Diante da desinformação desenfreada online, o vídeo se mostra um formato poderoso que jornalistas podem usar para alcançar usuários com informação factual transmitida de forma ética. Reportagens em vídeo bem pensadas e estrategicamente elaboradas podem circular amplamente online e permanecer com a audiência muito depois de ir ao ar.
Mas embora viralizar seu vídeo pareça ser um objetivo final lógico, há mais na produção de vídeos que engajam do que acumular visualizações. O real desafio? Criar conteúdo em vídeo que repercuta entre a sua audiência.
"Eu quero realmente reforçar que se você está tentando fazer a engenharia reversa da viralidade, você vai enlouquecer", disse Jacob Templin, chefe de vídeo na Thomson Reuters Foundation, na primeira sessão da conferência global do ICFJ Empowering the Truth. "Há tantas outras coisas que você precisa priorizar antes de começar a pensar em viralidade."
Templin deu conselhos sobre como jornalistas podem enfocar suas reportagens em vídeo para que elas gerem engajamento e repercutam na audiência.
Abaixo estão as quatro dicas dele.
Identifique o que engaja a sua audiência
Quando um conteúdo viraliza, isso significa que ele ganhou popularidade e usuários engajados rapidamente de diferentes formas. Os usuários, por exemplo, podem curtir, comentar e compartilhar o conteúdo.
Há diversos componentes envolvidos para se atingir altas taxas de engajamento, explicou Templin. Alguns vídeos com ascensão de popularidade incluem componentes que repercutem do ponto de vista emocional: o vídeo fez as pessoas rirem ou talvez até choraram? Elaborar o seu vídeo para que ele gere uma reação emocional pode ser bastante efetivo para turbinar curtidas, comentários e compartilhamentos.
Alguns públicos também podem reagir a um vídeo por causa da qualidade visualmente impressionante da produção, enquanto outros podem estar interessados no timing dos vídeos, como os que tratam de desdobramentos de notícias de última hora.
Alto engajamento também gera ainda mais alcance. Os algoritmos das redes sociais favorecem postagens com altas taxas de engajamento, então quanto mais engajamento seu conteúdo tem, mais ele vai aparecer para outros usuários online.
Entender por que certos vídeos são mais populares que outros é o primeiro passo para criar conteúdo que vai repercutir melhor com os espectadores e em contrapartida atingir audiências maiores.
Entenda as redes sociais
É fundamental entender a forma única com que o algoritmo de cada rede social funciona para exibir conteúdo. Templin explicou que algumas pessoas podem pensar que postar um vídeo em vários lugares vai aumentar a exposição e viralizá-lo, mas não é necessariamente assim.
"As 'visualizações' são diferentes em cada plataforma. Uma visualização no YouTube é diferente de uma visualização no TikTok", disse Templin como um exemplo. "É difícil dizer o que um vídeo viral em uma plataforma seria em outra plataforma."
Dedique tempo também para entender as características demográficas do seu público, já que isso pode te orientar sobre onde você irá publicar e qual formato funciona. Detalhes importantes para monitorar incluem idade, profissão, renda, localização geográfica e como sua audiência prefere consumir conteúdo.
A maioria dos usuários no TikTok é mais jovem, enquanto os do Facebook são mais velhos. O Twitter tende a atrair usuários de todos os grupos etários. Entender quem é sua audiência e publicar na plataforma apropriada pode ajudar a alavancar seu conteúdo.
Monitore as métricas certas
Não faltam dados ao seu dispor para medir o engajamento. Porém, dependendo do seu conteúdo e de como você espera engajar com sua audiência, certas métricas vão ser mais importantes para você do que outras.
Pergunte a si mesmo: como você está definindo sucesso quando se trata de engajamento? Quais são suas métricas mais importantes? Por exemplo, se o seu veículo está interessado em ter interações diretas com sua audiência, considere focar em comentários em vez de contagem de visualizações.
"O número total de visualizações pode não ser a coisa mais importante", disse Templin. "Obviamente, todas essas coisas alimentam umas às outras, mas eu acho que é importante mesmo pensar nisso primeiro e definir um sistema para medir o seu sucesso a partir das coisas que você mais valoriza."
Teste, mensure, ajuste e repita
Quando o assunto é produzir conteúdo em vídeo, é importante testar, mensurar, ajustar e repetir o sucesso.
Os formatos que você está usando para os seus vídeos são um aspecto importante para testar. Alguns formatos de vídeo podem assumir um estilo noticioso, por exemplo, enquanto outros podem empregar uma abordagem baseada em narrativa e personagem. Encontrar um formato eficiente para entregar a sua mensagem – um que engaje sua audiência – é fundamental.
Trate a abertura do seu vídeo como se fosse a manchete de uma matéria escrita, e faça experimentações com isso, aconselhou Templin. Preste atenção também em quais aberturas mais prendem o seu público e alavancam o engajamento.
Fazer isso pode ser a diferença entre o que leva os fatos – em vez de informação falsa – para os usuários online.
"Como jornalistas, o que podemos fazer é estar nessas plataformas onde a desinformação está sendo disseminada e compartilhar nosso trabalho de um modo que possamos [...] empenhar quantos recursos forem possíveis para colocar nossa informação diante das pessoas", disse Templin. "O vídeo pode potencialmente ser uma ferramenta de fato para combater a desinformação que é muito perigosa."
Disarming Disinformation é um projeto realizado pelo ICFJ com financiamento da Scripps Howard Foundation, uma organização que faz parte do Scripps Howard Fund, que apoia os esforços beneficentes da The E.W. Scripps Company. O projeto de três anos vai empoderar jornalistas e estudantes de jornalismo para lutar contra a desinformação no jornalismo.
Foto por Zach Ramelan via Unsplash.