"Durante o apagão da internet na República Democrática do Congo, parecia que o país inteiro estava isolado do mundo", disse Gabrielle Mitch, uma jornalista freelance baseada em Lubumbashi, Congo, em uma entrevista. “Sem a internet, o jornalismo moderno não significa nada.”
A internet, no entanto, é algo que os jornalistas nos países africanos são forçados a ficar sem, como no Congo durante as eleições presidenciais e no Zimbábue durante os protestos dos preços dos combustíveis.
Os apagões na internet aumentaram consideravelmente em todo o mundo nos últimos anos, de 75 em 2016 para 188 em 2018, de acordo com o grupo de direitos digitais internacionais Access Now.
Kuda Hove do Media Institute of Southern Africa condenou o apagão da internet pelo governo do Zimbábue, alegando que violava o direito à liberdade de expressão e acesso à informação.
"Os ataques à mídia não estão mais restritos a métodos offline, como espancamentos e detenções, mas agora também incluem ameaças online, como o controle de informações na forma de desligamentos da internet", disse Hove. “Os jornalistas devem usar essa oportunidade para divulgar os direitos digitais, como o direito de acessar a internet.”
Após o segundo dia de paralisação da internet no Congo, Mitch foi de escritório a escritório para procurar acesso à internet.
“Enquanto isso, uma estação de rádio da Zâmbia chamada Phoenix, para a qual eu também reportei a respeito das eleições, não conseguiu entrar em contato comigo. Eu estava em perigo. Fui ao escritório de um amigo cujo provedor de internet estava no exterior, mas o governo também cortou a internet dando um ultimato ao provedor”, disse ela.
Muitos jornalistas em Kinshasa compraram cartões SIM do país vizinho Congo Brazzaville para contornar a paralisação da internet no Congo, segundo Mitch. Mas isso é caro e não foi uma solução boa para o problema.
“A gente teve que comprar a internet do Flybox Postpaid de operadoras locais que custam entre US$300 e US$500. Alguns jornalistas sortudos tiveram o luxo de trabalhar em hotéis luxuosos que possuíam o serviço pós-pago Flybox, mas as redes sociais ainda não funcionavam”, disse ela.
"Os jornalistas tiveram que contorná-lo usando VPNs."
Jornalistas do Zimbábue também usaram redes privadas virtuais (VPNs) para contornar o apagão da internet em janeiro.
O que é VPN?
Quando você usa uma VPN, é conectado a um servidor remoto, operado por um serviço VPN. Todos os seus dados de tráfego da internet são transmitidos para o servidor através de um túnel criptografado, o que significa que os provedores de serviços de internet e outros terceiros não podem ver os dados sendo transmitidos. O computador do usuário também tem o endereço IP do servidor VPN, portanto, sua identidade e localização permanecem protegidas.
Kudzai Kangwende, membro da Internet Society Zimbabwe, disse que as VPNs são úteis no jornalismo profissional e jornalismo cidadão para compartilhar informações consideradas sensíveis em redes monitoradas ou censuradas. Também são usadas para contornar conteúdo censurado.
“O uso de VPNs é uma maneira de manter a informação fluindo durante os períodos em que o acesso à internet é restrito. As VPNs são uma maneira de evitar restrições ao acesso à internet e se enquadram no amplo espectro da segurança cibernética”, disse Kangwende.
Embora as VPNs não consigam contornar totalmente os apagões da internet como do Congo e Zimbábue, ainda são uma ferramenta essencial para jornalistas em uma era em que o acesso digital está cada vez mais ameaçado.
"Os jornalistas têm a responsabilidade de aprender sobre como usar essas ferramentas e também o papel de explicar a importância de tais ferramentas para o público", disse Kangwende.
Como usar uma VPN
Usar uma VPN parece difícil, mas é realmente muito simples. Tudo o que é necessário é que o usuário baixe e instale um aplicativo VPN no dispositivo que está sendo usado: um telefone ou computador. Para usar a VPN, é só uma questão de ligá-la ou configurá-la para inicializar automaticamente com o dispositivo.
Aplicativos comuns de VPN incluem ExpressVPN, NordVPN, IPVanish e TunnelBear, cada um custando cerca de US$10 por mês.
Uma boa VPN não registra dados do usuário e nunca registra o histórico de navegação. A VPN também deve ter um interruptor ou alguma forma de proteção contra vazamento. A tecnologia Kill Switch interrompe automaticamente os programas selecionados ou o dispositivo inteiro de acessar a web quando a conexão VPN cai.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via MONUSCO/Abel Kavanagh