Em 2016, a ProPublica lançou o Electionland. Um ano depois, foi a vez do Documenting Hate. Os dois projetos de reportagem colaborativa em larga escala mobilizaram redações e jornalistas de todo o país para obter informações sobre questões de acesso aos eleitores e crimes de ódio nos Estados Unidos. Os resultados foram reportagens contundentes, que fornecem uma cobertura abrangente desses problemas pouco reportados.
Com base nos sucessos e lições aprendidas com essas colaborações, a ProPublica lançou uma nova ferramenta de reportagem colaborativa de código aberto em setembro. Apropriadamente chamada de "Collaborate [Colabore], a ferramenta permite que grandes grupos de jornalistas e pesquisadores trabalhem juntos de forma estratégica e eficiente para gerenciar projetos que envolvem grandes conjuntos de dados.
“A filosofia por trás de tudo é tentar fazer com que as redações trabalhem mais juntas e oferecer a elas uma maneira física de fazer isso”, disse Rachel Glickhouse, gerente de parceiros da ProPublica para o Documenting Hate, à IJNet.
A ferramenta permite que os usuários marquem dados e dicas recebidas com metadados, explicou Ken Schwencke, jornalista e desenvolvedor da ProPublica.
"Isso permite que as pessoas que trabalham no banco de dados sinalizem atividades entre si", disse Schwencke. "Tipo se o dado é credível ou se alguém está trabalhando para obter mais informações."
Os usuários podem atribuir tarefas uns aos outros, adicionar informações de contato sobre os informantes e fornecer atualizações sobre as informações que eles compartilharam. Também podem adicionar tags para classificar os dados mais facilmente.
A ferramenta foi projetada para funcionar especialmente bem em um projeto que depende de crowdsourcing para coletar dados e dicas, na mesma linha que o Electionland e Documenting Hate. Esses projetos usaram o Screendoor para receber dados e repórteres inserindo manualmente os conjuntos de dados, usando habilidades de codificação.
Com o “Collaborate”, os usuários agora poderão fazer upload de arquivos CSV e diferentes tipos de folhas do Google, de acordo com Glickhouse, facilitando a integração com os processos existentes de crowdsourcing e eliminando a necessidade de habilidades de codificação.
A ProPublica se baseou no software interno usado em suas colaborações anteriores, chamado “Landslide”, para desenvolver o “Collaborate”.
"'O 'Landslide' foi fundamental para tudo isso", disse Schwencke, que foi o arquiteto da ferramenta original. "Foi desenvolvido para receber dados de várias fontes e permitir acesso controlado a repórteres em todo o país, permitindo que pesquisassem e filtrassem por dicas interessantes e informando a outros usuários do sistema que estavam trabalhando neles."
Schwencke construiu e personalizou o “Landslide” para atender às necessidades específicas da ProPublica para o Electionland e Documenting . A ideia para o “Collaborate” é que qualquer redação ou jornalista — independente da ProPublica — poderá agora liderar seus próprios esforços semelhantes de geração de reportagem colaborativa ou mesmo projetos internos.
"[Para] redações que têm projetos mais imediatos nos quais estão trabalhando internamente e que envolvem vários repórteres e editores, pode ser muito útil para gerenciar projetos internamente", afirmou Glickhouse. "Gostaríamos muito que as redações colaborassem, mas acho que também podem usá-lo apenas para colaborar entre seus colegas."
Glickhouse espera que o “Collaborate” ganhe força não apenas no mercado interno, mas também mundialmente. Várias redações na América Latina e Europa já manifestaram interesse, disse ela.
O back-end está disponível em inglês e espanhol, e o código pode ser encontrado no GitHub. A ProPublica também publicou um manual sobre como usar o software, bem como um guia colaborativo de jornalismo de dados, disponível nos dois idiomas. O guia complementar oferece dicas e práticas recomendadas para o lançamento de um projeto de reportagem colaborativa e insights sobre o ciclo de vida dessas iniciativas. A ProPublica também está oferecendo treinamentos virtuais sobre como usar a ferramenta e executar projetos de compartilhamento de dados movidos por multidões.
"O que fizemos é padronizar as coisas e permitir que as pessoas implantem seus próprios [projetos], o que significa introduzir suas próprias fontes de dados e definir seus próprios projetos", disse Schwencke. "Isso permitirá que qualquer pessoa crie seu próprio projeto, como o Documenting Hate ou o Electionland, com suas próprias fontes de dados e obtenha o benefício de nossa experiência suada."
Imagem sob licença CC no Unsplash via NESA by Makers