Newsletter "Ask Women" faz repórteres diversificarem fontes

Jun 15, 2023 em Diversidade e Inclusão
Three women looking at a laptop screen.

A sub-representação de perspectivas diversas continua sendo um problema persistente na mídia, comprometendo nossa habilidade, enquanto jornalistas, de refletir sobre as complexidades da nossa sociedade e de estimular um maior entendimento entre os diferentes públicos por meio do nosso trabalho.

Apesar de o setor ter professado o comprometimento com a diversidade e inclusão, os homens ainda dominam o noticiário, ofuscando as mulheres, que consistem em apenas 25% das pessoas presentes nas notícias, de acordo com um estudo de 2020 do Global Media Monitoring Project (GMMP). O estudo também revelou que mulheres são sobretudo retratadas como donas de casa e normalmente entrevistadas como fontes triviais, apresentando opiniões comuns ou pessoais, em vez de serem reconhecidas como figuras de autoridade, como especialistas ou porta-vozes.  

Esse desequilíbrio espelha desigualdades maiores e pode reforçar vieses e estereótipos. A falta de representatividade pode inadvertidamente sugerir que mulheres são menos capazes ou menos significativas do que realmente são, reforçando assim normas sociais que as confinam a certos papéis e responsabilidades.

Em resposta à pressão crescente para abordar a disparidade, organizações de mídia adotaram medidas proativas recentemente para diversificar seu conjunto de especialistas, garantindo um maior equilíbrio de gênero entre as fontes. As descobertas do estudo de 2020 do GMMP também indicaram que a representatividade está melhorando. As mulheres hoje correspondem a 24% dos especialistas entrevistados por veículos, um aumento de 5% em relação a 2015. 

Boa parte desse progresso pode ser atribuída à proliferação de iniciativas e bases de dados no mundo todo criados para lidar com a disparidade de gênero e amplificar a expertise de mulheres ao fornecer plataformas acessíveis para sua visibilidade. A Rede Europeia de Mulheres Especialistas (ENWE na sigla em inglês) – fundada em 2020 com o objetivo de criar uma rede de bases de dados europeias de mulheres especialistas – se juntou a esse esforço coletivo, e está lançando agora a newsletter Ask Women.   

Sobre a "Ask Women"

Ask Women é uma newsletter mensal que conecta jornalistas e organizadores de eventos com mulheres especialistas por meio de uma seleção de perfis e contatos entregues diretamente na caixa de entrada. Cada edição é dedicada a um tema relacionado a atualidades, apresentando profissionais de sucesso especializadas na área em questão e disponíveis para entrevistas, painéis, eventos e outras oportunidades colaborativas.

A primeira edição foi lançada no mês passado, antes do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca da ONU, celebrado no dia 17 de junho. A edição apresentou um grupo diverso de cientistas, economistas, matemáticas e acadêmicas das áreas de política internacional, geografia e física com foco em mudanças ambientais e questões relacionadas, como reação de plantas, mobilidade humana forçada, fatores de risco natural e conflitos por uso de recursos. As especialistas foram escolhidas cuidadosamente a partir de diferentes bases de dados europeias que atualmente compõem a ENWE. Dentre as bases de dados estão a 100esperte, que abarca 400 especialistas da Itália; AcademiaNet, repositório abrangente com mais de 3.300 pesquisadoras da Europa e outras regiões; Agenda d’Expertes, um projeto do Sindicato dos Jornalistas de Valência, na Espanha; e Les Expertes, que tem 4.000 especialistas francesas e francófonas. 

Amplificando a diversidade de expertise para um jornalismo inclusivo e a igualdade

Ao aproveitar os conhecimentos ricos e diversos presentes nessas bases de dados, a newsletter Ask Women atua como uma plataforma que amplifica as contribuições inestimáveis das mulheres para suas respectivas áreas. Ela expande o conjunto de fontes disponíveis para jornalistas, o que permite ir além das vozes familiares e previsíveis. Isso não só melhora a qualidade e profundidade do jornalismo como também assegura uma representação do mundo mais precisa e matizada.

A newsletter nos equipa com recursos para desafiar estereótipos e dinâmicas de poder existentes, e preenche as lacunas do nosso trabalho. Ela oferece uma oportunidade de redefinir a narrativa, fazer matérias mais inclusivas e contribuir para a conquista da igualdade na mídia e na sociedade em geral.


Para assinar a newsletter Ask Women, clique neste link: enwe.substack.com.

Foto por Christina @ wocintechchat.com via Unsplash.