Plataformas alternativas para jornalistas que vão deixar o Twitter

por Marcela Kunova
Nov 29, 2022 em Redes sociais
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Desde que Elon Musk assumiu o Twitter, no mês passado, tem sido um Deus nos acuda. Ele demitiu metade da empresa e dizimou equipes de moderação de conteúdo, o que resultou no fortalecimento de trolls. O selo de verificação - uma marca ostensiva de autenticidade - passou a ter um custo inicial de US$ 8 mensais mediante assinatura do Twitter Blue, alimentando impostores e forçando os usuários a fazer a assinatura ou perder seu status de verificado.

Desde então, muitos jornalistas fizeram pronunciamentos fortes sobre sua saída da plataforma. O problema é que não há um lugar para onde todo mundo está indo. Até o momento, a maioria segue usando a plataforma relutantemente ao mesmo tempo em que cria contas provisórias em outras plataformas.

Mastodon

Essa plataforma descentralizada e de código aberto foi lançada há seis anos, e desde que Elon Musk assumiu o controle do Twitter há relatos de que cerca de meio milhão de novos usuários se inscreveram no site. Diz-se que o Mastodon oferece uma experiência similar à do Twitter, com a vantagem adicional de que ele não pode ser vendido ou falir porque não tem um único dono. 

Os usuários podem criar um perfil, subir fotos e vídeos e postar "toots" - mensagens de até 500 caracteres - o que é uma ótima notícia para quem sofre com a brevidade do Twitter. Outros recursos parecidos com os do Twitter incluem linhas do tempo dos posts, "boosts", que são basicamente retweets, e os "favoritos", que são como as curtidas do Twitter.  

O design descentralizado significa que os usuários podem entrar em diferentes servidores, mas cada um deles só pode abrigar alguns poucos milhares de contas. Cada servidor também define seus próprios padrões de moderação, assim esse aspecto não é tratado de forma centralizada pelo Mastodon. A ideia é que se uma pequena comunidade começar a ter mau comportamento, é mais fácil fechar o cerco contra ela.  

Se tudo isso é confuso para você, imagine que os servidores do Mastodon funcionam como provedores de email - você pode ter uma conta no Gmail e mandar um email para outra pessoa que tem um Hotmail. Mas isso também significa que o Mastodon é um pouco desajeitado e exige um pouco de adaptação, o que já virou motivo de piada para alguns usuários.

 

 

Aqui tem a lista crescente dos jornalistas que já entraram na plataforma e você pode adicionar a ela o seu nome de usuário se decidir dar uma chance ao Mastodon.

Reddit

Às vezes não tem a menor necessidade de reinventar a roda. O Reddit é possivelmente a maior e mais longeva rede social estabelecida que tem servido suas comunidades há quase duas décadas.

Jornalistas tendem a passear por lá no r/Journalism, um "subreddit", que é uma página de comunidade dedicada a um tópico específico. No entanto, a interação é limitada a mensagens de texto, fotos e vídeos que você pode comentar, compartilhar ou salvar.

Para aqueles que pensam em deixar o Twitter por causa de conteúdo de ódio, o Reddit pode não ser a melhor opção. Apesar de haver regras vigentes, a plataforma tende a não remover conteúdo ofensivo, alegando querer proteger a liberdade de expressão.

LinkedIn

Esta é uma plataforma que dispensa apresentações. O LinkedIn é mais do que um lugar para expandir a sua rede profissional. O surgimento de posts e artigos deu à plataforma mais utilidade como um lugar para engajamento, consumo de notícias e discussões. Você não precisa necessariamente "conectar" com lideranças de pensamento interessantes - o que pode parecer um pouco cara de pau e formal, simplesmente "siga" essas pessoas para que os posts delas apareçam no seu feed.

Grupos, eventos, páginas e newsletters adicionaram opções poderosas para construir sua presença como um autor. A rede também aceita vídeos e fotos. O problema que algumas pessoas têm com o LinkedIn é o quanto ele se tornou um lugar de autoexaltação.

 

Bluesky

Até o momento, esta é mais uma fantasia que o ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, está prometendo lançar nos próximos meses. Para algo que ainda não existe, o Bluesky está certamente se saindo bem - as buscas online pela plataforma cresceram 207,14% nos últimos 30 dias, de acordo com dados do Google Trends, e afirma-se que mais de 30.000 usuários estão em uma lista de espera.  

