O dilema para as faculdades de jornalismo lidando com a rápida mudança tecnológica é decidir se o que estão ensinando hoje será relevante daqui a alguns anos.
Muitas ferramentas da mídia social que estão transformando o jornalismo e a sociedade nem sequer existiam cinco anos atrás, disse Mark Briggs, autor de "Entrepreneurial Journalism" (Jornalismo Empresarial).
"O que as escolas de jornalismo devem ensinar daqui a cinco anos?", ele perguntou durante uma palestra recente para alunos e professores na Universidade Tsinghua. É difícil prever, admitiu. Seus últimos três empregos -- gerenciando sites para jornais e uma estação de TV -- não existiam quando ele estava na faculdade de jornalismo. Como podemos preparar os alunos de hoje para trabalhos que ainda não existem?
Num ambiente de rápida mudança tecnológica, disse ele, educadores de jornalismo devem fazer pelo menos quatro coisas:
- Adotar a nova tecnologia
- Usar as novas ferramentas de comunicação e métodos para um jornalismo melhor
- Ajudar o estudante a explorar, experimentar e testar suas ideias com leitores reais
- Desafiar o alunos para ajudar a criar o futuro
Se fosse criar um programa de pós-graduação em jornalismo, ele criaria um laboratório onde o aluno pudesse fazer pesquisa e desenvolvimento para ajudar as organizações de notícias tradicionais a se adaptarem.
Criando nova mídia digital
Briggs também falou sobre o tema de seu livro, jornalismo empresarial, como jornalistas lançam suas próprias empresas de notícias e desenvolvem habilidades de negócio para torná-las sustentáveis.
Embora as organizações de notícias tradicionais estejam demitindo funcionários e cortando na cobertura, centenas de novos meios digitais estão preenchendo algumas das lacunas. Ele citou alguns exemplos dos Estados Unidos: West Seattle Blog, Texas Tribune, Sacramento Press, Tech Dirt e St.Louis Beacon.
A mídia digital de sucesso compartilha um foco estreito em conteúdo e algumas novas fontes de receitas que vão além de publicidade e assinaturas para incluir venda direta de produtos, eventos especiais, consultoria de mídia e pesquisa de grupo, entre outras coisas.
Eles prosperam porque desenvolveram um público fiel. "Se você influencia o seu público, as pessoas vão pagar para serem associadas a sua marca", disse Briggs. Ele observou que sites como o Paid Content, Treehugger e Tech Crunch começaram como blogs e foram vendidos por mais de US$20 milhões. O portal Talking Points Memo começou como o blog político e investigativo de Josh Marshall e tornou-se uma organização de notícias com mais de 20-funcionários e escritórios em Washington e Nova York.
Venda anúncios, não sua alma
Para ser um empreendedor de sucesso, ele disse aos estudantes, você tem que se sentir bem lidando com dinheiro, venda, abertura, adaptação, parceiros e inovação.
Jornalistas às vezes têm problemas com um desses ou todos esses. Eles associam dinheiro e venda com problemas éticos; podem ter medo da inovação; podem querer esconder suas ideias de negócio dos concorrentes. Essa última estratégia é particularmente equivocada, Briggs disse. "As ideias são baratas; a execução é tudo". Portanto, tente envolver outros para ajudar você a desenvolver a sua ideia.
É claro que há riscos. Muitos empreendimentos de notícias empresariais falharão. Mas, como ele escreveu em seu livro, o custo do fracasso é baixo. Desenvolver algo de valor vai exigir testes, experimentação e descoberta. Às vezes a descoberta é que você construiu o produto errado para o público. Na próxima tentativa, talvez você acerte.
Foto do News Entrepreneurs
Este artigo foi publicado originalmente no blog News Entrepreneurs e traduzido ao português para a IJNet com permissão.
James Breiner é co-diretor do Global Business Journalism Program na Universidade Tsinghua e ex-bolsista do programa Knight International Journalism Fellow, tendo lançado e dirigido o Centro de Periodismo Digital na Universidade de Guadalajara. Ele é bilíngue em espanhol e inglês e consultor em jornalismo online e liderança. Siga-o no Twitter.