Melhores momentos do jornalismo de realidade virtual em 2015

por Samantha Berkhead
Oct 30, 2018 em Jornalismo multimídia

No futuro talvez olharemos para 2015 como o ano em que a realidade virtual (VR, em inglês) entrou para o jornalismo comum pela primeira vez.

Esse ano, as principais agências de notícias reconheceram a realidade virtual como um meio viável de contar histórias, principalmente por sua capacidade de inspirar empatia de uma maneira que texto e fotos não podem. E graças à propagação do Google Cardboard e outros dispositivos de visualização de baixo custo de realidade virtual, chegamos a testemunhar algumas das maiores notícias do ano como se estivéssemos assistindo-as em primeira mão, da crise de refugiados a novas descobertas em Marte.

Este meio não está mostrando nenhum sinal de desaceleração. Em 2020, estima-se que o mercado de realidade virtual será de US$70 bilhões.

Aqui está um panorama de alguns dos melhores exemplos de jornalismo de realidade virtual de 2015:

The Displaced, New York Times

Após o envio de um milhão de headsets do Google Cardboard para seus assinantes em outubro, o New York Times lançou "The Displaced" (Os Deslocados), seu primeiro projeto de realidade virtual. A experiência dá aos espectadores uma visão não filtrada da vida de três crianças refugiadas em todo o mundo: um menino ucraniano de 11 anos chamado Oleg, uma menina síria de 12 anos chamada Hana e um menino de 9 anos do Sudão do Sul chamado Chuol. Ao levar o espectador diretamente ao cotidiano dessas crianças, a equipe de realidade virtual do New York Times ajudou a ilustrar a gravidade de uma crise maior. Hoje, cerca de 30 milhões de crianças em todo o mundo foram deslocadas de suas casas.

Projeto Nepal Quake, RYOT VR

O projeto Nepal Quake (terremoto) da empresa de produção RYOT VR mostra as consequências do terremoto catastrófico que atingiu o Nepal em abril. O projeto foi filmado cerca de um mês depois do terremoto -- quando os agentes da ajuda internacional estavam começando a ir embora e a cobertura do desastre tinha acabado fazia tempo -- para mostrar quanto trabalho ainda precisava ser feito. Em três minutos, os telespectadores podem conhecer Bhaktapur e o Sindhupalchok, as áreas mais atingidas pelo terremoto.

Inside North Korea, ABC News

Além de cobrir crises humanitárias e desastres naturais, a realidade virtual também tem sido usada para transportar os espectadores para outras culturas. Neste caso, ABC News e Jaunt, um produtor de equipamentos de realidade virtual, uniram-se para levar os espectadores para dentro de Pyongyang, capital da Coreia do Norte -- ou, pelo menos, as partes de Pyongyang que os visitantes estrangeiros são autorizados a ver.

"Aqueles que visitam a Coreia do Norte, incluindo jornalistas, simplesmente não têm a oportunidade de ver algo verdadeiramente secreto", Bob Woodruff, narrador do curta, escreveu.

Apesar dessas limitações, o projeto consegue levar pessoas de todo o mundo um pouco mais perto da Coreia do Norte, um país que muitos nunca poderão visitar em suas vidas.

Seeking Home, Associated Press

Quase todos os órgãos de notícias forneceram cobertura no campo da crise de refugiados esse ano, em uma grande variedade de maneiras. Para marcar os seus primeiros passos no jornalismo de realidade virtual, a Associated Press produziu um vídeo de 360 graus para documentar a situação em Calais, o campo de refugiados no norte da França. O acampamento, onde os refugiados ficam antes de cruzar o Canal Inglês, torna-se mais permanente para seus moradores a cada dia. O vídeo da AP leva o espectador diretamente dentro do campo para uma visão de perto da vida dos refugiados.

Discovering Gale Crater,  Los Angeles Times

O jornalismo de realidade virtual não é apenas para matérias de interesse humano ou desastres naturais --também é uma ótima maneira de dar vida a descobertas científicas incríveis. Em outubro, o jornal Los Angeles Times produziu um projeto que descreve o interior da cratera Gale de Marte. Em um passeio guiado de realidade virtual, os espectadores podem ver de perto a evidência de água em Marte.

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Nan Palmero

Imagens secundárias, capturas de tela do projeto Nepal Quake e "Seeking Home" respectivamente