CounterSocial

Essa plataforma existe desde 2017, mas quase ninguém ouviu falar dela. A infraestrutura é baseada no código aberto do Mastodon e sua missão é ser o lugar mais seguro online. Para erradicar os trolls, desinformação, influência de estados estrangeiros e robôs de spam, seu suposto fundador, The Jester, ativista hacker dos Estados Unidos com experiência militar, bloqueou completamente seis países responsáveis por grande parte da guerra cibernética: Rússia, China, Coreia do Norte, Paquistão, Irã e Síria. 

Cabe a você decidir se isso significa que a CounterSocial é xenofóbica e racista ou se é a plataforma menos desagradável já que a maior parte do conteúdo ofensivo não vai chegar à sua timeline.

Assim como no Mastodon, você pode postar "toots" de 500 palavras, gifs e fotos do seu celular. Mas as imagens podem aparecer lateralmente porque a função de "limpeza" remove todos os metadados dos arquivos de mídia. Essas falhas se somam à falta de jeito generalizada da plataforma, que aparece na tela em cinco colunas, um pouco parecido com o Tweetdeck. 

Você pode criar listas para acompanhar usuários, tópicos ou hashtags e seus próprios grupos públicos ou privados com criptografia de ponta a ponta. Alguns recursos legais para jornalistas incluem uma ferramenta que acompanha mais de 7.000 frequências de rádios de emergência que vão ser sintonizadas automaticamente em tempo real com conversas in loco quando ocorrer um grande incidente. A plataforma também oferece "salas" de realidade virtual que você pode usar no lugar do Metaverso de Zuckerberg. Porém, muitos desses recursos são pagos, já que o CounterSocial depende do pagamento de assinaturas.

CoHost

Muito mais rudimentar que o Mastodon, o CoHost é outra plataforma - ainda em fase beta - cotada para substituir o Twitter. Ele é muito básico: não há limite de caracteres e pouco foco em curtidas e compartilhamentos. Qualquer pessoa pode criar uma conta, seguir os posts de outras pessoas e pedir para seguir a página de alguém. Isso é tudo por enquanto. 

Tribel

Tribel se descreve como uma "alternativa ao Twitter inovadora e pró-democracia livre de ódio e de notícias falsas". Olhe mais de perto e você vai ver uma plataforma onde majoritariamente usuários dos Estados Unidos com inclinação à esquerda e apoiadores do Partido Democrata acharam sua tribo. É de propriedade de dois políticos democratas ativistas que também são donos do site Occupy Democrats.

 

 

Para a alegria de todos, a plataforma tem um botão de "editar", que por si só pode ser um incentivo o bastante para jornalistas criarem uma conta.

O Tribel permite que os usuários foquem em uma audiência específica para aumentar o engajamento. Você também pode customizar o seu feed seguindo - ou excluindo - tópicos (categorias) que abarcam tudo, de animais de estimação à paranormalidade. Caso jornalistas estejam arrasados pela perda de seu selo de verificação, eles podem buscar outro status se tornando um colaborador de destaque.

Parler

Se falamos do Tribel, é justo mencionar também o Parler, que se autodenomina uma alternativa "de liberdade de expressão" às grandes plataformas. Usada majoritariamente pela população dos Estados Unidos de inclinação à direita, a rede social está para ser comprada por Ye, antes conhecido como Kanye West, que foi banido do Twitter e do Instagram por mensagens antissemitas. Ele prometeu criar um "ecossistema incancelável onde todas as vozes são bem vindas". A rede tem cerca de 15 milhões de usuários registrados, incluindo muitos políticos conservadores.

A postura de "liberdade de expressão" significa que a plataforma não é para os fracos. No ano passado, ela foi inclusive excluída e posteriormente reintegradas às lojas de aplicativos do Google e da Apple por seu papel nos eventos que conduziram à invasão do Capitólio nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021. Desde então, o Parler afirma ter atualizado suas políticas de moderação.


Este artigo foi originalmente publicado pelo Journalism.co.uk e republicado na IJNet com permissão.

Foto por Alexander Shatov via Unsplash.