No início da primeira Conferência da Rede de Jornalismo de Soluções, a plateia levantou uma questão: o jornalismo de soluções fortalece a confiança na mídia? A resposta: esperamos que sim.
De 2 a 5 de novembro no Sundance Resort, em Utah, a localização deslumbrante correspondeu à exuberância dos quase 100 jornalistas e educadores de jornalismo que compartilhavam a mesma paixão pelo jornalismo de soluções: uma prática de reportagem rigorosa que enfatiza respostas baseadas em evidências para problemas sociais.
Desde que fiz um curso de jornalismo de soluções como aluna na Faculdade de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Oregon, consegui praticar seus métodos, inclusive publicando uma matéria sobre o uso da tecnologia para ajudar jovens sem-teto na comunidade local.
Como estudante do último ano na véspera de embarcar em minha própria jornada profissional, a oportunidade de participar da conferência e ver de primeira mão como as organizações de notícias são bem-sucedidas --e com grande efeito-- implementando técnicas de reportagem rigorosas e orientadas para as soluções que aprendi durante meu tempo na faculdade foi inspirador e não vou esquecer. Os jornalistas examinaram a implementação de soluções de jornalismo, compartilhando seus sucessos e desafios.
Testemunhar e participar dessas conversas cativantes foi esclarecedor, e as lições do encontro são numerosas. Mas entre todas elas, minha mente ainda está ligada a um tema em especial: a importância do engajamento e como o engajamento pode ajudar a restaurar a confiança do público. Ouvi vários grupos discutir o desejo de envolver a comunidade em torno deles e outros compartilhar o valor do engajamento entre jornalistas e público.
Linda Shaw, editora do Education Lab do Seattle Times, liderou uma sessão sobre os efeitos muito reais de suas reportagens de soluções e foco em engajamento em Seattle.
Linda detalhou um caso específico, no qual, através de uma série de histórias, a equipe engajou sua comunidade de leitores primeiro destacando um problema que existia na cidade em relação à disciplina escolar. Essa ideia de "por na mesa" o problema, explicou Linda, é necessária para garantir que os leitores estejam conscientes da gravidade e da realidade de um problema antes de desafiar o "status quo" através de reportagens rigorosas sobre soluções.
Simultaneamente, a equipe do Education Lab incorporou engajamento através de vários métodos de interação com a comunidade. Os repórteres realizaram eventos locais para conhecer e discutir histórias com os leitores; responderam perguntas online sobre as matérias; e publicaram ensaios de convidados e estudantes ao lado de suas próprias reportagens.
Em seguida, a equipe de Linda reportou sobre como escolas específicas estavam implementando soluções. Os repórteres do Education Lab focaram localmente para manter os leitores engajados e conscientes das soluções reais que acontecem em sua própria cidade. O conselho da escola local mudou rapidamente sua política sobre a disciplina escolar e menos de um ano depois, o estado de Washington também o fez, dando o crédito à reportagem do Seattle Times.
Na faculdade de jornalismo aprendi a reportar com exatidão, honestidade e imparcialidade. Ao mesmo tempo, devemos ser igualmente transparentes e claros sobre o que não sabemos e por que não sabemos; e as desvantagens e falhas que existem ao lado das soluções devem ser reconhecidas e esclarecidas. O reconhecimento dessas limitações abertamente com a comunidade ajuda a criar um compromisso honesto e valioso.
No caso do Education Lab, Linda explicou como sua equipe acompanha continuamente as matérias de soluções para reportar os desafios e as consequências que podem surgir das soluções. A preocupação de saber que nem todas as soluções são perfeitas ajudam a criar confiança entre a comunidade em geral.
Como jornalistas, quando nossa matéria é publicada, é aí que a história acaba para nós, mas para o leitor, isso só marca o começo. O engajamento reflexivo significa olhar além da publicação da matéria para as interações que ocorrem uma vez que o público se apropria da matéria.
Num momento em que a confiança, especialmente na mídia, é limitada, o jornalismo de soluções está abraçando o engajamento para trabalhar de forma diferente. Ouvir de jornalistas que trabalham em todo o nosso país --e, em alguns casos, o mundo-- para cobrir soluções com engajamento transparente e real, me inspira a continuar a integrar essas práticas nas minhas reportagens.
As maiores lições do encontro para mim irão influenciar a jornalista que me tornarei: as soluções são importantes. Os relacionamentos são importantes. A transparência é importante. Engajar a comunidade é importante.
Essencialmente, esta conferência destacou como o engajamento é um fator crítico para o jornalismo de soluções rigoroso e foi uma honra ver e aprender com tantos que estão colocando isso em prática.
Então, pergunte novamente: o jornalismo de soluções fortalece a confiança na mídia?
Aprendi que as soluções que reportamos através do engajamento que reúne comunidades podem cativar e alcançar leitores locais e, finalmente, criar uma maneira mais profunda e rigorosa de reportagem que, idealmente, pode fortalecer a confiança.
Morgan Theophil é estudante do último ano de jornalismo e faz parte do Catalyst Journalism Project da Faculdade de Jornalismo e Comunicação na Universidade de Oregon.
Imagem principal: Morgon Theophil na Conferência da Solutions Journalism Network. Foto cortesia de Brittany Norton.