No dia 21 de agosto, o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo declarou um surto de ebola na zona de Beni, na província de Kivu do Norte. Um mês depois, as autoridades de saúde de Uganda declararam outro surto em uma pequena cidade na região central de Uganda, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Cinco dias depois, 18 casos foram confirmados e 18 casos suspeitos foram registrados na região central de Uganda, incluindo 23 mortes. Segundo a OMS, este foi o primeiro surto de ebola causado pela variante do vírus do Sudão em Uganda desde 2012.
Embora o surto na República Democrática do Congo tenha sido declarado encerrado, o vírus ainda está sendo controlado em Uganda. A seguir, estão informações que jornalistas que cobrem este surto e que se preparam para os próximos precisam saber para se manterem seguros e cobrirem o assunto com eficiência:
Sintomas e medidas preventivas
Saber como prevenir a disseminação do Ebola ao cobrir pacientes e seus familiares é fundamental. Isso garante não só a segurança do jornalista como também ajuda a evitar ainda mais transmissões.
Os sintomas mais comuns da variante do vírus do ebola do Sudão observados em Uganda incluem febre, fraqueza em geral, dor abdominal, diarreia, dores nas articulações, vômito e dor de cabeça. De acordo com a OMS, um dos principais caminhos para evitar outras contaminações é lavar as mãos frequentemente com água e sabão.
Para diminuir as chances de transmitir o ebola, as pessoas devem evitar contato com fluidos corporais (como sangue, sêmen e muco) de pessoas infectadas ou recentemente recuperadas, bem como com carne crua de morcegos e primatas.
"É importante não tocar cadáveres porque eles contêm o vírus algumas horas depois da morte, e muitos surtos em Uganda foram causados pelo toque de corpos em funerais enquanto eles estavam sendo preparados para o enterro", diz Otim Patrick Ramadan, epidemiologista e gestor de incidentes da OMS para a resposta ao ebola na África.
A importância do jornalismo durante uma crise
Durante uma conferência virtual no dia 5 de outubro, Ramadan enfatizou que jornalistas, principalmente repórteres locais, desempenham um papel crítico diante da adversidade durante uma crise. Ele afirmou que o público precisa desesperadamente de informação sobre o vírus e os repórteres são necessários para manter os cidadãos informados e evitar que entrem em pânico.
Michael Gubay, gestor de projetos sênior do Internews, no Sudão do Sul, desafia os jornalistas a cobrirem eventos catastróficos como surtos de um modo que alivie a tensão da população.
Abaixo estão sugestões de Gubay para os repórteres terem em mente na cobertura do ebola:
Evite dizer "notícia de última hora" ao informar sobre casos suspeitos
A mídia, principalmente nas redes sociais, usa regularmente termos como "notícia de última hora" ao dar atualizações sobre o vírus, explicou Gubay. Por exemplo, no Sudão do Sul, um veículo informou casos suspeitos como uma notícia de última hora, o que pode agravar o pânico entre o público e exagera a escala do problema em questão.
"Usar notícias de última hora ao informar causa medo no público; é importante ter cautela na hora de informar e oferecer soluções para a situação", disse Gubay.
Ele também desencorajou jornalistas a noticiarem informações sem verificação, como rumores que circularam nas redes sociais sobre novos casos surgindo no Quênia, na Tanzânia e no Sudão do Sul.
Assegure-se de que sua cobertura conscientiza sobre os riscos do ebola e fornece fatos básicos sobre o vírus
Os repórteres devem lembrar os leitores, telespectadores e ouvintes de respeitar os procedimentos operacionais padrão, focar em medidas preventivas e estar abertos a aprender novas informações sobre o vírus.
"É importante que os jornalistas promovam a conscientização para ajudar o público a adotar medidas de seguranças, ao informar tanto sobre os riscos quanto sobre as soluções", disse Gubay.
Use linguagem socialmente aceita
Use informação clara, concisa e bem elaborada com uma mensagem inteligível que seja fácil para o público em geral entender. Jornalistas devem evitar jargões da profissão e termos científicos que pessoas que não sejam dessa área possam não entender.
Permita que os sobreviventes contem suas histórias
Permitir que sobreviventes contem suas próprias histórias pode ajudar a reduzir estigmas sobre o vírus, de acordo com Gubay. Jornalistas devem evitar mencionar os nomes de quem foi afetado pelo vírus e de seus familiares.
Para os fotógrafos que cobrem os surtos, Gubay sugere não tirar fotos de quem estiver doente, e em vez disso usar fotos de pessoas que se recuperaram para dar esperança àqueles que estejam sofrendo com o vírus.
Pesquise
Antes de cobrir o ebola, jornalistas devem pesquisar sobre o vírus para assegurar que estão familiarizados com a ciência por trás da doença e atualizados com o status do vírus. Incorporar na sua reportagem informações que dão contexto ajuda a reduzir lacunas de informação.
"Faça a triangulação e verifique, cheque todos os fatos antes de fazer as matérias", diz Gubay.
Crie uma lista de contato com profissionais de medicina e outros especialistas
Jornalistas devem falar com especialistas em saúde para assegurar que estão incluindo informação precisa em sua cobertura. Eles também devem se certificar de dar crédito a qualquer informação externa que receberem para evitar plágio.
"A informação não deve ser unilateral, jornalistas [devem] usar de duas a três fontes para obter informações e evitar reportagens fora de contexto enquanto focam nos fatos. Seja aliado de outros jornalistas e de médicos", disse Gubay.