Para mulheres jornalistas, mentoria pode fazer diferença

Oct 30, 2018 em Jornalismo básico

Durante um workshop com mulheres jornalistas no Sudão do Sul, a participantes trabalharam em grupos pequenos para criar listas de necessidades urgentes. Entre as prioridades: encontrar mentores que compartilhem seus conhecimentos, conselhos e experiência no local de trabalho.

Como parte do exercício, as mulheres responderam à pergunta: "Se você tivesse uma mentora, o que perguntaria a ela?" Entre as respostas:

  • Como equilibrar minha carreira de jornalismo, o casamento e a família em uma sociedade onde as mulheres lutam pela igualdade?

  • Como posso pedir uma promoção ou aumento sem incomodar o meu chefe?

  • O que posso fazer sobre os avanços sexuais de fontes ou colegas da redação?

  • O que devo fazer para avançar na carreira?

Eu ouvi perguntas semelhantes de mulheres jornalistas em todo o mundo, do Paquistão à Etiópia aos Estados Unidos. Mentoria é um passo vital para apoiar o crescimento e o desenvolvimento profissional, especialmente para as jornalistas que trabalham de forma independente e carecem da camaradagem na sala de redação.

As redes do velho clube do Bolinha são uma tradição de longa data em quase todas as indústrias, incluindo o jornalismo. Não é assim para as mulheres, diz Mary E. Stutts, autora do livro, "The Missing Mentor: Women Advising Women on Power, Progress and Priorities" (em tradução livre, "A Mentora que Falta: Mulheres Aconselhando Mulheres sobre Poder, Progresso e Prioridades").

Stutts encontrou "uma triste escassez de mentoras capazes de fornecer conselhos, orientações e respostas. Consequentemente, as mulheres ficam sozinhas para navegar as armadilhas no gerenciamento do casamento, da casa, da família, do desenvolvimento da carreira e da ambição pessoal."

Durante a conferência do Simpósio de Mulheres e Jornalismo de 2016 (JAWS, em inglês), ela ofereceu dicas para guiar mulheres através de "mentoria, liderança e capacitação". Entre as dicas:

  • As organizações estão em busca da próxima geração de líderes. Esteja presente. Venha pensando: "Eu sou a solução para o seu problema. Eu vou agregar valor à sua organização."

  • Para construir confiança, você tem que aparecer. Assuma tarefas difíceis que ninguém mais quer fazer. Essas são as oportunidades que vão fazer você ser notada. "Se você está no mesmo jornal há cinco anos ou mais, precisa fazer algo que mostre que pode tomar riscos", disse Stutts.

  • Ela lembra às mulheres: "Você terá diferentes mentores para os vários estágios da sua carreira."

Em 2014, a JAWS lançou um projeto de orientação para seus membros, reunindo mulheres com base em suas necessidades profissionais para ajudá-las a ter sucesso e avançar na carreira. Mais de 150 membros usaram o programa até agora, de acordo com Lisa Gillespie, membro do conselho da JAWS e repórter de saúde da filial da NPR em Louisville, Kentucky.

"Mulheres com experiência profissional se voluntariam para orientar como uma forma de contribuir, se conectar com outras mulheres e continuar a tradição de mulheres que apoiam mulheres", disse Gillespie.

A jornalista veterana Melinda Voss, que é membro da JAWS, ofereceu-se para ser mentora logo após o início do programa. Ela chama a experiência de "uma rua de mão dupla".

"Provavelmente ganhei mais do que dei", disse Voss. "Principalmente, eu busco maneiras de fortalecer a autoconfiança delas e ajudá-las a confiar em seus instintos. Isso geralmente é o que as mulheres jovens no jornalismo precisam mais."

Em um artigo para o Poynter Institute for Media Studies, a jornalista freelance Jillian Keenan fez a pergunta: "Onde uma jornalista independente pode encontrar fontes de conhecimento e conselhos?" Depois de conversar com jornalistas e mentores em potencial na área de Nova York, ela chegou à seguinte conclusão:

Junte-se a organizações profissionais.

"Todos nós já ouvimos isso antes: 'O importante é quem você conhece'. Acontece que isso é verdade. E uma das melhores maneiras de construir sua rede pessoal é juntando-se a associações profissionais". Keenan aconselha, "Pesquise as organizações que gostaria de participar. Seja clara sobre quem faz parte [delas] e o que oferecem."

Não tenha medo de enviar um e-mail a pessoas que você admira.

"Se você leu um artigo que admirou especialmente, envie um e-mail para o repórter. Se há uma publicação que você adore, envie um e-mail para os editores. O que você tem a perder?"

Participe de palestras e seminários em seu campo e encontre maneiras de se destacar.

Durante a sessão de perguntas após o evento principal, "preste atenção aos membros da audiência fazendo perguntas; eles geralmente mencionam o nome e local de trabalho. Se você ouvir o nome de uma organização que lhe interessa, pegue silenciosamente seu celular e faça uma pesquisa no Google.

"Encontre uma coisa, como um artigo recente, para mencionar quando você se aproximar da pessoa após o seminário. Ignore o frio na barriga e diga olá."

Não se limite.

"Acontece que ser freelancer pode realmente ser uma grande vantagem na busca de mentores. Trabalhamos com dezenas de pessoas, publicações e mídias diferentes todos os anos, o que nos dá uma gama muito diversificada de colegas para desenvolver relacionamentos."

Keenan concluiu: "Se você é sincera e franca sobre o fato de estar procurando mentores, pode ficar surpresa --como eu fiquei-- com tantas pessoas incríveis que estão à altura do desafio."

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Tamara Craiu