O BuzzFeed está cortando cerca de 15 por cento de sua força de trabalho em todo o mundo, cerca de 220 empregos, informou primeiro o Wall Street Journal e o presidente-executivo, Jonah Peretti, disse em um memorando aos funcionários na noite de quarta-feira.
O BuzzFeed "basicamente atingiu" US$300 milhões em receita para 2018, segundo o jornal, mas Peretti disse à equipe que "o crescimento da receita por si só não é suficiente para ter sucesso a longo prazo". A reestruturação que estamos empreendendo reduzirá nossos custos e melhorará nosso modelo operacional para que possamos prosperar e controlar nosso próprio destino, sem nunca precisarmos arrecadar fundos novamente”. (O que ele não diz é que gerar esse dinheiro novamente (a) seria difícil em um ambiente onde os investidores perderam a esperança de uma saída múltipla e (b) certamente exigiria uma queda significativa em comparação aos US$1,7 bilhão obtidos em 2016.)
O BuzzFeed também demitiu 100 funcionários no final de 2017. No final do ano passado, a empresa lançou um programa de associação para seu conteúdo de notícias, que alguns viam como uma mistura incomum de angariação de fundos estilo rádio-pública e empresa de capital de risco.
O BuzzFeed certamente não está sozinho na luta nesse ambiente de publicidade digital. As empresas de mídia digital nativa Vox Media, Vice, Mashable e Refinery 29 dispensaram um número significativo de funcionários durante o ano passado, enquanto a Mic demitiu toda a sua equipe editorial antes de uma queima de estoque ao Bustle Digital Group (também agora proprietário do minguado Gawker 2.0).
As demissões do BuzzFeed não foram as únicas anunciadas na quarta-feira: o Verizon Media Group, proprietário do Yahoo, AOL, HuffPost e outras marcas, está demitindo cerca de 800 pessoas. (Ah, e não se esqueça das demissões da mídia tradicional: Gannett, The Dallas Morning News e muitos outros pequenos cortes do setor que nem sequer são anunciados). Esses eventos são deprimentes sozinhos mas, juntos, são desastrosos --especialmente como Mike Isaac, do New York Times, escreveu em sua previsão de 2019 para o Nieman Lab:
O maior problema é que grandes empresas de mídia como a Disney (focada na luta contra o Netflix) e a NBCUniversal (não se sabe no que está focada!) não estão comprando. Quatro anos atrás, se você fosse um BuzzFeed ou um Vox, você bastava olhar para a NBC como uma opção de saída. Agora essa história não é tão atraente.
Pior ainda é que, se as startups mais promissoras não estão atraindo interesse, o que acontece com as organizações pequenas? Mic, Refinery29, Mashable, todas elas vão ter que tomar algumas decisões difíceis (e algumas já tomaram, como vimos).
(Também não esqueçamos que isso está acontecendo em um momento de desemprego de 3,9 por cento, lucros corporativos crescentes e crescimento econômico geral saudável. A próxima recessão pode ser leve para o país como um todo, mas não será para o setor de notícias.)
Os cortes de trabalho específicos do BuzzFeed ainda não estão claros. Peretti disse em seu memorando que a equipe teria detalhes até segunda-feira. O temor do Twitter é que o BuzzFeed News, a unidade de investigação e reportagem da empresa, será particularmente atingido, tendo sido menos afetado em cortes anteriores. Outra possibilidade é a contenção internacional: a editora-chefe do BuzzFeed U.K., Janine Gibson, anunciou na semana passada que está deixando a empresa, e a equipe do Reino Unido foi desproporcionalmente afetada pelas demissões em 2017. O BuzzFeed confirmou que haveria demissões no departamento de notícias e internacional, mas não compartilhou como seriam distribuídas. (O BuzzFeed News foi finalista do Prêmio Pulitzer de Reportagem Internacional nos últimos dois anos.)
A contratação no BuzzFeed e no BuzzFeed News já havia diminuído substancialmente antes do anúncio de quarta-feira, de acordo com números compilados pela ThinkNum: “Em abril de 2017, o BuzzFeed estava contratando até 185 posições. Na semana passada, listou apenas 48. A contratação no Buzzfeed News praticamente parou: em agosto de 2017, a divisão estava contratando 21 vagas. Em outubro de 2018, o BuzzFeed News listou apenas uma posição aberta.”
A coisa mais assustadora dessa vez é que não é fácil identificar o que exatamente o BuzzFeed fez de errado. Sim, parece ter atingido um limite para o alcance de uma estratégia dependente de publicidade nativa e distribuição social, mas também se ajustou, tentando criar fluxos de receita a partir de publicidade programática, merchandising e, sim, a participação de membros.
What if there is literally no profitable model for digital news? Or none that actually scales and endures without, say, the established readership base and brand of the NYT. This seems...increasingly likely to me?
— Chris Hayes (@chrislhayes) January 23, 2019
Here’s the thing. Hardworking journalists have seen pay cuts and jobs disappearing for years. But for at least a decade many were told it was their own fault, for not getting it, for not being more adaptable. So when the most adaptable stumble , then what?
— emily bell (@emilybell) January 23, 2019
When I started at BuzzFeed in 2013, there were fewer than 150 people on staff. This morning on #AM2DM at the top of the show, we’ll face some hard news: BF is laying off 200 people, %15 of the company. https://t.co/Ro4Xlz0zyN
— Saeed Jones (@theferocity) January 24, 2019
Este artigo foi originalmente publicado no NiemanLab e é republicado na IJNet com permissão.
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