Nollywood, a indústria cinematográfica nigeriana, é a segunda maior do mundo, produzindo semanalmente cerca de 50 filmes em inglês e em idiomas indígenas nigerianos. Já uma grande colaboradora do cinema africano, ela tem o potencial de criar mais de 20 milhões de empregos e contribuir com US$ 20 bilhões para o PIB combinado do continente, de acordo com um relatório da ONU.
Veículos que cobrem a indústria suprem uma necessidade fundamental, ajudando o público a entender a indústria ao mesmo tempo em que facilitam debates sobre seu crescimento e desenvolvimento.
O The Film Conversation é um desses veículos que inspiram conversas necessárias em meio à audiência do cinema e que fazem críticas sobre as falhas da indústria. Fundada por Adebayo Yousuph Grey e Omolara Bushrah Atunwa, a plataforma tem o objetivo de intermediar a análise produtiva da indústria cinematográfica.
"Com o [The Film Conversation], o ponto principal é ter uma plataforma que se torne o ponto de convergência para o engajamento crítico da indústria do cinema", diz Grey. "Buscamos atingir [isso] com resenhas imparciais consistentes bem como conversas com todas as partes interessadas da indústria para entender o processo criativo dessa forma de arte. Também destacamos os desafios que a indústria enfrenta na tentativa de realmente resolver esses problemas."
O The Film Conversation oferece seu conteúdo em diferentes formatos, incluindo resenhas, matérias especiais, notícias, entrevistas, artigos de opinião, quizzes e artigos em formato de lista. O veículo também tira proveito das redes sociais para engajar efetivamente a audiência no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e TikTok.
Há também mais inovação no horizonte. "Planejamos fazer experimentos com diferentes formatos, incluindo mais vídeos e podcasts. Um deles, 'Document Nollywood', vai ser uma tentativa de conseguir uma página aprovada na Wikipedia cheia de informação relevante sobre 1.000 filmes antigos de Nollywood", diz Atunwa.
Anita Eboigbe, jornalista de cinema e crítica cultural, concorda que o jornalismo de cinema de qualidade seria um marco positivo para a indústria. "Apesar de ainda estar crescendo na Nigéria, o jornalismo de cinema está num lugar no qual podemos reconhecer a autoridade de algumas plataformas que estão se saindo bem", diz Eboigbe. "As pessoas estão opinando e a audiência está se envolvendo mais no processo de produção dos filmes. O que o jornalismo faz é funcionar como um elo entre todas as partes interessadas e atores para ver onde cada participante da indústria está falhando ou o que precisa melhorar."
Uma plataforma relativamente nova, a The Film Conversation já deixou uma marca na indústria com a sua cobertura. "Nossa resenha de Agesinkole, de Femi Adebayo, segue sendo muito lida e elogiada pela maneira como reitera o contexto cultural do filme", diz Grey. "Nossa cobertura [do Africa Magic Viewers Choice Awards] foi muito elogiada pela nossa audiência principalmente porque priorizamos as redes sociais. Nós fizemos uma matéria especial sobre Kannywood e o choque constante da indústria com a censura."
Apesar do sucesso, financiar o jornalismo de cinema segue sendo um desafio. "Há uma barreira para atrair investimento para escalar as operações, aumentar a credibilidade e ampliar o impacto", diz Atunwa. "Nem todo mundo quer investir em uma startup de jornalismo de cinema por preocupações com a viabilidade do negócio."
O aumento da cobertura sobre a indústria cinematográfica da Nigéria traz benefícios para jornalistas, o público e o próprio mercado de cinema. "O impulso é sustentado para treinar e abastecer o mercado com jornalistas de cinema de qualidade – para onde quer que você olhe, você vê conversas e cobertura de qualidade. O que isso faz é aumentar a confiança que a audiência tem no mercado, exportar o mercado mais rapidamente e aumentar a confiança que os cineastas [têm] na audiência, disse.
Atunwa observa que o futuro do jornalismo de cinema na Nigéria é promissor. "À medida que a indústria continua a se abrir e atrair um público maior, estaremos aqui para documentar os passos dela daqui para frente, tanto do ponto de vista criativo quanto dos negócios."
Foto por Denise Jans via Unsplash.