocupar se uma plataforma nova vai fracassar, disse Hayden Kim. Em vez disso, eles devem "ir onde a audiência está", testando novas plataformas enquanto o público estiver presente nelas.
Este conselho é especialmente válido para veículos menores, já que adotar novas plataformas no começo "é o momento mais certeiro para criar uma audiência grande", disse Iyer. No caso das redações pequenas, é melhor chegar "o mais cedo que você puder e construir do zero", disse.
Adaptando-se às mudanças
O Threads é apenas a nova plataforma social mais recente, mas certamente não será a última. "Tudo está mudando o tempo todo", disse Hayden Kim. "As plataformas estão mudando, os algoritmos estão mudando." Por isso, o principal desafio dos usuários é se adaptarem a essas mudanças.
Para descobrir qual conteúdo tem um bom desempenho, os participantes recomendaram observar o conteúdo orgânico de "criadores nativos" ou aqueles que estão postando por si próprios em vez de em nome de uma empresa, pois o que eles produzem pode revelar o que funciona melhor em uma determinada plataforma.
Além disso, eles sugeriram obter inspiração de contas que não são apenas de sua área de atuação. Bose recomenda "olhar o conteúdo de outras pessoas e pensar: 'ok, qual o jeito de eu adaptar isso pra mim?'" Esse método pode ajudar a gerar inovação e criar conteúdo mais interessante.
A necessidade de se adaptar à medida que as plataformas crescem e mudam fica mais difícil com o fato de que cada plataforma é ligeiramente diferente. O que funciona no Facebook não vai ser igual ao que funciona no TikTok. "O principal ponto que eu tento enfatizar para todo mundo é adaptar sua marca à plataforma", disse Mark Kim.
Mark Kim também destacou que abraçar a filosofia de uma plataforma não é garantia de que o conteúdo criado seja autêntico para você ou para o seu veículo. "Há um modo de ser capaz de se divertir e se voltar para tolice do TikTok e ao mesmo tempo ser capaz de entregar seu conteúdo de uma forma que seja autêntica, esteja você postando de sua conta pessoal ou fazendo isso para uma empresa", disse.
À medida que as redes sociais continuam se expandindo e evoluindo, elas permanecem como um lugar importante tanto para jornalistas quanto para veículos compartilharem seu trabalho. Por isso, jornalistas precisam continuamente estarem cientes do que "funciona" enquanto plataformas mudam e outras novas surgem, independentemente do sucesso ou fracasso de uma plataforma específica, como o X ou o Threads.
Foto por Fachrizal Maulana via Unsplash.
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