Implementar uma estratégia no YouTube pode ser uma forma surpreendentemente eficaz para organizações jornalísticas atingirem um grau de sustentabilidade financeira.
"Uma das principais fontes de consumo de notícias no mundo é o YouTube", disse a estrategista de marketing e negócios Adriana Peña Johansson durante um webinar do Fórum de Reportagem de Crises Globais do ICFJ realizado recentemente. "O Facebook está se distanciando das notícias e os usuários estão consumindo menos conteúdo jornalístico por lá."
Johansson foi acompanhada por Talha Ahad, fundador e CEO do The Centrum Media (TCM), veículo independente do Paquistão. Durante um curso com Johansson no ano passado durante o programa Elevate, do ICFJ, Ahad desenvolveu habilidades de engajamento no YouTube, as quais ele usou para melhorar o alcance do conteúdo do TCM.
Embora jornalistas não precisem de um conhecimento vasto para começar, é essencial entender como o YouTube funciona. A seguir estão algumas dicas sobre como desenvolver uma estratégia de jornalismo no YouTube.
O apelo do YouTube
Metade dos usuários dos EUA assistem vídeos online diariamente, e mais de 90% dos usuários de internet no mundo assistem vídeos pelo menos uma vez por semana. Jornalistas devem desenvolver uma estratégia para alcançar essas audiências em plataformas de vídeo, disse Johansson.
Diferentemente do Facebook, que recentemente mudou de tática para focar menos em notícias, o YouTube está priorizando esse tipo de conteúdo, explicou Johansson. "O YouTube fez muito esforço com parceiros jornalísticos para entender quais são as necessidades específicas do conteúdo noticioso."
"Vídeos curtos e longos são os formatos que mais crescem em popularidade nas redações", acrescentou, observando que o YouTube é o lugar ideal para hospedar esse tipo de vídeo. "O YouTube oferece monetização mais rápida que outras redes sociais, tem barreira de entrada baixa e o custo para começar é relativamente baixo."
No TCM, Ahad mudou o foco da redação do Facebook para o YouTube. Ele disse que a plataforma de vídeos tem espaço para mais conteúdos perenes de longo formato que não vão se perder no feed. As redações também podem postar trechos curtos de seu conteúdo em outras plataformas como o TikTok e o Instagram para ajudar a afunilar o tráfego e direcioná-lo para vídeos mais longos no YouTube.
Esses vídeos mais curtos podem ajudar a gerar uma audiência fiel, acrescentou Johansson, apesar de as plataformas nas quais eles são veiculados oferecerem menos potencial de monetização do que o YouTube.
Servindo a audiência
Saber como sua audiência prefere consumir conteúdo em vídeo pode orientar estratégias para impulsionar o engajamento. O YouTube oferece múltiplos formatos para os usuários, incluindo vídeos curtos, vídeos longos, vídeos ao vivo e podcasts.
Johansson disse que entre os tipos de conteúdo mais populares na plataforma estão os debates e painéis, eventos com cobertura em tempo real, conteúdos explicativos e documentários. O público encontra esses vídeos de formas variadas: usando o recurso de busca do YouTube, assinando canais, seguindo as sugestões da plataforma de vídeos similares ou pelo acesso a conteúdos via redes sociais.
Publicar conteúdo que repercuta com a sua audiência pode ajudar a criar uma comunidade forte, segundo Ahad. A equipe dele criou canais de nicho que agradam interesses diversos e publicou séries sobre história e política em formato longo que têm sido especialmente populares.
Ao avaliar o impacto do seu conteúdo em vídeo, considere primeiro as visualizações, sugeriu Johansson. As outras métricas vêm depois. "O número de assinantes e de visualizações médias não cresce na mesma proporção. Você deve considerar os assinantes, mas o que mais importa são as suas visualizações, não os assinantes", disse.
Crescimento do canal
Usar todo o potencial do YouTube requer saber "como alimentar o monstro", disse Johansson. Jornalistas devem recorrer à análise de métricas para orientar as decisões editoriais no YouTube.
"O YouTube pode ser uma plataforma bastante orientada a dados. Se você sabe como entender esses dados no dia a dia, então você pode realmente otimizar o seu canal", disse.
Quanto mais os usuários interagem com o seu conteúdo, mais ele vai ter um bom ranqueamento perante o algoritmo do YouTube, continuou Johansson. "O YouTube mede o interesse da audiência por meio de cliques nos vídeos; engajamento por meio de comentários e compartilhamentos; e satisfação via curtidas. Quanto melhor o seu conteúdo se sai nessas métricas, mais o YouTube vai promovê-lo aos usuários.
As redações também devem ir além do painel de métricas do YouTube. "Os dados de análise do YouTube são um universo completo de insights, mas você precisa cavar mais fundo", disse. Ferramentas pagas, como a vidIQ, podem sugerir palavras-chave que você pode usar para impulsionar o engajamento e também mostrar o desempenho dos seus concorrentes na plataforma para fins de comparação.
Uma miniatura de vídeo que seja atraente e coerente com o conteúdo do vídeo também pode alavancar o ranqueamento do vídeo no algoritmo do YouTube e ajudar a trazer mais público.
Por fim, acompanhar os dados gera alcance e impacto. "Tenha a mente aberta ao trabalhar com vídeo", disse Johansson. "Trata-se de conseguir atenção, e saber o que você está fazendo te dá muito mais informação que pode ajudar a criar um canal melhor.
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