A maioria das redações continua otimizada para um mundo de computador de mesa quando a grande maioria dos seus clientes consome suas notícias em dispositivos portáteis, segundo os participantes de um painel sobre a revolução móvel no Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ, em inglês) em Austin, Texas.
Stacy-Marie Ishmael, editora de aplicativos de notícias no BuzzFeed News, perguntou para a platéia quantos conseguem criar ou editar uma matéria e postá-la em plataformas diretamente a partir de seus dispositivos móveis de suas organizações de notícias, sem fazer login em um computador. Ninguém levantou a mão. Stacy-Marie disse que ela consegue fazer essas coisas porque o BuzzFeed enfatiza fortemente o móvel.
"Não se trata apenas da experiência do usuário final, é também sobre a experiência do criador", disse ela. Mas o BuzzFeed não é totalmente otimizado para celular, disse ela. A empresa dá a cada funcionário um laptop, quando seria melhor dar a todos um dispositivo móvel -- e não o móvel mais avançado, mas o que é mais perto do que a maioria dos clientes está usando.
Stacy-Marie se juntou a Trei Brundrett, representante-chefe de produto da Vox Media; Adam Symson, vice-presidente e representante-chefe digital do E.W. Scripps Co.; Drake Martinet, chefe global de plataforma da Vice Media; e a moderadora Ann Marie Lipinski da Nieman Foundation da Universidade Harvard para um painel chamado "Reformatando a notícia: Como o jornalismo está respondendo à revolução móvel e mudanças nos hábitos dos consumidores de notícias".
Os palestrantes ofereceram conselhos para organizações de mídia que tentam atender seus clientes onde eles vivem - em seus dispositivos móveis. Eles falaram no 16° ISOJ, organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas.
A velocidade é o fator mais importante para o móvel, disse Trei. Você tem menos de um segundo para o seu site móvel carregar antes que os usuários desistam e fechem o app, mas a velocidade média para carregar para aplicativos é sete segundos, ele disse.
"Nós temos que fazer a velocidade móvel uma métrica de toda a empresa assim como pageviews", disse ele. Ele observou que 20 por cento das pesquisas do Google estão em móvel, e que o Google usa a velocidade de carregamento como uma métrica em ranking de sites.
A velocidade do mobile não é apenas um fator de tecnologia, disse Trei. Não importa quão rápido o seu site seja carregado se os seus processos editoriais impedem a velocidade.
"Carros velozes precisam de bons motoristas", disse ele.
Stacy-Marie exortou as organizações de notícias a lembrar que suas audiências não estão apenas em países como os Estados Unidos, onde redes de alta velocidade permitem velocidades de carga rápida.
"Alguns dos meus aplicativos móveis favoritos tornam-se menos favoritos quando eu desembarco em um país" onde a velocidade é lenta e navegar online é caro, disse ela.
Depois da velocidade, Stacy-Marie disse, o contexto é o fator mais importante no mobile. Os dispositivos nos dão uma relação muito mais íntima com os nossos clientes, disse ela, observando que a maioria das pessoas os mantém sempre à mão, mesmo na cama -- e que com a Apple Watch, as pessoas vão em breve levar seus dispositivos móveis para o chuveiro.
Essa intimidade também dá ao mobile uma oportunidade única para irritar os clientes, especialmente através de notificações mal pensadas, disse ela. Muitas vezes essas notificações não têm nada a ver com os interesses ou locais dos clientes individuais, disse ela.
Adam concordou, observando que ele recebe notificações sobre problemas de trânsito que não estão em seu trajeto. A mídia ainda é "ampla demais", disse ele.
"Quanto mais você conhece o seu consumidor, mais você vai ser capaz de entregar um produto que vai surpreendê-lo e encanta-lo", disse.
Drake mostrou alguns dos vídeos da Vice e refutou a noção de que millennials -- que compõem a maior parte da audiência do Vice -- não estão interessados em notícias. Os clipes de notícias estão entre conteúdo mais popular do site no celular, disse ele.
"Uma geração está clamando por algo que não está sendo oferecido", disse ele.
Durante sua apresentação, Drake mostrou trechos de reportagens em vídeo do Vice. Abaixo, o trailer de "Os Fantasmas de Alepo," um dos vídeos que Drake mostrou sobre a cidade fantasma na Síria.
Foto de Drake Martinet sob licença CC-no Flickr via UT Knight Center