A visualização de um conjunto complexo de fatos -- e a compreensão do contexto -- pode ser difícil.
Por exemplo, imagine: A cidade de Ramallah, na Palestina, tem uma precipitação anual maior do que Londres. No entanto, cada palestino na Cisjordânia só é permitido o uso de 70 litros de água por dia, em comparação com a recomendação de 100 litros da Organização Mundial de Saúde.
O Visualizing Impact (VI), uma empresa de design de dados com base em Beirute, no Líbano, está tentando fazer fatos como a escassez de água da Palestina mais digeríveis, acessíveis e compartilháveis. Para ilustrar as limitações de água na Palestina e outras questões de justiça social, a equipe do VI de designers, desenvolvedores e analistas de dados cria infográficos para compartilhar com o maior número de pessoas possível.
"Nós criamos produtos socialmente conscientes", Fadi Shayya, conselheiro e estrategista do VI, disse à IJNet. "Quando nós fazemos esses produtos diferentes, a ideia é a compartilhá-los."
Abaixo, a IJNet lança um olhar sobre como o VI divulga seu material, a história da organização e o que está em andamento.
Qual é a raiz do VI?
Antes do VI exisitir, o Visualizing Palestine (VP) fez um estouro em 2012 quando lançou um gráfico explicando o que o corpo humano sofre quando faz uma greve de fome.
O gráfico representou a greve de fome de 66 dias do palestino Khader Adnan, depois de ter sido capturado pelo serviço de prisão israelense para detenção administrativa -- uma prisão por parte do estado sem julgamento do indivíduo (Clique aqui para ver uma versão maior do gráfico.)
O governo israelense muitas vezes usa a detenção administrativa para prender palestinos. Joumana al Jabri e Ramzi Jaber, cofundadores do VP, começaram sua organização para projetar gráficos baseados em fatos para promover a justiça social. Ilustradores e designers gráficos usam dados de uma variedade de fontes para destacar aspectos do conflito israelense-palestino.
O VI começou como uma organização matriz para encapsular o VP e outros futuros spin-offs. O Visualizing Egypt está em andamento, e Shayya disse que o objetivo principal do VI é chegar ao máximo número de pessoas. Possíveis temas do VI podem ser geográficos, mas também podem se basear em áreas como tecnologia e política.
Quem usa os visuais do VI?
Qualquer um pode usar os visuais do VI através da licença Creative Commons, e organizações de notícias como Al Jazeera, The Guardian e Huffington Post usam seu conteúdo. O VI também vende impressões dos visuais online.
Onde o VI encontra os dados?
Cada infográfico do VI contém uma enorme quantidade de números e fatos. O designer cita fontes em letras miúdas diretamente no visual e oferece links em seu site de onde a equipe VI encontrou os dados.
Uma equipe de pesquisadores em tempo integral trabalha com designers e desenvolvedores para ilustrar fatos corretamente e usar métodos como a mineração de dados e raspagem da Web para extrair informações.
Fontes variam de acordo com o conceito visual, mas incluem canais de notícias, relatórios de institutos de pesquisa sem fins lucrativos, como a Urban Land Institute, as Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde.
Qual é o modelo de negócios?
Os cofundadores inicialmente financiaram o VP, uma organização sem fins lucrativos registrada na Palestina, através de uma campanha de crowdfunding. Durante um mês, no final de 2013, 403 pessoas doaram cerca de US$70.000. Além de doadores individuais, o VP também é financiado por meio de doações de diversas organizações, incluindo o Arab Fund for Arts and Culture e International Media Support.
O VI é uma empresa registrada no Líbano, onde seu escritório principal está localizado. O VI ganha dinheiro com colaborações de design comissionadas e vendendo impressões dos visuais.
"Nós não teríamos conseguido fazer isso sem subvenções, indivíduos, empresas ou através de nossa linha de produtos", disse Shayya.
E os planos para o futuro?
VI produz a maior parte do seu trabalho em inglês e árabe, mas pretende ampliar sua audiência e traduzir visualizações para outras línguas.
Funcionários e voluntários do VI já traduziram alguns gráficos em outros 11 idiomas, incluindo espanhol, francês, chinês e coreano.
Pessoas interessadas em doar tempo para o VI podem se inscrever para voluntariar através do seu site, depois que manifestarem interesse, seus nomes e habilidades são guardados em planilhas. Se o VI precisa traduzir algo, alguém pesquisa a lista de voluntários para ver quem é proficiente no idioma.
Para agilizar o processo, a equipe VI está desenvolvendo uma plataforma de tradução por crowdsourcing. O programa estará aberto a qualquer pessoa interessada em traduzir a obra de VI e haverá edição de colegas para certificar que as traduções são corretas.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Susan Murtaug - infográfico secundário do Visualizing Palestine