Embora infográficos sejam uma ótima maneira de ajudar os leitores a compreenderem temas complexos, os jornalistas devem evitar a tentação de fazer a informação parecer ser mais simples do que é.
"As histórias são sempre mais complicadas do que parecem à primeira", disse Alberto Cairo, especialista em visualização de dados. "Não tente simplificar dados ou histórias."
Cairo, um professor da Universidade de Miami, compartilhou suas dicas para visualização de dados de uma forma mais eficaz e concentrada durante a recente conferência da Chicas Poderosas em Miami. Ele compartilhou quatro princípios orientadores para se lembrar quando preparar uma visualização ou infográfico:
1. Acrescente o contexto
- Os usuários precisam de mais do que apenas gráficos para entender um assunto. Também precisam de detalhes e informações adicionais para torná-lo mais compreensível.
- Deixar de fora o contexto é como apresentar um artigo com apenas um título, sem a história para oferecer mais detalhes.
- Um exemplo de infográfico cercado pelo contexto é o livro "Reinventing American Health Care". (em tradução livre, Reinventando o Serviço de Saúde Americano). O autor, Ezekiel Emanuel, publica vários gráficos com estatísticas, mas o que se destaca no livro para Cairo é que ele usa muitas de suas 386 páginas para explicar os gráficos e fornecer contexto ao leitor.
2. Procure por padrões, mas não simplifique demais
- Cairo compartilhou esta citação do físico americano Richard Feynman: "O primeiro princípio é que você não deve enganar a si mesmo e você é a pessoa mais fácil de enganar."
- A melhor maneira de dar ao usuário uma história clara é analisar, explorar e compreender a informação antes de transformá-la em um infográfico. Ao mesmo tempo, evite a simplificação excessiva.
- Não misture laranjas com maçãs. Alguns números não são comparáveis. É bom se perguntar: "Esta informação está sendo comparada a o quê? Quem está sendo comparado a ela?"
- Encontrar padrões remove o ruído dos fatos e tenta encontrar significado. Para saber mais sobre isso, Cairo recomenda ler o livro de Michael Shermer "The Believing Brain" (em tradução livre, O Cérebro que Crê).
3. Seja criativo, mas também seja cético em relação a criatividade. Mantenha-se focado nos fatos
- A confusão de estar imerso em um mar de dados pode nos fazer perder de vista o que queremos mostrar.
- Em alguns casos, é adequado representar os mesmos dados em mais do que uma vez e de um modo diferente.
- Visualizações não são feitas para serem vistas, mas para serem lidas, para que o usuário assuma o comando sobre como ele ou ela navega através da matéria.
- Anotações servem para orientar e explicar a história a um usuário.
- Pense sobre o objetivo da visualização.
4. Concentre-se no que importa
- Mantenha o meio em mente. Ao apresentar as visualizações no celular, o desafio é que você não pode mostrar a informação como um todo, mas deve exibi-lo em sequências e camadas.
- Mantenha o público em mente. Nossas primeiras responsabilidades com o planeta e a humanidade, e em seguida os clientes, empregadores e nosso mundo artístico interior. Antes mesmo de pensar em se tornar um grande artista, você deve ser um criador de dispositivos que tornam o mundo um lugar melhor.
Você pode assistir ao vídeo da apresentação completa de Cairo (em inglês) abaixo:
Daniel Suárez Pérez é um repórter que cobre o conflito armado na Colômbia para o VerdadAbierta.com. Ele é o coordenador de eventos da Chicas Poderosas.
Chicas Poderosas capacita as mulheres a aprenderem, trabalharem e levarem tecnologia a redações em toda a América Latina. A conferência de Miami foi o primeiro evento nos Estados Unidos para a Chicas, que foi fundada pela designer interativa Mariana Santos como parte de sua bolsa do Knight International Journalism Fellowship do ICFJ.
Foto de Alberto Cairo cortesia da Chicas Poderosas