Prezados colegas jornalistas,
Escrevo com preocupação porque chegou ao meu conhecimento que muitos, se não a maioria de vocês, têm receio de trabalhar com planilhas.
Eu entendo esse medo. Jornalistas tendem a ser interessados em artes ou política e nunca precisavam interagir com uma ferramenta de contabilidade informatizada.
Trabalhar com uma planilha pode parecer assustador, mas como isso é diferente de processamento de texto? Nos dias antes de PCs, as palavras não eram processadas, mas trabalhadas. Um pensamento inteiro tinha que ser construído antes que pudesse ser digitado.
Eu diria que os PCs mudaram a nossa forma de escrever para melhor, pois os computadores nos dão a capacidade de organizar nossos pensamentos desorganizados até que tenham sido modelados em frases claras.
Da mesma forma que a capacidade do PC para nos ajudar a organizar o caos em nossas cabeças melhorou a narrativa de uma reportagem, a claridade gerada por planilhas -- com as suas linhas e colunas de células retangulares -- permite-nos ter mais insights sobre nossas relações com números.
Essas células são maravilhosas. Todas elas têm relação umas com as outras, o que significa que podem ser feitas para interagirem umas com as outras de uma maneira quase ilimitada.
Por exemplo: imagine um conjunto de dominós dispostos sobre uma mesa plana com seus números virados para cima e arrumados em linhas em ordem crescente. Agora adicione as duas primeiras linhas. E, em seguida, dividia esse número pelo segundo dominó na terceira fila.
Em vez de usar uma folha de papel, uma calculadora ou os dedos das mãos e pés para descobrir a resposta, uma planilha pode ajudá-lo a fazer o cálculo instantaneamente.
Dê uma olhada no seu conjunto de dominós novamente. Magicamente, eles já se transformaram em valores de uma folha de cálculo -- os dois valores de cada dominó foram adicionados juntamente -- com cada valor ocupando um espaço numa célula.
Calcular a soma das duas primeiras linhas e dividir por qualquer número agora é fácil. As células sabem que têm números nelas e estes números podem ser instruídos para interagir uns com os outros da mesma forma que uma calculadora eletrônica pode adicionar, subtrair, multiplicar e dividir.
Mas enquanto uma calculadora vai esquecer a relação entre os números após a resposta ser calculada, uma planilha, por causa das células, vai manter essa relação, mesmo depois de você ter pressionado "enter" no teclado.
Isso significa que você pode usar essas relações entre as células de uma planilha para fazer coisas fantásticas, como criar seus próprios orçamentos e manter o controle das vendas.
Em essência, o poder real das planilhas é que podem sempre responder a perguntas "e se?" quando se trata de números, pelo menos.
E se as taxas de juros sobem? E se os níveis de barragens descerem? E se as vendas de petróleo abaixarem?
A capacidade de responder a essas perguntas mudou o mundo quando a empresa Apple lançou os primeiros computadores domésticos na década de setenta. Hoje, os programas de processamento de texto e planilhas dessa época parecem relíquias, mas lançaram as bases para o mundo moderno.
Esses primeiros aplicativos significaram que proprietários de pequenas empresas podiam olhar para o futuro e planejar para ele. Graduados de MBAs puderam levar o que aprenderam e se tornar um titã de Wall Street, durante a noite.
Planilhas são verdadeiramente surpreendentes. Mas não tome minha palavra por si só. Vá e teste por si mesmo.
Saudações,
Larry
Nota do editor: O repórter de negócios Larry Claasen participou da primeira turma da Data Journalism Academy do Code for South Africa, liderada por Raymond Joseph, ex-bolsista Knight do CFJ. Os participantes, todos jornalistas treinados, trabalharam com experientes repórteres de dados, codificadores e analistas para produzir matérias com ferramentas inovadoras como Wazimap, Piktochart, Infogram durante o programa de três meses.
Este post apareceu no site da Data Journalism Academy do Code for South Africa e é reproduzido na IJNet com permissão.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via OTA Photos