Você poderia pensar que uma pandemia global seria fatal para qualquer novo negócio de mídia. Mas, ao longo dos últimos 18 meses, a startup de jornalismo lento Tortoise criou uma comunidade com mais de 110.000 membros e um alcance mensal de 12 milhões de pessoas nas redes sociais. Esse crescimento é impulsionado amplamente pelo boca a boca — metade dos novos membros são indicações dos membros já existentes.
A Tortoise surgiu em 2019 com o objetivo de oferecer uma cura para o excesso de notícias ao disponibilizar para as pessoas um lugar onde elas pudessem ir quando se sentissem sobrecarregadas pelo incessante ciclo de notícias.
Dado o senso de incerteza e isolamento desencadeados pela pandemia, a diretora de comunicação da Tortoise, Tessa Murray, diz que não foi uma surpresa os leitores se voltarem para o jornalismo lento.
"As pessoas querem fazer parte de uma conversa; elas querem entender melhor as coisas", acrescenta.
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O Digital News Report do Reuters Institute mostra que as preocupações em torno da disseminação de desinformação por políticos e pelas redes sociais deixam muitos usuários em dúvida sobre em quais veículos jornalísticos eles podem confiar.
Em contraste, o jornalismo lento evita aumentar a massa de informação já existente. Em vez disso, ele considera quais forças estão orientando a pauta do noticiário.
"O e-mail diário Tortoise Daily Sensemaker tem sido incrivelmente popular porque vai direto ao ponto nas coisas que importam no dia", diz Murray.
A pandemia também desencadeou um senso coletivo de perda da capacidade de ação. Com o Reino Unido em lockdown, e cerca de 11 milhões de pessoas dispensadas temporariamente do trabalho, muitos se sentiram impotentes diante da situação. Foi dentro desse contexto que o modelo de jornalismo lento da Tortoise de fato se destacou, ao convidar todos os seus membros a "pegarem um lugar para se sentar à mesa".
Algo central para o modelo de negócios da Tortoise são as sessões "Think In". Elas criam um fórum de "redação aberta" no qual os membros podem compartilhar suas ideias e opiniões com a equipe editorial. Abrangendo tanto temas locais como globais, as sessões dão poder aos leitores para influenciar a maneira como a publicação faz sua cobertura, assim como o futuro da empresa. Por exemplo, a sessão recente "Como a Tortoise pode se tornar local?" convidou os membros a analisarem a ideia de criar um hub local da empresa no nordeste da Inglaterra.
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No ano passado, mais de 120 mil pessoas participaram das sessões Think In, comprovando o valor dado pelos leitores em poder contribuir com seu ponto de vista para a pauta noticiosa da empresa. Mas Murray diz que esses debates foram mutuamente benéficos.
"É um processo iterativo mesmo", ela diz. "São nas sessões que coletamos informação crucial que molda o que fazemos."
Ao convidar seus membros para o diálogo, as sessões Think In permitem à Tortoise aprender a partir de muitos pontos de vista, assegurando que seu jornalismo seja verdadeiramente inclusivo.
Durante a pandemia, a abordagem da Tortoise centrada nos membros ofereceu acesso a uma comunidade quando muitas pessoas não tinham uma.
"A Tortoise fornece um lugar onde os membros podem trazer suas ideias e preocupações, podem ser ouvidos e fazer parte de uma conversa ativa."
Este artigo foi originalmente publicado pelo Journalism.co.uk e republicado pela IJNet com autorização.
Foto por Grant Durr no Unsplash.