10 alternativas de estágio para a era de COVID-19

Jun 11, 2020 em Jornalismo básico
Ônibus de captura de pessoa

É um eufemismo dizer que é um momento desafiador para ser jornalista agora.

Nos Estados Unidos apenas, mais de 36.000 empregos em organizações de mídia foram afetados por demissões, licença ou redução de horas. E esses números não incluem os inúmeros estágios perdidos, quando muitas redações fecharam ou adiaram esses programas.

Isso representa um verdadeiro enigma, especialmente para muitos jovens jornalistas, que dependem de estágios para conseguir experiência em redação, que muitas vezes é um pré-requisito para muitos empregos. Alguns veículos de comunicação e notícias não considerarão um jornalista recém-formado, a menos que tenha dois ou mais estágios em seu currículo.

No contexto de oportunidades reduzidas, enquanto a necessidade de experiências de estágio e desenvolvimento profissional continua, como os jornalistas devem iniciar suas carreiras?

Aqui estão 10 ideias-chave:

(1) Lembre-se de que as redações ainda estão contratando (incluindo estagiários)

Várias organizações de mídia estão oferecendo estágios remotos e outras funções de jornalismo 100% virtuais. Além de se candidatar a essas oportunidades, os jornalistas também devem investigar se outros meios de comunicação estão sujeitos à possibilidade de trabalho remoto.

Para jornalistas e estudantes de jornalismo, trabalhar remotamente como resultado do coronavírus significa que você pode demonstrar sua capacidade de produzir trabalho para uma redação. Essa é uma experiência valiosa que não deve ser esquecida.

(2) Se o seu estágio for cancelado, veja se você pode voltar

Embora muitos programas de estágio tenham sido cancelados, isso não significa que a oportunidade tenha desaparecido. Se puder, pergunte se você pode voltar mais tarde, quando os desafios à saúde pública podem não ser tão grandes.

Uma de minhas alunas, a brasileira Renata Geraldo, conseguiu fazer isso com o Wall Street Journal (WSJ). Em vez de trabalhar para eles durante o verão americano, ela adiou o estágio para o outono, quando espera poder trabalhar na sede do WSJ em Nova York, em vez de sua casa em Portland, Oregon. Renata também conseguiu realizar um estágio remoto adicional na agência Bloomberg.

(3) Não subestime o valor da mídia estudantil

Quando Mandy Jenkins, da McClatchy, visitou a Universidade de Oregon no último verão, uma das principais mensagens que ela compartilhou com os alunos foi o valor da experiência na mídia da faculdade.

Tradicionalmente, os níveis de pessoal caem consideravelmente durante as férias, criando uma oportunidade para os jornalistas empreendedores obterem mais trabalhos, se conectarem, experimentarem novas editorias e desenvolverem técnicas de redação.

A mídia universitária também é um ótimo lugar para obter experiência em gerenciamento, acostumar-se a a cumprir prazos e entregar um trabalho significativo. Em um momento de crescente desertos de notícias, muitos meios estudantis e liderados por estudantes estão cobrindo histórias além do campus que ninguém mais está cobrindo.

(4) Seja empreendedor e crie seus próprios produtos/plataformas 

O que está faltando em termos de histórias e conteúdo? Você pode preencher essa lacuna? Existem várias maneiras de fazer isso, incluindo trabalhar como freelancer, bem como publicar no Medium, IGTV e YouTube ou iniciar um podcast.

Obviamente, a monetização é um desafio. Mas desertos de notícias e lacunas de cobertura incentivaram alguns jornalistas e empreendedores a iniciar suas próprias publicações.

Na região americana do noroeste do Pacífico, Chas Hundley publica o menor jornal semanal de Oregon. Ele criou o Gales Creek Journal na cidade em que cresceu (população 655) após o colegial. A publicação online e impressa e sua publicação irmã, The Banks Post, cobrem o extremo oeste do Condado de Washington e a Floresta Estadual de Tillamook.

Mais ao norte, o blog West Seattle funciona 24/7 por mais de uma década. O site possui mais de 60.000 seguidores no Twitter e 35.000 fãs no Facebook. Você poderia seguir os passos deles?

[Leia mais: Quer começar um podcast? Aqui estão algumas dicas]

(5) Crie seu próprio programa de aprendizado

Existem muitos recursos excelentes disponíveis para jornalistas que desejam manter-se atualizados com as últimas discussões do setor, desenvolver ou aprimorar habilidades.

