O que você precisa saber para construir um bot de notícias

por Elyssa Pachico
Oct 30, 2018 em Jornalismo digital

Até agora, em 2016, grandes meios de comunicação como BuzzFeed, CNN e Washington Post construíram robôs (ou bots) de mensagens de notícias. Editores começaram a testar esta tecnologia devido à evidência de que mais pessoas estão usando aplicativos de bate-papo como WhatsApp e Facebook Messenger do que outras redes de mídia social. Se os editores não começarem a tentar disseminar seu conteúdo através de aplicativos de mensagens, eles poderão eventualmente ver uma queda no número de leitores, segundo o raciocínio.

Politibot, um serviço de mensagens que estreou com a entrega de notícias, visualizações de dados e análises sobre as eleições de 2016 na Espanha via Telegram, é um exemplo dessa experimentação com a robotização de notícias. O bot está atualmente entregando visualizações em espanhol sobre a eleição presidencial dos Estados Unidos de 2016.

A IJNet conversou com o jornalista Eduardo Suarez, um freelancer da Univisión que ajudou a construir o Politibot, sobre seus conselhos para jornalistas interessados em projetar e construir robôs.

Antes de construir um bot, conheça seu público

Uma das inspirações para o Politibot foi o aplicativo do Quartz. Suarez queria construir um serviço de mensagens que, como o aplicativo Quartz, entregasse a notícia em um tom casual, mas ele não queria investir tempo e recursos na construção de um aplicativo inteiro. Ele também queria construir um bot de mensagens em uma plataforma que muitas pessoas já estavam usando, mas o serviço de mensagens mais popular da Espanha, o WhatsApp, não permite bots.

Em vez disso, Suarez e uma equipe de cinco pessoas -- incluindo um sociólogo, dois jornalistas de dados e dois desenvolvedores -- identificaram um público-alvo que poderiam alcançar. Suárez sabia que muitas pessoas que trabalham na política espanhola, desde assessores de campanha a analistas, já estavam usando o Telegram como seu aplicativo de mensagens preferido.

"Foi uma plataforma onde já tínhamos um público", disse Suarez. "Não era muito grande, mas era um público que estava muito interessado em política."

Assim, eles decidiram construir Politibot para o Telegram em vez de Facebook Messenger e lançar o bot em 9 de junho: o início da campanha de eleições gerais na Espanha. Para atrair outros leitores, naquele mesmo dia, o Politibot forneceu aos assinantes uma análise dos prováveis ​​padrões de voto com base em um dos mais importantes estudos sociológicos da Espanha.

"Era algo valioso que nós dariam ao leitor em troca de eles nos seguirem", disse Suárez. "Pensar em como fornecer valor aos nossos leitores foi importante desde o início."

Os usuários pareceram achar útil o conteúdo divulgado pelo Politibot. Até o final de junho, o bot tinha mais de 8.000 assinantes, superando as expectativas dos desenvolvedores.

Dê personalidade ao seu bot 

Suarez e a equipe de Politibot investiram um tempo significativo criando uma personalidade peculiar para seu bot, que incluiu fazer o Politibot um fã de Theodore Roosevelt.

"A primeira coisa que fizemos antes de mais nada foi pensar sobre o tipo de personalidade que esse bot teria", disse Suarez. "Ele é um robô, mas que tipo?"

Os consumidores de mídia na Espanha não estão acostumados a interagir com bots de notícias, por isso a equipe de design queria enfatizar uma "conexão humana" com o Politibot.

"Queríamos um robô humilde", acrescentou Suárez. "Ele é um robô desajeitado que nem sempre responde bem, mas reconhece isso. Nós queríamos deixar claro que ninguém deve esperar mais do que o que prometemos."

Suarez disse acreditar que enfatizar o humor no design do bot ajudou a atrair usuários.

"É surpreendente", disse Suarez. "As pessoas demonstram afeição [por ele]."

Fique de olho no que vem a seguir

A equipe do Politibot descobriu outro uso inesperado para seu bot quando perceberam que cada vez que pediram aos seus usuários para responder a uma pergunta da pesquisa, eles receberam uma taxa de resposta excepcionalmente alta.

Isso os inspirou a pensar em outras formas de usar esses dados de pesquisa para criar novos conteúdos, disse Suarez à IJNet. Se a equipe tiver tempo e recursos, pode experimentar com a criação de um bot de mensagem no Facebook.

"Há muitas coisas que gostaríamos de explorar", disse Suárez.

Imagem principal sob licença Flickr via Peyri Herrera. Imagem secundária cortesia do site do Politibot.