Dicas para migrar de anúncios a assinaturas pagas

por James Breiner
Oct 30, 2018 em Sustentabilidade da mídia

Josh Marshall começou como blogueiro político em 2000, lançou um negócio em 2003, ganhou um prêmio George Polk e conseguiu se manter independente em todas as oscilações do pêndulo digital.

Portanto, suas reflexões sobre como fazer a transição de um modelo de negócios de publicidade para assinaturas pagas têm uma certa autoridade.

Ele falou sobre o modelo de negócios em evolução no seu site, Talking Points Memo, em um podcast de 47 minutos com o editor do Digiday, Brian Morrissey. Entre as observações de Marshall que são relevantes para outros potenciais empreendedores de notícias:

  • Pequenos sites de notícias independentes não podem contar com um grande alcance para gerar receita. Eles precisam de um relacionamento forte com seus usuários. Muitas organizações de mídia digital que têm audiências massivas não podem fazer a transição para assinaturas pagas porque não têm esse relacionamento, segundo ele.
  • Muitos dos 26.000 assinantes pagos do TPM, que agora fornecem pouco mais da metade da receita do site, pagam porque apoiam a missão da publicação, que "se baseia no conhecimento dos leitores para dar as notícias". O argumento de venda para o produto Prime, de US$50, é que você "sente uma alegria gostosa de apoiar o jornalismo independente".
  • O crescimento nas assinaturas de notícias é orgânico, não viral, disse Marshall ao Digiday. O TPM adquiriu seus clientes pagantes gradualmente ao longo de seis anos. O que começou como uma fonte de receita "secundária" evoluiu para a principal. Pouco mais da metade da receita do site vem de assinaturas, a US$50 por ano. A publicação sofreu um aumento súbito em assinaturas por suas críticas ao Trump após a eleição de 2016, mas Marshall estimou que isso representou cerca de 5 por cento do total.
  • Muitos dos modismos recentes que visam gerar receita, como a criação de vídeos e conteúdo especificamente para o Facebook, acabam entregando pouco aos editores e mais ao Facebook. 
  • Não tente criar novos tipos de produtos que se desviem da sua missão central, disse Marshall. Por um tempo, o TPM oferecia um jornalismo de formato longo, mas outras mídias eram melhores e tinham mais recursos para fazê-lo. Eles tiveram uma experiência semelhante com o vídeo. No final, decidiram oferecer um produto premium que ia mais fundo no que eles já cobriam.  

Marshall acredita que o seu número total de usuários não é seu verdadeiro público. Dos 4 milhões a 5 milhões de usuários do TPM, metade vem apenas uma vez por mês. "Eles não são nosso público", disse ele a Morrissey. Eles chegam através das redes sociais ou mecanismos de pesquisa e não sabem nada sobre a publicação.

Fazendo as contas, 26.000 assinantes anuais por US$50 cada se traduz em US$1,3 milhão. Os assinantes representam cerca de 0,6 por cento dos usuários. Essa porcentagem se compara a pouco mais de 1 por cento para o Washington Post e 3 por cento para o New York Times (assinantes apenas digitais aqui e usuários mensais aqui).

Mais importante para Marshall do que esses números são os que sinalizam engajamento - o número de usuários que retornam ao site várias vezes ao dia e leem várias páginas por visita. Esses usuários são os possíveis assinantes.

Cerca de 95 por cento do conteúdo do TPM está disponível gratuitamente. O material para assinantes inclui apenas explicadores, análise e artigos contextuais dos editores e repórteres sobre os aspectos da cobertura,

Marshall tem alguns investidores "amigos e familiares", mas mantém total controle editorial. O site é lucrativo, disse ele ao Digiday. "É independente, então tem que ser."

Versão em espanhol

Este post foi publicado originalmente no News Entrepreneurs de James Breiner e é reproduzido na IJNet com permisssão. James Breiner é ex-bolsista Knight do ICFJ, tendo lançado e dirigido o Centro para o Jornalismo Digital  na Universidade de Guadalajara. Visite seus sites News Entrepreneurs e Periodismo Emprendedor en Iberoamérica.

Imagem sob licença CC de Pixabay via BiljaST