Este vídeo é o mais recente projeto que fiz com a portuguesa Mariana Santos, jornalista visual e bolsista do Knight International Journalism Fellowship do ICFJ. Foi publicado no final da semana passada para o Dia Internacional da Mulher - cujo tema este ano foi desigualdade. Decidimos nos concentrar em algumas das razões pelas quais, mesmo em 2014, as mulheres ainda estão perdendo.
Mariana e eu fizemos algumas animações deste tipo e ainda estamos trabalhando juntos sobre a forma de torná-las perfeitas. Eu amo o estilo visual de Mariana e suas animações são muitas vezes espirituosas de uma forma que nem imaginava na preparação dos roteiros.
Temos um bom método agora: em primeiro lugar, nós trabalhamos juntos em uma ideia que nós dois gostamos. Então eu reúno os dados e crio o roteiro (em formato de planilha, naturalmente), enquanto Mariana concebe e executa algumas coisas realmente complicadas (muitas vezes com prazos super apertados). É uma parceria: Mariana, depois de ver o roteiro pela primeira vez, sempre volta para mim com perguntas muito astutas sobre os dados ou sobre coisas que eu posso ter perdido. Ela também tem um senso inato sobre o que pode tomar muito tempo e como deve ser.
Então, aqui está o que eu aprendi sobre escrever roteiros para animações de dados até o momento:
- Os dados são a parte fácil que demora menos tempo --certifique-se de dar espaço suficiente para que o animador possa fazer seu trabalho sem ter que se apressar. Eu queria dizer que sempre fizemos isso, mas não é verdade.
- Você tem que ser seletivo --não precisa de muitos dados para encher dois minutos. Nossa primeira animação, 99 percent v. the 1 percent, ainda é a minha favorita, mas se tivéssemos que fazer isso de novo, eu teria cortado um pouco dos dados para torná-la mais curta.
- Por um lado, escrever um script é um pouco como fazer uma grande apresentação: não use palavras demais. Você não tem que explicar tudinho sobre os dados se é isso o que a imagem está fazendo. Caso contrário, você acaba como um desses slides de PowerPoint em que alguém escreveu tudo o que está dizendo bem na sua frente.
- Forneça dados suficientes para animar de forma que ajude a contar a história, mas não tanto que fique demais da conta. Eu tendo a fornecer uma tabela de, digamos, uma lista de países, mas escolho os que devem ser incluídos (isso também se aplica à forma como eu geralmente trabalho com artistas gráficos --certifique-se de que todos têm as informações, mas ajude a escolher os pontos-chave).
- Você não está escrevendo um artigo --leia o roteiro em voz alta para ver como soa antes de enviar.
- Tente obter o que for possível com antecedência --não é bom ter uma ideia genial quando o vídeo final está sendo processado (que pode levar horas, por sinal) .
- Organize a música tão cedo quanto possível --sempre é uma das tarefas mais difíceis. Leva uma eternidade chegar a um acordo sobre o que consegue o tom certo e temos bibliotecas de música para escolher.
- E nesse assunto, pense em quem vai fazer a sua narração --usamos minha colega Shavone Charles .
- Confie no animador e designer --provavelmente eles sabem muito mais do que você.
O que é muito legal sobre o jornalismo de dados é que você nunca deixa de aprender. Eu ainda estou aprendendo como fazer isso .
O roteiro do vídeo acima pode ser visto neste link, onde você obter os dados por trás dele e fontes completas.
- Há 865 milhões mulheres em todo o mundo que têm o potencial de contribuir mais para as suas economias nacionais. Um total de 812 milhões delas vive em países emergentes e em desenvolvimento. A diferença entre homens e mulheres capazes de trabalhar é a diferença entre os sexos. Na próxima década, esse número de 865 milhões mulheres vai crescer para um bilhão.
- É diferente em todo o mundo. Alguns países são mais iguais do que outros.
- Se você olhar para a diferença entre homens e mulheres trabalhadores que trabalham, há um fosso mesmo em algumas das economias mais desenvolvidas do planeta.
- Neste momento, as mulheres gastam o dobro do tempo no trabalho doméstico que os homens e quatro vezes mais tempo cuidando de crianças.
- E, agora, mesmo entre as economias mais desenvolvidas do mundo, há uma diferença média de 15 por cento entre o que homens e mulheres ganham.
- Um terço desse fosso salarial é devido ao que o FMI chama de "segregação ocupacional e redução do horário de trabalho" que as mulheres sofrem: isso conhecido como 'discriminação' entre você e eu.
- Quando as mulheres são mais jovens, a diferença salarial é pequena. Mas ela cresce vertiginosamente quando têm filhos. Esta é a "penalidade maternidade" --esse número estima-se em 14 por cento em todos os países da OCDE.
- A proporção de mulheres CEOs em 500 empresas da Standard & Poor é de 4 por cento.
- Em 27 países da UE, apenas 25 por cento dos proprietários de negócios com empregados são do sexo feminino.
- Mulheres foram atingidas mais duramente pela recessão mais recente do que homens. Em 2011, o desemprego feminino nos Estados Unidos continuou a aumentar, assim como o desemprego masculino diminuiu.
- Nós estamos prejudicando a nós mesmos. Só o fato de ter tanto mulheres como homens no mercado de trabalho já pode melhorar economia, aumentando o PIB.
- Apenas 20 por cento dos assentos parlamentares nacionais em todo o mundo são ocupados por mulheres. Metade da população do mundo são mulheres. Mas apenas uma em cada cinco tem representação .
Simon Rogers, editor de dados no Twitter, é um jornalista de dados, escritor e palestrante. Ele é autor do livro e "Facts are Sacred: the Power of Data" e criador Guardian Datablog.
Este post originalmente apareceu no blog de Rogers e é reproduzido na IJNet com a permissão do autor.
Imagem: Captura de tela do vídeo