Com robôs instruindo redações sobre quando (e quando não) publicar atualizações nas redes sociais, quanto tempo vai levar para assumirem a tarefa de verificar o conteúdo online?
Não vai ser tão rápido, disse Claire Wardle, diretora dos serviços de notícias para o Storyful. Ela falou sobre a questão 'jornalista vs. robô' num recente chat na IJNet.
O Storyful usa um algoritmo para descobrir conversas relevantes nas mídias sociais e usa os jornalistas para verificar esse conteúdo para outras organizações de notícias.
Wardle disse que algumas técnicas de verificação manual do Storyful, como pesquisas reversas de imagem, podem ser automatizadas, mas o olhar do jornalista ainda é necessário para tarefas mais contextuais.
"Nós muitas vezes comparamos um pouco do que fazemos com o trabalho da polícia. Trata-se de coletar pistas. Enquanto uma parte disso pode ser automatizado, ficaria muito preocupada se os aspectos mais complicados de verificação fossem automatizados", disse ela. "Acho que descobrir [conteúdo] em plataformas sociais pode e deve ser automatizada, ou melhorado usando a tecnologia (e estamos trabalhando para isso!). Mas a verificação é uma questão diferente."
Wardle disse que a organização tem mais de 600 listas no Twitter escolhidas a dedo que seguem fontes confiáveis em todo o mundo, mas usa tecnologia para monitorar os níveis de agito.
"Nós não podemos acompanhar estes fluxos o todo o tempo (nossos olhos iam sair das nossas cabeças!), Por isso usamos a tecnologia para monitorar a velocidade em que a lista se movimenta, para sermos alertados quando as listas de se tornam mais 'agitadas'", disse ela. "Às vezes, as listas começam a ficar mais agitadas, por causa de uma notícia, mas às vezes é porque houve uma reviravolta na história de uma novela. Precisamos ter instintos jornalísticos para sermos capaz de usar a tecnologia para nos impulsionar e daí fazemos o resto."
Com mais de 40 colunas abertas em suas contas no TweetDeck, os jornalistas do Storyful também contam com a ajuda de desenvolvedores para simplificar seu processo de descoberta.
"Quando uma notícia de última hora acontece, nossos jornalistas terão várias abas abertas no navegador pesquisando no YouTube, Twitter, Facebook, Instagram, Reddit," ela disse. "Nossos desenvolvedores perceberam que poderiam construir uma extensão bem simples de multi-pesquisa no Google que permitiria que essas pesquisas fossem feitas muito mais rapidamente."
Wardle também apontou uma diferença nos padrões de verificação de pendendo da idade de uma pessoa. "Eu vejo uma diferença entre gerações. Os jornalistas mais jovens tendem a assumir que o que estamos vendo é verdade, e executar verificações de má vontade, apenas caso algo seja falso", disse ela. "Os jornalistas mais velhos são muito mais céticos e assumem que o que estamos vendo é falso, até que possam provar o contrário."
Imagem usada com licença CC no Flickr via Mark Strozier