Não faltam ferramentas digitais e técnicas que você pode usar para melhorar suas matérias — desde identificar pautas, coletar e analisar dados a compartilhar seu conteúdo de forma mais eficaz com um público-alvo. Dentro de todos nós há um nerd que podemos assumir para atingir esses objetivos. Saiba como.
Identifique a sua audiência
Identificar sua audiência é um primeiro passo fundamental na hora de começar a escrever. Entender para quem você está escrevendo ajuda a encontrar pontos de interesse dos seus leitores e formas mais eficientes de moldar a sua reportagem. Por exemplo, seus leitores gostam de analisar gráficos de negócios? Eles preferem ler textos longos? Ou consumir notícias em vídeo?
Examinar as métricas das redes sociais do veículo onde você trabalha vai oferecer insights valiosos sobre sua audiência. Você pode encontrar grupos demográficos de leitores e identificar grupos etários que acompanham tipos diferentes de posts, bem como de onde seus seguidores são.
O Facebook oferece essas métricas, mas o Twitter, não. O Followerwonk é uma ferramenta que fornece dados sobre a sua conta do Twitter e também de seus concorrentes (não é necessário que você seja o proprietário da conta). Ele te dá informações sobre a distribuição geográfica e o grupo etário dos seus seguidores.
Eu prefiro usar o Buffer, pois ele apresenta dados sobre a audiência das contas de redes sociais que você conecta ao serviço. A imagem abaixo mostra o Buffer apresentando dados sobre a audiência de uma das páginas que eu administro.
Não há uma solução única para todo mundo. Notícias sobre a COVID-19, por exemplo, podem interessar uma audiência maior, mas pode haver variações dentro disso. Alguns leitores podem preferir pesquisas abrangentes e estatísticas, enquanto outros podem preferir saber de taxas de infecção ou tendências. Identificar sua audiência pode ajudar você a produzir o que ela está procurando, tanto no formato quanto no conteúdo.
[Leia mais: SEO para jornalistas: Como aplicá-lo na rotina da redação]
Vá fundo nos dados
Historicamente, os jornalistas impulsionaram o interesse do público por certas questões e assuntos. Hoje, porém, um grande número de veículos e leitores são criadores de conteúdo na mesma medida em que também são consumidores de conteúdo. Os jornalistas devem monitorar essas tendências atuais como uma forma de medir o interesse da audiência.
O CrowdTangle é uma ferramenta que ajuda a monitorar assuntos populares nas redes sociais, conforme categorias como publicação e o tipo de conteúdo. Ele fornece dados sobre o grau de interação, incluindo comentários e compartilhamento. A imagem abaixo, por exemplo, mostra os tópicos populares sobre a COVID-19 no Egito.
Quando eu era editor no Yahoo Maktoob, eu gastava minhas manhãs monitorando e analisando vários indicadores-chave para me ajudar a determinar a matéria com melhor desempenho para colocar na primeira página do site para milhões de visitantes verem. Eu então monitorava o engajamento que ela gerava. Quando não atingimos o objetivo, trocávamos a matéria principal.
Alguns dos indicadores que nós monitorávamos e analisávamos eram:
- Hashtags mais populares no Twitter nos países de interesse
- Vídeos mais populares no YouTube nos países de interesse
- Assuntos mais lidos em sites internacionais como BBC, Sky News e Alhurra
- Assuntos diários mais lidos no nosso site
- Assuntos com mais interação nos nossos perfis nas redes sociais
- Páginas do site com mais tempo de leitura
- Assuntos diários menos lidos no nosso site
- Assuntos com menos interação nos nossos perfis nas redes sociais
- Páginas do site abandonadas pelos leitores após poucos momentos de navegação
Você pode medir, fazer testes, analisar, seguir e conectar esses indicadores uns aos outros frequentemente através do Google Analytics. Isso pode te ajudar a entender quais assuntos vão ter mais apelo para uma audiência mais ampla e quais podem já não ter mais tração. Tente fazer testes A/B com manchetes para saber qual chama mais atenção dos leitores.
[Leia mais: Como usar dados para entender as necessidades dos leitores]
Faça uma pesquisa de palavras-chave
O Google Trends é uma ferramenta que ajuda a explorar assuntos populares por país ou até mesmo em partes de uma cidade. Antes da sua reunião de pauta diária, você pode verificar o que é popular na sua região ou em lugares que atendam uma fração grande da sua audiência.
Se você está interessado em uma questão ou causa específica, você deve ativar os Alertas do Google ou assinar o Talkwalker. Essas ferramentas permitem que você crie alertas de palavras-chave diários ou semanais, e você pode recebê-los por email. O Talkwalker também oferece dados sobre o que foi publicado a respeito da palavra-chave e se ela foi mencionada em matérias ou nas redes sociais.
Palavras-chave também ajudam a identificar assuntos que são de interesse da audiência. Se você usa o Google Chrome, você pode adicionar extensões como a Keyword Everywhere, que mostra uma linha de tendência sobre a popularidade de uma palavra quando você a pesquisa no Google. Ela também mostra outras palavras relacionadas pesquisadas pelas pessoas. Se você pesquisar "corona", por exemplo, buscas relacionadas aparecem, como "tipos de vacina", "corona na Índia" e "fungo negro". As buscas relacionadas podem dar outras sugestões de assuntos para as suas matérias.
Minha ferramenta favorita para saber as palavras-chave associadas aos interesses da audiência é a Keyword Tool, que dá resultados com base nas redes sociais do seu veículo e no Google. A imagem abaixo mostra as perguntas mais pesquisadas no Google, em árabe, sobre a COVID-19.
Entender as palavras-chave e a escala do alcance delas não ajuda apenas a orientar a escolha dos assuntos sobre os quais escolhemos escrever a respeito — também nos ajuda a criar conteúdo que pode ser encontrado pelos motores de busca. Quando usamos palavras-chave da mesma maneira que a audiência as digita em suas pesquisas, isso facilita que a sua matéria seja mais facilmente encontrada e compartilhada. Palavras-chave são um atalho importante para a otimização para motores de busca, ou SEO (na sigla em inglês).
Você não precisa ser um programador ou analista de dados para usar essas ferramentas e melhorar o seu trabalho — elas fazem a maior parte da análise para você. A única coisa que você precisa fazer é descobrir o seu nerd interior.