Jornalistas precisam hoje usar prontamente as redes sociais como Facebook, X (antigo Twitter) e LinkedIn como parte de seu processo de reportagem para se conectar com a audiência e gerar engajamento para as matérias.
Em um webinar recente do Fórum de Reportagem de Crises Globais do ICFJ, Zoe Leoudaki, repórter multimídia e estrategista de audiência do Voice of America (VOA), e Gesell Tobías, produtor multimídia do VOA, compartilharam seus conhecimentos e revelaram como tiram proveito das redes sociais para amplificar suas reportagens.
A seguir estão os pontos principais sobre o uso de técnicas de redes sociais para potencializar o trabalho dos jornalistas:
Envolva mais o público
Na era das redes sociais, jornalistas precisam não só estarem familiarizados com seu audiência mas também se envolverem com ela mais frequentemente, disse Tobías.
"Jornalistas precisam ser capazes de compartilhar mensagens com um grupo grande de pessoas. Você só faz isso se estiver se engajando com a audiência", disse.
Com mais conteúdo online gerando mais competição, os veículos estão perdendo a confiança dos leitores para personalidades e influenciadores nas redes sociais. "Este é um processo natural porque pessoas confiam em pessoas", disse Tobías. Ele citou um estudo de 2020 da Gallup e da Knight Foundation, segundo o qual 74% das pessoas nos Estados Unidos dizem que os veículos jornalísticos nos quais elas não confiam estão tentando persuadir o público a adotar um certo ponto de vista.
Jornalistas podem engajar com a audiência diretamente nas redes sociais para ajudar a diminuir essa desconfiança. Por exemplo, quando Jorge Agobian, correspondente do VOA em espanhol e correspondente da Casa Branca, conseguiu uma entrevista com o conselheiro do Conselho Nacional de Segurança, Juan González, ele envolveu seus seguidores no processo. Ele anunciou a entrevista nas redes sociais e pediu à sua audiência sugestões de tópicos para abordar e perguntas para fazer.
"Se eu eu sou um seguidor e vejo esse jornalista da Casa Branca me pedindo para comentar ou sugerir perguntas, eu definitivamente o seguiria. Ele está me levando em consideração no processo de notícias do dia", disse Tobías. "Agobian se engajou com seus seguidores, e engajar bem diretamente com seus seguidores é algo que muitos veículos de mídia não estão conseguindo fazer."
Oferecer uma visão dos bastidores do processo de reportagem é outro modo efetivo de incluir sua audiência no processo de reportagem. Por exemplo, se um jornalista trabalha normalmente com matérias de formato longo, ele pode promover o engajamento tirando fotos de si enquanto faz o trabalho – por exemplo, uma foto dele no computador ou fazendo a cobertura na rua.
"Coloque as pessoas no seu mundo o máximo que você puder", sugeriu Leoudaki.
Use as redes sociais para propósitos diferentes
Os participantes observaram que a pirâmide invertida das notícias, na qual a informação mais importante aparece primeiro em uma matéria, é tradicionalmente considerada a melhor forma de comunicar a informação. Hoje, estratégias que utilizam o público específico das diferentes redes sociais oferecem novas oportunidades para captar a atenção da audiência. Jornalistas devem estar dispostos a fazer testes com seus posts para ver o que gera mais engajamento.
Jornalistas não precisam mais esperar por suas redações para promover suas matérias e devem assumir a responsabilidade de compartilhar seu trabalho. Para construir uma base forte de seguidores, jornalistas podem recorrer a convidados ou fontes que têm muitos seguidores e se certificar de marcá-los nos posts.
Porém, um desafio importante a essa abordagem é que a maioria das pessoas nas redes sociais não está em busca de notícias em primeiro lugar. "As pessoas não estão procurando notícias, essa é uma realidade. Os influenciadores têm mais seguidores porque eles dão à audiência o que ela está procurando", disse Tobías.
"Como jornalista, eu deveria estar me perguntando o que posso aprender com influenciadores", ele completou. "Uma razão pela qual eles têm mais seguidores é porque eles são muito naturais. Quando as pessoas os veem, elas não veem um jornalista tentando lhes passar um sermão."
Jornalistas devem operar de forma mais dinâmica nas redes sociais e tornar seu conteúdo mais cativante para encontrar a audiência onde ela está, segundo os participantes.
Mas eles também devem estar cientes de que o que postam nas redes sociais deve ser um reflexo real de si mesmos e do veículo para o qual trabalham. É preciso evitar postar conteúdo que coloque em descrédito ou envergonhe a si mesmo ou o empregador.
"Mantenha toda sua credibilidade jornalística, mas aprenda com os influenciadores e tire algo deles", disse Tobias.
Conheça sua audiência
Apesar de os jornalistas estarem menos engajados no X, a plataforma continua sendo uma ferramenta muito importante para repórteres se conectarem com sua audiência e com colegas jornalistas, disse Leoudaki. O X também funciona como um lugar para observar conversas, ver o que está acontecendo em diferentes partes do mundo e ter acesso a fontes.
"Eu uso a plataforma na maioria das vezes para encontrar convidados para o programa Straight Talk Africa. Toda semana, o X e o LinkedIn são os lugares básicos que eu uso para encontrar convidados que não conheço pessoalmente", explicou.
Jornalistas também devem explorar diferentes plataformas de redes sociais, já que algumas podem ser mais populares que outras conforme o país. "Saiba para onde a sua audiência vai quando se trata do jornalismo. Use plataformas que são populares no seu país", disse Leoudaki.
Ela estimulou os jornalistas a sempre fazerem experimentos com as redes sociais e avaliar se eles estão gerando impacto. "Tente descobrir qual caminho você quer seguir. Se você explorá-lo e ele não funcionar, você sempre pode ver o que mais vai funcionar ou não para você", disse.