É jornalista independente? Considere essas fontes de renda

Jul 19, 2022 em Freelance
A collection of euro banknotes.

Com mais jornalistas aderindo à "Grande Onda de Pedidos de Demissão" ou "Grande Debandada", quais opções estão disponíveis para quem quer ser seu próprio chefe?

Antes, jornalistas que trabalhavam por conta própria se tornavam primordialmente freelancers em grandes publicações. Mas hoje há várias opções online dentre as quais jornalistas podem escolher se quiserem trabalhar de forma independente.

Newsletters pagas

Criada em 2017, a plataforma Substack se popularizou entre jornalistas. Ela oferece um serviço completo que permite a escritores editar, publicar e enviar newsletter diretamente para os assinantes pagos.

Aproximadamente de um ano para cá, muitos jornalistas independentes influentes migraram para o Substack na esperança de ganhar mais liberdade editorial. Dentre eles estão o colaborador da Rolling Stone e ex-New York Times Bari Weiss e o ex-colaborador da Vox Matthew Yglesias.

O jornalista Casey Newton escreveu sobre sua experiência com o Substack um ano depois de pedir demissão de seu trabalho e criar uma newsletter paga na plataforma.

“Eu sinto que tenho mais controle sobre o meu destino. Eu possuo um ativo que pode se valorizar com o passar do tempo. E eu amo trabalhar em nome dos leitores e interagir com eles diariamente."

Casey também listou alguns desafios. "Ter que fazer a contabilidade — há muito mais burocracia do que antigamente. Não ter um editor para a newsletter diária — agradeço a todos vocês que mostram os erros de digitação, os quais eu me esforço para corrigir o mais rápido possível."

Helena Fitzgerald, freelancer que vive em Nova York, é outro exemplo. Em uma entrevista à NPR, ela disse que sua principal fonte de receita vem de sua newsletter no Substack, "Griefbacon", que oferece uma combinação de conteúdo gratuito e pago, uma estratégia comum no Substack.

Venda de cursos online

Muitos jornalistas estão vendendo sua expertise por meio de cursos online ou em plataformas como Udemy e Maven. 

O jornalista e ex-correspondente de guerra Julian Gearing está vendendo na Udemy um curso chamado “Habilidades de Jornalismo para Inciciantes”, no qual ele ensina aspirantes a jornalistas como emplacar matérias de destaque. Os materiais didáticos que ele usa incluem vídeos para ver sob demanda, artigos e materiais para download que os participantes podem usar no seu próprio ritmo.

Treinamento particular

Oferecer capacitação mais personalizada para jornalistas e outros escritores é outra forma de jornalistas diversificarem suas fontes de receita. Por exemplo, a jornalista Wudan Yan oferece serviços de consultoria em trabalho freelancer e preparação de candidaturas para bolsas e subsídios.

A bagagem jornalística de Yan a deu uma vantagem única como instrutora. "Minha experiência como jornalista significa que eu recebo cada cliente com a mente aberta. Eu não tenho nenhuma ideia sobre como o seu negócio deveria ser, eu estou muito mais interessada em ouvir você me dizer o que você quer."

Venda de infoprodutos

Profissionais podem vender sua expertise no formato de e-book ou PDF em sites como a Gumroad, uma plataforma de autopublicação e marketplace digital.

O jornalista e consultor Robb Montgomery está vendendo no site um e-book sobre jornalismo móvel que também inclui ilustrações e um site auxiliar com vídeos.

"Eu queria oferecer uma versão do e-book personalizada em PDF porque muitos dos meus leitores disseram que preferem esse formato", diz. "A Gumroad é uma superplataforma e a equipe por trás dela trabalha com integridade. Ao fazer minha autopublicação, consigo ganhar retorno máximo."

Perguntado sobre qual conselho ele pode dar para jornalistas que querem publicar seus próprios infoprodutos, Montgomery diz que "o conselho é se tornar um especialista de verdade em um assunto em torno do qual você possa construir a sua reputação", acrescentando que, para jornalistas com muitas habilidades, há sempre uma gama de novas oportunidades de ganhar dinheiro com conteúdo de não-ficção.

Venda de programas de membros 

Muitos jornalistas usam o Patreon, uma plataforma que permite a criadores de conteúdo oferecerem um serviço de assinatura. Os usuários pagam um valor mensal para ter acesso a benefícios ou outros conteúdos.

Uma das jornalistas que usa o serviço é a britânica Vicky Smith, jornalista investigativa que descreve o seu Patreon como a razão pela qual ela pode fazer o jornalismo que ela realmente quer fazer. "Eu consigo detalhar grandes assuntos e te contar o que os especialistas têm a dizer. Eu posso analisar as principais notícias da semana e ainda escrever matérias sobre pessoas ou questões interessantes."

Alguns jornalistas optam por pedir apoio diretamente à sua audiência e leitores leais para que possam continuar a trabalhar de forma independente e oferecer conteúdo que a audiência gosta.

A jornalista freelancer Kaitlyn Arford usa o serviço Buy Me A Coffee para pedir apoio. O site, muito parecido com o Patreon, permite que os apoiadores façam doações mensais a um criador de conteúdo em troca de acesso a materiais exclusivos ou oportunidades. A jornalista diz em seu perfil: "Se você me conhece, sabe que eu funciono à base de café. Entre um deadline e outro, eu compartilho conselhos, conhecimentos e transparência sobre precificação para quem é freelancer... Se você gosta do que eu faço, espero que você considere me pagar um café."

Com mais jornalistas do que nunca optando por trabalhar de forma independente, esses recursos são essenciais para permitir que repórteres publiquem matérias relevantes sem se preocupar em como vão receber o próximo pagamento.


Foto por Markus Spiske no Unsplash.