Colaboração e construção de equipe são elementos essenciais para a implementação de projetos de inovação jornalística de sucesso na América Latina, segundo os três bolsistas Knight do ICFJ que participaram da Media Party Miami.
"A colaboração é fundamental para o sucesso de qualquer ideia que você tem. Ter pessoas que estão a bordo com você e que buscam o mesmo objetivo irá levá-lo muito longe", disse Mariana Santos, bolsista de anos anteriores.
Os bolsistas Mariano Blejman e Miguel Paz concordaram com Mariana sobre a importância de equipes fortes e parcerias. Os três falaram em um painel na Media Party Miami esse mês sobre lições que aprenderam com suas experiências como inovadores de mídia na América Latina.
Compreendendo a sua proposta de valor
Como bolsista Knight do ICFJ, Mariano semeou novas ferramentas e acelerou novas empresas de mídia através do HacksLabs e Media Factory. Mariano também organizou a Media Party original na Argentina, em 2012.
Aprender a comunicar o valor de um determinado produto ajudou Mariano a angariar fundos e gerar conscientização para mais de 20 startups de jornalismo e ferramentas que ele ajudou a acelerar. Ele disse que é sempre útil antecipar as perguntas que os financiadores ou parceiros externos podem ter sobre um empreendimento particular.
"Algo muito importante que comecei a entender é como financiadores estão pensando e qual é o valor do produto que você está adicionando", ele disse. "O que é o diferencial do que você tem comparado a outras coisas no mercado?"
Miguel também disse que é vital ser claro em todas as comunicações com colegas e partes interessadas. Ele recomendou evitar gírias e jargões específicos do setor para se certificar de que as informações são compreensíveis para as pessoas que não são de jornalismo, tecnologia ou design. Ele aprendeu a manter o foco em explicar os objetivos, ao contrário de processos, ao falar sobre as melhorias para o produto.
"Fale sobre os objetivos", disse Miguel. "Isso não é 'eu estou fazendo x, y e z agora'. É 'eu estou fazendo o site carregar mais rápido."
A "melhor pessoa" no papel nem sempre é certa para o seu projeto
"O maior desafio de qualquer empresa é conectar o lado criativo com o lado da produção e fazer tudo funcionar para que todos se encaixem no espaço certo", disse Miguel. Ele fundou Poderopedia, uma plataforma de jornalismo de dados que mapeia as conexões entre empresas e políticos. Ele começou o site no Chile e expandiu para a Colômbia e Venezuela durante sua bolsa Knight do ICFJ.
Depois de um abalo no início da liderança da Poderopedia, Miguel teve de olhar para novos membros da equipe que compartilhavam sua visão para a plataforma. "Um desafio é montar uma boa equipe, especialmente com cofundadores. É como um casamento e eu não estou brincando. (O cofundador) é a pessoa com quem você vai viver quase mais do que a sua família... então é melhor namorar bastante antes de fazer qualquer compromisso", disse ele.
Mariano concordou que é importante encontrar um líder de equipe técnica altamente dedicado. "As melhores equipes que a gente encontra no mercado da América Latina... têm uma cara muito obsessivo que vai passar dois ou três dias sem dormir, porque sabe que o produto técnico que estão construindo vai mudar a maneira como a informação funciona em seu país."
Fazer contatos ajuda a "pensar globalmente mas agir localmente"
Mariana fundou Chicas Poderosas, literalmente "garotas poderosas" em espanhol, durante sua bolsa Knight do ICFJ. A rede trabalha para trazer mais mulheres para a tecnologia da redação e funções de liderança. Ela agora tem mais de 2.500 membros ativos na América Latina, Estados Unidos e Europa. Mariana desempenhou um papel fundamental na criação dos primeiros capítulos da organização, mas ela agora depende de embaixadores Chicas de cada país para liderar os programas. As líderes locais identificam as necessidades de suas comunidades e, em seguida, colaboram com embaixadoras de outros países para determinar a estratégia e conteúdo para eventos.
"Uma pessoa não consegue conhecer todas as comunidades. Cada país da América Latina tem a sua própria comunidade e, portanto, temos líderes comunitários que conduzem o treinamento", disse Mariana. "Trata-se realmente de conhecer seu povo e se juntar para aprender."
Imagem principal por Sara Olstad. Da esquerda para a direita: Miguel Paz, Mariana Santos e Mariano Blejman