Isso inclui recursos de treinamento gratuitos do Google, especialistas em desinformação como First Draft, Poynter e a Faculdade Craig Newmark de Pós-Graduação em Jornalismo de Nova York.

Os jornalistas podem aproveitar esses materiais para desenvolver seu próprio programa de aprendizado e avançar em seu próprio ritmo — em muitos casos de graça. Alguns programas também vêm com certificados de conclusão, se isso for importante para você.

(6) Faça freelas

O jornalismo freelance pode ser difícil, e não é para todos. No entanto, apesar de haver menos estágios e funções permanentes de redação disponíveis no momento, muitos editores ainda estão procurando colaboradores.

Sites da comunidade jornalística como o Study Hall oferecem um meio de encontrar oportunidades, interagir e acompanhar as listagens de empregos e chamadas de freela. A associação começa a partir de US$4 por mês.

Você pode encontrar diretrizes para propor pautas em muitos sites, bem como no Twitter e Medium. Fazer propostas de pauta sem uma chamada aberta também pode funcionar se você tiver uma especialização (tópico, conjunto de habilidades ou localização geográfica) que os veículos estão procurando no momento. 

[Leia mais: Como os jornalistas encontram suas ideias de pautas?]

(7) Considere outros locais onde suas habilidades podem ser usadas

Jornalistas têm habilidades altamente valiosas e transferíveis. A capacidade de escrever, produzir conteúdo multimídia e contar histórias é buscada em uma variedade de configurações.

Isso abre possibilidades em relações públicas e comunicações corporativas, além de produzir conteúdo para as empresas. Por exemplo, vários de meus alunos têm experiência no gerenciamento de redes sociais para as empresas em que trabalham fora da faculdade.

Dra. Jacqui Taylor, fundadora e CEO da FlyingBinary, com sede em Londres, também recomenda procurar organizações não governamentais e instituições de filantropia para ver quais histórias os jornalistas podem ajudá-los a encontrar e compartilhar.

(8) Faça contatos 

Agora é a hora perfeita para reforçar as conexões antigas e fazer novas. Abrace entrevistas informativas e conversas com ex-colegas e fontes. Você nunca sabe onde essas conversas podem levar, e elas serão úteis e informativas, independentemente.

Nesse período, pedi meus alunos para realizar uma entrevista informativa. Muito poucos deles já haviam feito isso antes, e a ideia aterrorizava muitos deles. No entanto, sem dúvida nenhuma, essas conversas foram úteis e os jornalistas foram incrivelmente generosos com o tempo.

Não sabe como fazer isso? Aqui está um documento do Google que eu compilei com algumas dicas e modelos úteis.

(9) Coloque sua casa digital em ordem

Raramente temos tempo para refinar e atualizar nossos portfólios online; portanto, um pouco de tempo tranquilo no momento é uma ótima oportunidade para corrigir isso.

Aprimore seu LinkedIn e garanta que o site de seu portfólio contenha seus artigos melhores e mais recentes. Se você não possui um site de portfólio, agora é a hora de criar um!

Comece a se envolver mais em conversas no Twitter, Grupos do Facebook e tópicos do Reddit. Certifique-se de que, quando as pessoas pesquisem o seu nome, aparece o melhor de você.

(10) Atualize-se com o que está acontecendo no seu setor

Leia a imprensa especializada, participe de seminários online, inscreva-se em boletins relevantes e fique a par dos mais recentes desenvolvimentos do setor.

Compreender as tendências mais recentes do setor pode ser um diferencial importante no processo de contratação, permitindo que você comunique os desafios estratégicos enfrentados pelos possíveis empregadores, além de identificar tendências, oportunidades e veículos emergentes para aproveitar.

Fazer isso pode lhe dar uma vantagem sobre seus pares. E hoje em dia, especialmente, você deve agarrar cada pedacinho de vantagem competitiva com as duas mãos.


Damian Radcliffe  é professor de jornalismo na Universidade de Oregon, bolsista do Centro Tow Center para Jornalismo Digital na Universidade Columbia, pesquisador honorário da Faculdade de Jornalismo, Estudos de Mídia e Cultura da Universidade Cardiff e bolsista do Sociedade Real para o Incentivo às Artes, Manufaturas e Comércio (RSA).


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Damian Radcliffe

Damian Radcliffe é professor de jornalismo na Universidade de Oregon, bolsista do Tow Center for Digital Journalism na Universidade Columbia, pesquisador honorário da Escola de Jornalismo da Universidade de Cardiff e membro da Royal Society for the Encouragement of Arts, Manufactures and Commerce (RSA).