Literacia mídiática na era digital

por Jessica Weiss
Oct 30, 2018 em Diversos

Se você vive em uma sociedade democrática ou em um Estado de partido único, a capacidade de filtrar as informações e avaliar as mensagens da mídia é uma habilidade vital na nossa era.

"Literacia midiática" significa a aplicação hábil de literacia para a mídia e mensagens de tecnologia. É uma parte importante do engajamento cívico e a revolução digital a tornou ainda mais crítica. A explosão da mídia digital e das plataformas de redes sociais transformaram os cidadãos em editores e transmissores de comunicação. Um cidadão que tem literacia midiática em 2013 é alguém que não só entende o significado por trás das mensagens que ele ou ela encontra, mas também pode criar conteúdo de qualidade e distribuí-lo em uma variedade de formas para fazer parte de um diálogo maior da sociedade.

Esta nova realidade "significa que os programas de literacia de mídia precisam atingir um grande público", afirma um novo relatório do Center for International Media Assistance (CIMA ). O relatório, Media Literacy 2.0: A Sampling of Programs Around the World (Literacia midiática 2.0: Uma amostragem de programas em todo o mundo) analisa alguns dos programas e campanhas que trabalham em todo o mundo para equipar o cidadão para analisar e avaliar as informações recebidas. (Nota: CIMA é parceiro da IJNet.)

Embora o relatório tenha observado que os programas de literacia de mídia "têm um longo caminho a percorrer antes de terem o tamanho e a escala para serem verdadeiramente eficazes", destaca um número de abordagens diferentes e muitas vezes inovadoras de promoção da literacia midiática, da Botsuana à Jordânia.

Entre elas está um programa de dois anos, no Camboja, chamado Loy9 . Usa TV, rádio, Internet, telefone e jogos para promover a participação dos jovens na vida cívica, especialmente em áreas rurais.

Uma pesquisa de 2012 revelou que os jovens cambojanos consumiam muita mídia e confiavam em quase todas, diz o relatório do CIMA. Pareciam vulneráveis ​​a serem enganados pela mídia, sejam em forma de notícias unilaterais ou vídeos de karaokê que levavam mensagens negativas sobre questões de gênero.

Em resposta, "Loy9" conta histórias de pessoas que contribuem para suas comunidades e mostra como podem ser inspiradores", de acordo com um artigo da Media Action da BBC, que supervisiona o programa. "O sentimento positivo de inspiração e apoio solidário resume-se no nome [do programa], Loy9, que é uma gíria de elogio entre os jovens cambojanos."

Com "música, animações coloridas e anfitriões efervescente", Loy9 tenta ser divertido e interessante, tocando em assuntos sérios. Vários episódios apresentam personalidades do programa indo às aldeias para mostrar aos jovens locais como fazer um vídeo, incluindo storyboard (guião), filmagem, edição, câmera e uso de tripé.

Os episódios apresentaram um drama em que um jovem é candidato a eleição como representante da juventude em um conselho comunitário, uma visita à equipe de futebol juvenil de mulheres, jovens ajudando a criar uma biblioteca em uma aldeia e uma caçada nos arredores de Phnom Penh na qual os participantes trabalharam com resolução de problemas e cooperação de equipe.

De acordo com Colin Spurway, o diretor do projeto em Phnom Penh, a ideia é transmitir conhecimentos aos jovens da aldeia, mas também mostrar a um público mais amplo, que por trás de cada vídeo estão pessoas que têm uma determinada mensagem que querem transmitir, e que optaram por mostrar algumas coisas e não outras.

"Nós não queremos perpetuar a ilusão de que os programas de TV apenas meio que emanam da sua televisão", disse Spurway ao CIMA. "Queríamos deixar claro como foi feito."

Mostrar a história de fundo sobre como um programa é feito valeu a pena: a versão para a TV, exibida nas duas redes de TV mais vistas do Camboja, atrai até dois milhões de espectadores, com algumas pessoas assistindo comunitariamente em TVs ligadas a baterias de carro.

Leia o relatório completo do CIMA aqui (em inglês).

Jessica Weiss, ex-editora-chefe da IJNet, é uma jornalista americana com base em Buenos.

Imagem cortesia de Mark Smiciklas no Flickr sob licença Creative Commons