Aprender idiomas abre as portas para jornalistas estarem em lugares que nunca pensaram ser possível, e se conectarem com fontes e públicos que, de outra forma, não conseguiriam. Para Sophia Smith Galer, sua experiência como linguista permitiu que ela se conectasse com pessoas de vários países, como o Líbano e a Itália, e a ajudou a conquistar sua posição atual como jornalista de vídeo com foco em religião para o Serviço Mundial da BBC.
A capacidade de Smith Galer de se conectar com pessoas em seus próprios idiomas ajudou-a a contar melhor suas histórias. "Isso dá uma vantagem enorme quando você fala com alguém porque obviamente investiu tempo para conhecer sua cultura", disse ela. “Esse é um grande momento de respeito.”
Smith Galer formou-se pela Universidade de Durham com diplomas em espanhol e árabe. Ela encontrou uma chance de mostrar suas habilidades linguísticas em uma oportunidade que descobriu através da IJNet: o concurso de redação “Many Languages, One World” do United Nations Academic Impact e do ELS Educational Services.
"Eu dei o meu melhor e, para fazer isso, tive que escrever um ensaio para enaltecer o multilinguismo", disse Smith Galer. “Não poderia ser na sua língua materna nem poderia ser em uma língua primária de instrução.”
Ela apresentou um ensaio em árabe exaltando o multilinguismo, e depois de ser selecionada como uma das vencedoras, fez um discurso em árabe sobre mudança climática nas Nações Unidas.
Originalmente de Londres, Smith Galer treinou para ser uma cantora de ópera até os 20 e poucos anos. Depois de ver como a indústria da ópera era instável, ela se voltou para o jornalismo. Mesmo depois da mudança, ela vê paralelos entre as duas carreiras.
“Seu trabalho [como jornalista] é ajudar a contar as histórias de outras pessoas. Não se trata de contar a sua própria”, disse ela. “Por estranho que pareça para o observador casual, minha formação musical ajudou nisso.”
A reportagem de Smith Galer se destaca, pois ela usa vídeo para contar histórias religiosas enquanto a editoria geralmente é coberta pela mídia impressa.
Ela acha que a editoria da religião é especialmente importante, já que a fé desempenha um papel crítico na tomada de decisões das pessoas. "A religião leva as pessoas de todo o mundo a fazerem coisas porque elas são compelidas por sua fé a serem seres humanos incríveis e fazer coisas incríveis", disse ela. "Há tantas boas histórias para contar."
Smith Galer conversou com a IJNet sobre reportagens no Reino Unido, o que significa ser a jornalista do mês da IJNet e seus conselhos para jovens jornalistas.
IJNet: Como é ser jornalista no Reino Unido?
Smith Galer: Para o Serviço Mundial [da BBC], eu raramente cubro o que está acontecendo internamente. O desafio é: como se conectar com comunidades que não são do Reino Unido? Esse é o meu desafio porque eu sempre tenho que estar muito ciente do que está acontecendo em outros lugares. Eu acho fácil superar este desafio porque eu uso o Instagram e o Reddit, e não há muitas pessoas que estão usando isso na esfera de reportagens religiosos hoje. Tem sido imensamente útil em termos de encontrar histórias, encontrar colaboradores que possam me ajudar a entender melhor as histórias e me ajudar a transmiti-las ao nosso público.
Um grande desafio é que o Reino Unido é muito mais secular do que muitos países do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma compreensão muito maior da importância da religião na esfera pública e da importância de não descartar pessoas com crenças religiosas. No Reino Unido, por ser tão secular, pode ser mais difícil divulgar histórias religiosas ou fazer com que as pessoas entendam por que elas são importantes.
O que significa para você ser apresentada como o jornalista do mês da IJNet?
Espero que as pessoas reconheçam [a necessidade de] cobrir religião e divulguem a religião por meio de vídeo, porque muitas histórias religiosas no momento ainda estão sendo reportadas por meio da mídia impressa. Eu consegui esse trabalho porque a BBC decidiu que precisava investir nessa área. Espero que as pessoas reconheçam que vale a pena digitalizar a editoria da religião.
Que conselho você tem para jornalistas mais jovens que querem entrar nesse campo?
Eu definitivamente não estaria aqui sem meus idiomas. Um ponto sobre o aprendizado de idiomas é que muita ênfase é colocada na “fluência”. Você nunca ouvirá um estudante de idiomas perguntar a outro aluno de idiomas: “Você é fluente?”. O que significa ser fluente é um conceito fluido. Para mim, nunca se tratou realmente de ser fluente. Embora eu seja muito boa [em falar] tanto espanhol como árabe, e tenho nível de conversação em francês e italiano, nunca foi o ponto me tornar fluente ou ter uma gramática perfeita para escrever uma grande obra de arte. Para mim, o objetivo sempre foi conseguir construir um relacionamento quando estou na rua e encontro alguém.
Meu conselho para jovens jornalistas seria: a) aprenda uma língua e tente aprender uma que seja um pouco diferente; b) esqueça do impresso e foque na aquisição de habilidades de vídeo; e c) saiba usar as mídias sociais, o que tem sido instrumental.
Imagens cortesia de Sophia Smith Galer.