Para atrair leitores, jornais locais podem ajudar o público com os preços dos alimentos

por Laura Hazard Owen
Dec 5, 2024 em Engajamento da comunidade
Bell peppers at a grocery store in red, orange, green and yellow

Há alguns anos, o grupo de mães do Facebook do qual faço parte começou a fazer uma postagem semanal para compartilhar as melhores ofertas de alimentos na cidade. Nós olhávamos os folhetos dos supermercados para identificar as melhores ofertas. Logo alguém criou uma planilha de comparação de preços entre supermercados.

Mas rapidamente o esforço perdeu fôlego. Por quê? Não porque não fosse útil, mas porque era trabalho demais para se fazer de forma voluntária.

E se um jornal local fizesse isso por nós, transformando a tarefa em parte do trabalho de um repórter? Melhor ainda, e se jornais locais do país todo incluíssem como parte de sua missão ajudar os leitores a comparar preços de alimentos em suas cidades? E se, em cada site de notícias locais, uma editoria de "alimentos" identificasse as melhores ofertas? Onde eu moro, o Market Basket normalmente tem os preços mais baixos em tudo — mas de vez em quando o Star Market tem preços melhores em produtos como manteiga, brócolis e pão. Um resumo semanal que me permitisse saber disso forneceria um serviço genuíno. Uma planilha atualizada regularmente com preços do Costco ou do BJ em um site de notícias locais? Sim, por favor. 

O site de cupons Krazy Coupon Lady tem estimados 3 milhões de visitantes por mês. A equipe descreve dessa forma sua missão: "simplificar coisas confusas, dar às pessoas ferramentas para economizar dinheiro e criar uma comunidade de pessoas que compartilham histórias de sucesso". Esta também seria certamente uma ótima missão para um jornal local.

Supermercados e jornais locais poderiam fazer parcerias com cupons e ofertas especiais. Os jornais poderiam oferecer listas impressas das melhores ofertas da cidade mensalmente e também enviá-las em newsletters ou por WhatsApp. Repórteres poderiam recomendar seus petiscos favoritos, o que poderia ganhar um pequeno destaque nas gôndolas — da mesma forma que livrarias mostram recomendações de livros nas estantes. Sites poderiam criar edições impressas simples e disponibilizá-las no caixa dos supermercados com um cupom de US$5 para a próxima compra, junto com algumas matérias da semana.

"A principal explicação para a vitória de Donald Trump é que as pessoas nos EUA odeiam inflação", escreveu Heather Long no The Washington Post. "Os eleitores querem ver os preços baixarem e estão bravos porque isso não aconteceu com a maioria dos produtos. Essa não é uma situação particular aos EUA. Governantes de países desenvolvidos perderam reeleições recentemente por causa da indignação com o custo alto dos alimentos, habitação e entretenimento."

Ao mesmo tempo, há mais concorrência do que nunca pela atenção das pessoas. Quando a maioria das pessoas nos EUA decidem como vão gastar seu tempo livre, não é com notícias. Nos próximos anos, uma audiência já exausta vai provavelmente se desconectar, e isso inclui os consumidores de notícias mais engajados. (Nesta manhã recebi um email promocional do Daily Beast com o seguinte assunto: "O primeiro ano de Trump – não perca nenhum momento". Uh...)

Jornais locais não podem mudar o preço dos alimentos. Mas eles podem ajudar os leitores a lidar com esses preços —  e, ao fazer isso, talvez aumentar sua audiência e atrair pessoas que jamais os leriam de outra forma. Nem todo mundo lê notícias, mas todo mundo precisa comer.


Foto por Rithika Gopal via Unsplash.

Este artigo foi originalmente publicado no Nieman Lab e republicado na IJNet com permissão.