Dicas para produzir conteúdo mais acessível e inclusivo

Sep 16, 2021 em Diversidade e Inclusão
photo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo têm algum tipo de deficiência. De acordo com a OMS, este número está aumentando, devido em partes ao envelhecimento da população e ao aumento de condições crônicas de saúde.

Os meios de comunicação têm procurado ampliar a representatividade de pessoas com deficiência em anos recentes. Um relatório de 2021 da Nielsen mostra que, ao longo da última década, o volume de conteúdo sobre deficiência aumentou 175%.

O mesmo levantamento detectou que 8% das pessoas com deficiência consideram as representações da mídia incorretas. Outros 7% disseram faltar representatividade no conteúdo.  

As empresas jornalísticas podem expandir sua audiência e fornecer uma representação mais precisa da diversidade da população mundial ao aumentarem tanto a representatividade na mídia quanto a acessibilidade para pessoas com deficiência.

Confira abaixo algumas dicas para ajudar repórteres a melhorarem a cobertura sobre essa comunidade:

Lembre que as pessoas com deficiência não são um monólito

De acordo com um estudo de 2011 da OMS, 253 milhões de pessoas no mundo todo são afetadas por algum tipo de cegueira e deficiência visual, 466 milhões têm surdez ou algum tipo de perda auditiva e 200 milhões têm deficiência intelectual. Além disso, 75 milhões de pessoas precisam de uma cadeira de rodas. Embora esses números representem os tipos de deficiência mais comuns, há muitos outros que afetam as pessoas mundialmente.

"Pergunte a nós individualmente as adaptações de que precisamos", afirmou a ativista Chella Man em um post no Instagram no Dia Nacional da Deficiência [celebrado nos EUA em 26 de julho]. É importante conversar com as próprias pessoas dessa comunidade sobre suas necessidades ao tentar tornar a mídia mais acessível e inclusiva. Diversificar o escopo de assuntos abordados para incluir pessoas ao longo do espectro de deficiências pode ajudar a acabar com estereótipos existentes.  

[Leia mais: TV Surdo de Moçambique: uma iniciativa para a informação inclusiva]

Considere formatos multimídia para aumentar a acessibilidade

Graças à internet e à expansão na tecnologia, o jornalismo evoluiu bastante no século 21. Fazer reportagens na era digital oferece mais espaço para formatos multimídia do que aqueles permitidos apenas pela mídia impressa.

Para aumentar a acessibilidade à audiência com deficiência, os profissionais de comunicação devem lembrar que este é um grupo diverso e levar em consideração uma estratégia multifacetada para atingir o máximo de pessoas possível. 

Um exemplo é incluir uma versão em áudio de um texto, permitindo que pessoas com cegueira ou deficiência visual engajem com o seu conteúdo.

Para jornalistas que trabalham com vídeo, adicionar legendas torna o material mais acessível para pessoas surdas ou com perda auditiva. Jornalistas que queiram produzir conteúdo mais diverso e acessível devem consultar sua audiência e adotar abordagens criativas de storytelling que melhor se adaptem às necessidades de seu público.

[Leia mais: Comunidades online estão se esforçando para ser mais inclusivas]

Abandone estereótipos nocivos e evite a representatividade superficial

O Plano de Ação para Inclusão da Fundação Ford destaca alguns dos estereótipos de pessoas com deficiência dominantes na mídia que geram estigmas sociais.

De acordo com o estudo da Respectability.org, 23% dos personagens com deficiência em filmes populares se encaixam no estereótipo do "super-herói".  Esses personagens "vencem" a deficiência. Outros 9% são retratados pelo estereótipo do "amargurado" — quando um personagem se torna um vilão por ter sido vencido por seu "sofrimento".

Outras imagens negativas criadas pela mídia incluem a da vítima. "Personagens com deficiência são frequentemente representados como vítimas unidimensionais de sua deficiência", explica o estudo da Fundação Ford. "A deficiência se torna a característica definidora e suas vidas giram em torno dela, tornando-os fracassados e dignos de pena."

Profissionais de mídia devem estudar estereótipos de pessoas com deficiência criados historicamente pelos meios de comunicação para avaliar se o seu trabalho contribui para distorções ou para uma representatividade apenas superficial.

A mídia tem potencial de mudar os estereótipos para futuras gerações ao criar conteúdo mais acessível e inclusivo. E ao nos educarmos, usando a criatividade e conversando com pessoas com deficiência sobre os tipos de adaptação e representação de que elas mais precisam, o conteúdo que produzimos vai refletir melhor a audiência que servimos.


Foto por SHVETS production no Pexels.