Se você publica online, provavelmente já lidou com um "troll". Trata-se das pessoas que postam mensagens inflamatórias ou fora do tópico, que distraem do debate construtivo. Os trolls são um grande desafio para a criação de um clima respeitoso de participação do leitor em sites de notícias.
Milagros Pérez Oliva, ombudsman do jornal espanhol El País, não aguenta mais os trolls. Pela segunda vez, ela escreveu um editorial pedindo aos leitores para se comportarem bem.
No mais recente, ela observou como é difícil para o site filtrar comentários ofensivos no videoblog político do jornalista Iñaki Gabilondo. Pérez Oliva propôs alocar mais recursos para combater os trolls e pediu "critérios claros" aos comentários para deter ofensas, como insultos sobre a mãe de Gabilondo e temas esquisitos (sobre torturar lagartos) ou mesmo os regulares "Iñaki é uma droga."
"Eu compartilho a visão de que o jornal deve ser o mais aberto possível à participação ... mas a crítica é uma coisa e insultos e difamação são outra", Pérez Oliva escreveu. Ela observou que Gabilondo considerou desistir por causa dos trolls.
"Temos tomado medidas, mas é preciso tempo para convencer os leitores", disse Gumersindo Lafuente, chefe de desenvolvimento digital do jornal. "Muitos leitores ainda se queixam sobre o tom lamentável de alguns comentários. Temo que a velocidade e a escala do desafio excedem em muito a capacidade" da solução atual.
El País tentou filtrar os comentários usando Eskup, que exige inscrição prévia e proibe comentadores que não respeitam as regras. Ainda assim, o controle é "fraco", disse Oliva Pérez.
Em um artigo intitulado "La invasión de los Trolls" no jornal mexicano El Universal, Cinthya Sánchez escreveu que mantê-los fora é difícil, porque eles "mudam palavras, separam letras, adicionam números e conseguem dizer o que querem, burlando a segurança."
Organizações de mídia em todo o mundo estão lidando com o fator de trolls, aumentando a moderação ou usando tecnologia para filtrar os comentários. Alguns, como o New York Times, têm uma equipe pequena trabalhando como moderadores em tempo parcial.
Já o Huffington Post conta com uma equipe de 30 moderadores e um sistema informatizado que marca palavras e frases para criar alguma ordem no caos dos 4 milhões de comentários que recebe a cada mês. O mecanismo de análise semântica (também conhecida como Júlia) foi a primeira aquisição já feita pelo Huffington Post .