Para os jornalistas começando como correspondentes estrangeiros, David Francis tem algumas dicas para oferecer sobre reportagem cuidadosa, aprender com os locais e propor matérias freelance.
Francis é um jornalista freelance cujas reportagens o levaram ao Afeganistão, México e Alemanha como bolsista do Burns Fellowship. Ele reportou da Nigéria como bolsista do International Reporting Project, com artigos publicados no Christian Science Monitor, World Politics Review e The Fiscal Times.
Francis compartilhou dicas com a IJNet sobre o que os correspondentes estrangeiros devem ter em mente:
- Esteja consciente de como você é percebido e respeite tradições e costumes locais. Em muitos lugares, a simples presença de um repórter chama a atenção. Na África, por exemplo, repórteres brancos se destacam simplesmente por causa da cor de sua pele. Nestas situações, é melhor não chamar a atenção desnecessária. Use roupas apropriadas para a área e respeite os costumes locais. Se você não fala a língua local, permita que tradutores ou colaboradores façam apresentações iniciais ao entrevistar fontes. Tente misturar-se tanto quanto possível, mesmo em situações em que misturar-se é quase impossível.
- Se fizer freelance, mantenha as propostas curtas e diretas ao ponto. Sempre inclua seu lide, por que a história é importante em um contexto de notícias internacionais e por que o público de casa deveria se importar com isso. As propostas para revistas podem ser mais longas. Pense no e-mail inicial para um editor de revistas como o início de uma conversa. Editores de notícias diárias só querem saber o que você pode fazer por eles e quão rápido e preciso pode fazê-lo. Evite escrever matérias sem a garantia de um pagamento, simplesmente porque leva muito tempo e pode não render nada.
- Tenha um plano de fuga e proceda com cautela. Um plano de fuga é sempre necessário ao trabalhar em um lugar desconhecido ou perigoso. Converse com seus colaboradores sobre como deixar uma área se algo dar errado. Se você tem a sensação de que algo ruim é iminente, confie em seus instintos e vá embora. Sempre erre para o lado da cautela. Não espere o pior, mas esteja pronto para isso. Uma situação nunca é perigosa até que seja; as coisas podem ir do normal ao caos em uma fração de segundo.
- Faça sua pesquisa. Fale com outros repórteres com experiência no país antes de viajar. Certifique-se de ter acesso a dinheiro suficiente (seja levando dinheiro ou se há acesso a caixas eletrônicos); esteja ciente sobre preocupações de segurança; e tenha uma agenda aproximada de onde você vai e com quem planeja falar. Informe as pessoas sobre este plano antes de sair e atualize-as durante sua viagem. Faça contatos antes de chegar ao país. Comunique-se com repórteres locais, que são tipicamente mais do que dispostos a ajudar um novo jornalista na cidade. Entre em contato com blogueiros e pessoas que são ativas nas mídias sociais. Compre um telefone celular local assim que chegar. Tente ficar tão conectado com a cena da mídia local quanto possível.
- Deixe a torre de marfim. Acadêmicos e especialistas em think-tanks são grandes fontes de informações de fundo e geralmente são mais do que dispostos a falar com a mídia estrangeira. Para algumas matérias, políticos ou banqueiros são as únicas pessoas com quem você precisa conversar. Mas não ignore o homem na rua. As opiniões dos tomadores de decisão são importantes, mas a opinião das pessoas sobre o impacto dessas decisões é igualmente importante.
- Seja flexível. Os planos mais bem estabelecidos inevitavelmente desmoronam em viagens de reportagem no exterior. Histórias que pareciam grandes ideias em casa muitas vezes são menos atraentes ao chegar no país. Quando isso acontecer, não se desespere e siga as novidades onde quer que seja. Sempre pense em como seu público em casa pode se relacionar com os eventos que você está testemunhando. Muitas vezes são as histórias não planejadas que acabam sendo as melhores.
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