Jornalistas do mundo todo cobriram várias questões críticas em 2022.
Acontecimentos importantes como a invasão em larga escala da Rússia à Ucrânia e a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de reverter direitos reprodutivos no país dominaram as manchetes. Com a pandemia de COVID-19 ainda em andamento, repórteres também passaram mais 12 meses mantendo as pessoas informadas sobre as variantes mais recentes, além de outras ameaças de saúde.
Enquanto isso, jornalistas continuaram enfrentando censura e violência tanto online quanto presencialmente.
Ao enfrentar esses desafios, jornalistas inovaram para engajar leitores e combater a preocupante disseminação de desinformação.
Confira a seguir o que os bolsistas ICFJ Knight aprenderam em 2022 e dicas que eles compartilharam para ajudar os colegas jornalistas a encarar o novo ano.
Hannah Ajakaiye
Nigéria
Minha experiência na liderança do FactsMatterNG, uma iniciativa que restaura a integridade da informação nas plataformas digitais, me fez perceber como a internet está se transformando em uma arma para a desordem de informação. As redes sociais são o campo de batalha da política eleitoral com influenciadores e manobristas políticos manipulando os algoritmos das plataformas para deslegitimar vozes opositoras e forçar campanhas caluniosas contra jornalistas e cidadãos ativos. O que eu sugiro para os jornalistas em 2023 é o seguinte:
- Preste atenção à desinformação de gênero, principalmente relacionada a tópicos sobre a participação das mulheres na política e saúde reprodutiva;
- Alcance audiências carentes publicando conteúdo em idiomas locais que se conectam com nuances culturais em diferentes níveis comunitários;
- Leve conteúdo de verificação de fatos até as audiências mais jovens, por exemplo fazendo testes com conteúdo humorístico em plataformas como o TikTok;
- Dedique-se a combater a desinformação em plataformas de redes sociais criptografadas testando modelos que foram usados com sucesso em mercados da América Latina e da Ásia.
Sérgio Spagnuolo
Brasil
- Tenho visto muitos jornalistas com burnout nos últimos anos. Não há problema em dar um tempo de vez em quando. Não tente se exceder ou trabalhar demais. Tente focar na sua saúde física e mental quando puder;
- Não tenha medo de experimentar em novas áreas. Eu sei que há (sim, ainda) um estigma entre jornalistas de que eles têm que ser bom em tudo, principalmente na escrita. Mas há ótimos jornalistas trabalhando com SEO, análises, estratégia de conteúdo e redes sociais. A reportagem é o combustível de qualquer iniciativa jornalística, mas estas funções de apoio são enormemente importantes para manter a máquina do jornalismo funcionando e prosperando.
Tinshui Yeung
Hong Kong
Jornalistas precisam repensar a Web3 e reconhecer o potencial de sua tecnologia.
- Depois do colapso da criptomoeda UST e da falência da FTX, alguém pode achar que a tecnologia de blockchain morreu. Mas a maior parte da turbulência que vivenciamos em 2022 foi sobre dinheiro, o que é só parte do que se trata a Web3. Além da cunhagem de NFTs, a Web3 tem muito potencial, desde evitar que um conteúdo seja apagado ou editado por qualquer um até administrar plataformas sociais que podem resistir ao controle de qualquer entidade;
- Este último ponto é especialmente crítico. Quando o mundo ficou sabendo que o Twitter tinha suspendido contas de jornalistas [por cobrirem as movimentações do jato privado de Elon Musk], até a ONU demonstrou preocupação. Embora Musk tenha restabelecido as contas depois, o drama mostra o quão fácil nossa liberdade de expressão pode ser minada. Agora que já deixamos para trás o sonho de sermos milionários, é o momento certo para ver como podemos capitalizar a Web3 pela nossa causa em comum: informar o público com liberdade, segurança e independência.
Laura Zommer
América Latina
Colaboração é o elemento chave do jornalismo hoje. Ela pode aumentar o impacto e melhorar suas ideias. Pense em pessoas com quem você pode fazer uma parceria e criar um fluxo de trabalho simples e claro, e vá em frente!
Foto por Moritz Knöringer via Unsplash.
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