Este artigo foi publicado originalmente pelo The Fix e republicado aqui com permissão. Saiba mais sobre as novidades do mundo da mídia europeia assinando a newsletter do projeto.
Sem surpresa alguma, 96% dos jovens europeus com idade entre 16 e 24 anos usam a internet diariamente. Conforme demonstrou o Digital News Report, a população mais jovem conta mais com as redes sociais do que com os sites para acessar notícias. Esses espaços online são um campo de batalha para muitas informações falsas ou enganosas, com cerca de 47% dos cidadãos europeus se deparando com informação mentirosa ou duvidosa nas redes sociais e em sites.
Joyce Vissenberg, pesquisadora da Universidade Católica de Leuven, diz que "de fato, é nas plataformas de redes sociais que a desinformação é mais compartilhada, então faz sentido se preocupar com a exposição de crianças e jovens à desinformação".
"Ter habilidades digitais está se tornando cada vez mais importante na sociedade digital atual, principalmente para a inclusão digital", acrescenta Vissenberg. "Não ter habilidades digitais pode levar a menos oportunidades de participação."
Por ocasião da Semana Global de Mídia e Letramento de Informação 2023 realizada pela UNESCO, o The Fix analisa formas de melhorar o letramento de mídia entre a população jovem da Europa. Conforme descreve Vissenberg, "embora o letramento de mídia não possa evitar que os jovens sejam expostos à informação falsa online, ela é muito valiosa para protegê-los de acreditar e serem enganados por informação falsa".
Confiança nas redes sociais para acessar notícias
Os jovens tendem a confiar nas redes sociais para obter notícias, e esse grupo também é mais propenso a preferir a mídia alternativa com seus tópicos mais abrangentes e com mais atitude.
Apesar do consumo de notícias nas plataformas online, os jovens são menos propensos a acreditar nelas. Vissenberg explica: "Pesquisas revelaram, por exemplo, a presença de um certo 'paradoxo de confiança': embora as redes sociais sejam a forma mais popular de se manter atualizado com o noticiário, crianças e jovens, em média, relatam confiarem menos nas redes sociais quando se trata de conteúdo noticioso em comparação com outras fontes e canais de notícias, como emissoras de TV, notícias de rádio ou jornais online."
Como parte do projeto ySKILLS (Youth Skills), Vissenberg e outros pesquisadores analisaram o nível de habilidades digitais em seis escolas, na Estônia, Finlândia, Alemanha, Itália, Polônia e Portugal. A pesquisa descobriu que crianças "se sentem menos confiantes em relação às habilidades para encontrar e avaliar informação".
Já o projeto "Enhancing Young People’s Media Literacy for Civic Engagement" (Aprimorando o Letramento de Mídia dos Jovens para o Engajamento Civil em tradução livre) explorou como adultos jovens (com idade entre 18 e 29 anos) na Finlândia, Noruega e Romênia usam a mídia para melhorar seu engajamento civil. Os resultados destacam tendências semelhantes.
Sharon Laine, pesquisadora do projeto, diz que "o nível de letramento midiático dos jovens na Finlândia, Noruega e Romênia é alto no geral, indicando que eles têm proficiência em tarefas como identificar, encontrar, usar e gerenciar informação em um ambiente digital. Porém, eles têm menos confiança na criação responsável de conteúdo".
Formas de aumentar o letramento de mídia
As habilidades de letramento de mídia entre os jovens europeus são boas. Mas há uma lacuna quando se trata da criação de conteúdo online. Para ajudar a melhorar essas habilidades, o The Fix compilou uma lista de jogos que pode ajudar no aprendizado do letramento de mídia de uma forma divertida e envolvente.
Bad News Game
O Bad News Game permite que o usuário entenda as técnicas por trás da desinformação. O jogador assume o papel de um produtor de notícias falsas e produz tuítes que envolvem várias táticas de desinformação, como imitação, conspiração, polarização, dentre outras. Criado pelo coletivo holandês de mídia DROG e a Universidade de Cambridge, o jogo usa a teoria da inoculação, que torna o jogador resistente a táticas de desinformação.
Go Viral!
Semelhante ao Bad News Game, o Go Viral! também usa a teoria de inoculação para tornar as pessoas resistentes à desinformação sobre a Covid-19. No jogo, o usuário também assume o papel de um promotor de notícias médicas falsas relacionadas à pandemia.
Libertas Veritas
Neste jogo, o usuário trabalha em uma unidade de desinformação e propaganda de um regime totalitário. Cada escolha feita pelo jogador é um esforço para deixar o líder feliz e mudar a opinião das massas. .
Play Interland – Be Internet Awesome
Criado pelo Google, o Play Interland funciona para transformar as crianças em usuárias de internet confiantes. O jogo as ensina como não cair em notícias falsas, compartilhar notícias com responsabilidade e manter a segurança em espaços digitais, dentre outras habilidades.
Fakey
O Fakey lembra o feed de uma rede social, em que os jogadores podem "compartilhar", "curtir" ou "verificar" uma notícia recente. O jogo permite que o usuário identifique e verifique desinformação. Quanto melhor o jogador se tornar na detecção de desinformação, melhor será a sua "habilidade" no jogo.
Foto por Riho Kroll via Unsplash.