Ao ouvir o podcast Washington D’ici, os falantes de francês em todo o mundo não apenas aprendem sobre a política americana, mas também podem descobrir novas palavras em francês usadas por falantes de outros países. Os canadenses podem descobrir que os belgas e os suíços usam uma palavra diferente - "nonante" - para dizer noventa. Os ouvintes europeus agora sabem que, em Québec, um podcast é chamado de "balado".
“Brincamos muito com isso”, diz Raphaël Grand, correspondente em Washington da RTS (Radio Télévision Suisse). "Todos nós nos tornamos grandes fãs do uso de “balado ”, um termo que nenhum de nós conhecia antes. O nosso objetivo é celebrar nossas diferenças."
Mais de 500.000 downloads
O Washington D’ici foi criado há cerca de um ano e reúne as vozes de correspondentes de Washington das rádios públicas suíças, francesas, belgas e canadenses. Já foi baixado mais de 500.000 vezes.
A cada duas semanas, os jornalistas Grégory Philipps da France Info, Raphaël Grand da RTS, Raphaël Bouvier-Auclair da Radio-Canada, Sonia Dridi da Radio Télévision Belge Francophone (RTBF) e Anne Corpet da Radio France Internationale (RFI) tiram tempo de suas vidas corridas para dar aos ouvintes uma visão interna do que está acontecendo na Casa Branca. Até o dia das eleições nos Estados Unidos, o programa vai ao ar semanalmente.
“Estamos muito motivados. Fazemos questão de nos colocar à disposição a cada duas semanas”, explica Dridi, da RTBF. "Uma das vantagens de ter este podcast é que podemos usar material que não se encaixa em nossas reportagens habituais."
Os cinco jornalistas veem a diversidade linguística e cultural de sua equipe como um ponto forte, já que o público europeu e norte-americano não tem necessariamente as mesmas expectativas de conteúdo. “O que torna mais fácil é que nosso assunto é igualmente relevante para todos esses países”, diz Grand. "Raphaël Bouvier-Auclair, que é do Canadá, tem um ponto de vista diferente do que temos na Europa."
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Nasceu regado a cerveja em um bar de aeroporto
O projeto surgiu graças a um encontro casual no aeroporto de Denver, no Colorado. Grand, que tinha um projeto de podcast e estava procurando uma maneira original de produzi-lo, conheceu Phillips, da Radio France. Após uma cerveja, o Washington D’ici nasceu. Pouco depois, Grand procurou em seu telefone e contatou Bouvier-Auclair, a quem ele não conhecia, e todos ficaram animados com a ideia. Além de reunir vozes da língua francesa em cada episódio, o podcast aproximou esses jornalistas por meio de sua linguagem comum.
“Nós nos tornamos uma equipe de amigos e camaradas”, diz Grand. “Quando você é correspondente, principalmente de rádio, costuma viajar sozinho. Este podcast foi criado por um grupo divertido de pessoas e esperamos que se concretize no que você ouve."
[PODCAST] : la semaine 🇺🇸 a été folle avec un POTUS hospitalisé, puis subitement guéri et qui reprend sa campagne. C’est dimanche, en - de 30 minutes, rattrapez ça avec les correspondants des 📻 publiques francophones. #24 du podcast @DiciWashington 🇺🇸🎙📻 https://t.co/eOYhP7rTCf pic.twitter.com/Br9jF9dwRW
— WashingtonDici (@DiciWashington) October 11, 2020
A cada duas semanas -- agora semanalmente com a próxima eleição -- os repórteres discutem as notícias mais recentes a fim de preparar os ouvintes para eleição presidencial americana. Nas últimas semanas, eles discutiram o falecimento da juíza da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg, exibiram uma biografia dos candidatos a vice-presidente Mike Pence e Kamala Harris e conversaram sobre o primeiro debate presidencial infame e cacofônico entre Donald Trump e Joe Biden.
Produzir um episódio a cada semana dá muito trabalho para esses correspondentes que registram todo o material além do horário normal de trabalho. “Para ser honesto, as notícias andam tão rápido que provavelmente poderíamos sair diariamente agora”, brinca Grand.
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'Encontramos tempo e temos um bom ritmo'
Preparar o podcast geralmente significa conectar um deles através do WhatsApp quando ele ou ela está em uma viagem de reportagem, ou esperar que outro termine sua transmissão ao vivo para sua respectiva mídia nacional. Eles tiveram que ser muito flexíveis, mas até agora, tem sido um sucesso.
“Somos uma equipe de cinco jornalistas muito ocupados, mas conseguimos arranjar tempo e agora temos um bom ritmo. Ninguém se sente excluído, todos contribuem como podem. Se estão ocupados demais uma semana, podem fazer menos", diz Dridi.
Como o podcast foi criado para cobrir a eleição presidencial, os cinco jornalistas ainda não sabem o que acontecerá com o podcast quando a corrida terminar. Cada um deles foi enviado para a cidade por um período limitado de tempo e muitos deles deverão deixar Washington em 2021.
Uma coisa é certa: eles continuarão expondo seu ponto de vista único sobre Washington para públicos da língua francesa em todo o mundo até janeiro de 2021, quando o próximo presidente tomará posse. Depois disso, só o tempo dirá.
Quanto ao nome do podcast, os falantes de francês devem ter entendido o trocadilho inteligente com o nome Washington D.C.
Escute o podcast Washington d'ici (em francês)
Stéphanie Fillion é uma jornalista canadense que mora em Nova York. Ela é uma colaboradora frequente da Pass Blue, uma mídia independente que foca em notícias relacionadas à ONU, cobrindo assuntos internacionais.
Imagem principal por Jorge Alcala via Unsplash
Segunda imagem cortesia de Washingtond'ici (foto da equipe).