Quatro erros na cobertura de pesquisas de opinião

por Lindsay Kalter
Oct 30, 2018 em Temas especializados

Com as eleições presidenciais americanas se aproximando, jornalistas terão de consultar pesquisas de opinião pública para avaliar a popularidade do presidente, Barack Obama, e do candidato republicano, Mitt Romney.

Comentadores e jornais já estão especulando sobre questões como a influência dos anúncios eleitorais, o peso dos estados indecisos e a reação do público às mudanças políticas recentes utilizando a pesquisa do USA TODAY/Gallup e a pesquisa do Washington Post-ABC News poll.

Mas os jornalistas que não estão habituados a lidar com números cometem o erro de pensar que todas as pesquisas são criadas iguais, disse Anthony Wells, diretor associado de pesquisa social e política do YouGov.

Em seu blog UKPollingReport, Wells destacou alguns erros comuns dos jornalistas, entre eles:

Confiar em pesquisas de acesso aberto

As pesquisas de acesso livre são conhecidas pela imprecisão científica. Normalmente oferecidas online ou por telefone, qualquer um pode votar e não há maneira de saber quem votou ou se votaram mais de uma vez. O jornalista deve reportar pesquisas que usam somente amostragem aleatória e amostragem proporcional para garantir que as pessoas entrevistadas sejam representativas da população, disse.

Esquecer a margem de erro

De um modo geral, a margem de erro nas pesquisas com 1.000 participantes é de cerca de mais ou menos três pontos, Wells escreveu. Isso significa que em 19 de cada 20 vezes, os números apresentados em uma votação estarão dentro de três pontos percentuais do número real se toda a população fosse entrevistada. "O que significa ao reportar uma pesquisa é que a mudança de poucos pontos percentuais não significa necessariamente uma grande novidade, pois pode muito bem ser apenas a variação normal da amostra dentro da margem de erro", disse.

Comparar maçãs com laranjas

Nas matérias comparando alterações nos resultados eleitorais ao longo do tempo, é imperativo que cada método de pesquisa seja devidamente considerado, disse Wells. Uma vez que muitos fatores podem influenciar o resultado, a informação recolhida de cada pesquisa devem ter sido adquirida com a mesma metodologia e fraseado. Por exemplo, você não pode comparar os resultados de uma pesquisa por telefone com os de uma pesquisa online, porque os participantes podem responder de forma diferente na ausência de interação humana.

Desconsiderar o tamanho da amostra

Embora o repórter deva sempre dar mais atenção às pesquisas com amostras maiores, nem todas as pesquisas se encaixam no ideal de 1.000 pessoas. Lembre-se de que quanto menor o tamanho da amostra, menor é a margem de erro e menos preciso é o resultado. Isto também se aplica na comparação de subgrupos dentro de uma amostra, como eleitores de diferentes faixas etárias. Um subgrupo de 100 pessoa tem margem de erro de mais ou menos 10 por cento. Sondagens com menos de 100 pessoas "devem ser examinadas com extrema cautela", e aquelas abaixo de 50 não devem ser usadas em comparações, disse Wells.