Uma matéria recente que circula na internet observou que quando se trata de jornalismo de dados no Oriente Médio, um nome se destaca: Amr Eleraqi.
O guru da alta tecnologia do Cairo foi a força motriz por trás do lançamento da Rede Árabe de Jornalistas de Dados, ou ADJN, (abreviação em inglês) como é comumente conhecida. O recurso online foi criado em parte, diz ele, "para ajudar a preencher um vazio".
"O jornalismo de dados é a atual revolução no mundo da mídia, mas havia poucos materiais educacionais ou exemplos de histórias baseadas em dados em árabe", disse Eleraqi. "Queríamos criar nosso próprio conteúdo em vez de depender exclusivamente de materiais traduzidos."
Ele compara o jornalismo de dados a um trem: "Se você ficar de pé e só olhar, ficará para trás. Você tem que embarcar. "Desde a sua criação em julho de 2017, a ADJN tornou-se um centro para jornalistas de dados na região.
O website — em árabe, inglês e francês — possui materiais de treinamento, recursos, ferramentas e técnicas para histórias geradas por dados. Há publicações de notícias locais e internacionais, artigos e conselhos de especialistas no campo.
Para Eleraqi, a adaptação à tecnologia digital mais recente vem naturalmente.
Em 2012, ele cofundou o InfoTimes, um site especializado em jornalismo de dados, e foi homenageado pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês) pelo uso de tecnologia digital em reportagem de serviço público durante um programa em Amã, na Jordânia. No ano seguinte, ele ganhou um prêmio do sindicato da mídia egípcia pela inovação.
Em 2016, ele publicou "Fundamentos do Jornalismo de Dados", o primeiro livro sobre o tema em árabe. Em um perfil, Eleraqi se descreve como "o cara que analisa os dados, encontra as histórias interessantes e explica isso aos designers."
Para saber mais sobre a prática do jornalismo de dados no Oriente Médio e África do Norte, a ADJN publicou uma pesquisa no Facebook. Sessenta jornalistas de sete países -- Egito, Marrocos, Jordânia, Tunísia, Iraque, Síria e Líbano -- responderam. Desses, 44 por cento eram do sexo feminino e 56 por cento do sexo masculino. A maioria respondeu do Egito.
Entre as descobertas:
Noventa e quatro por cento dos jornalistas disseram que era "muito difícil ou difícil" obter dados oficiais em seus países. A resposta "muito fácil" não recebeu nem uma única votação.
As leis de FOI (liberdade de informação, em inglês) não pareciam úteis, mesmo em países como a Jordânia e a Tunísia, onde existem. A maioria dos entrevistados nunca usou um pedido de liberdade de informação.
A metade dos participantes teve experiência em usar ferramentas gratuitas para visualizar dados em suas matérias. Piktochart, Infogram e Google Sheets foram mais frequentemente mencionados.
Quase 70 por cento disseram que publicaram principalmente online; 18,6 por cento trabalhavam para publicações impressas e 12 por cento para rádio. Ninguém respondeu que trabalhava para a TV.
O final da pesquisa incluiu uma lista de recomendações que a equipe editorial compila de especialistas em jornalismo de dados e sites como Poynter e Ojo Público Entre as dicas e conselhos mais notáveis:
Os dados por conta própria não contam uma história. Ainda precisamos que os jornalistas decidam como organizar, analisar e visualizar dados, além de fornecer contexto e interpretação apropriados.
Grandes projetos de dados geralmente não começam com grandes conjuntos de dados. Eles começam com ótimas perguntas e o desejo de encontrar a evidência mais difícil disponível para responder a essas perguntas.
O jornalismo de dados é mais frequentemente sobre humanos. Deixe os números de lado e encontre os seres humanos que são os melhores exemplos de seus dados.
Há quase sempre erros nos dados. Você tem a responsabilidade de consertar os erros antes de apresentar informações ao público.
Se você não sabe usar planilhas, aprenda. Procure ajuda e dicas online. Dê muito tempo a si mesmo quando começar. Não faça isso correndo. Você cometerá erros.
As agências governamentais estão se adaptando lentamente para fornecer dados no formato Excel. Sempre tente obter informações de forma legível, caso contrário, talvez seja necessário digitar dados manualmente.
A pesquisa observou que "há uma ótima história de compartilhamento entre a comunidade de jornalismo de dados. Esta é a única maneira de manter ferramentas e métodos sempre em mudança". A ADJN foi projetada para cumprir esse papel.
Jornalistas da região se reunirão de 6 a 8 de março no Cairo para a conferência "In-Depth Data Journalism", organizada pela ADJN. Entre os temas: coleta, limpeza e verificação de dados, codificação para jornalistas, o poder da narrativa interativa e estatísticas para jornalistas. Um número limitado de bolsas pagas está disponível para jornalistas da região que não podem viajar para o evento.
Os vídeos sobre o jornalismo de dados criados pela Eleraqi são publicados no site da ADJN, incluindo "Quatro habilidades exigidas dos jornalistas de dados" e "Regras simples para evitar erros comuns no design de dados".
Imagem sob licença CC no Flickr via Eric Fischer