Dicas para propor e cobrir matérias sobre religião

Oct 30, 2018 em Temas especializados

Como a maioria dos repórteres nos dias de hoje, jornalistas de religião enfrentam uma variedade de desafios, incluindo equipes em redução, menos empregos e remuneração baixa.

Os jornalistas de religião também enfrentam o desafio adicional de provar a sua relevância, especialmente em países onde o assunto é pouco coberto. Nos Estados Unidos, por exemplo, a reportagem de religião ocupa apenas 2 por cento ou menos da cobertura jornalística em geral, de acordo com o Religion News Service.

"Muitas vezes, muitos editores veem religião como uma editoria especial extra que podem viver sem, e muitas vezes deixam a religião para ser coberta por repórteres gerais que não conhecem a editoria muito bem", disse Kevin Eckstrom, editor-chefe do Religion News Service.

Mas, enquanto a cobertura de religião diminuiu nos principais meios de comunicação, "está explodindo online, com sites com foco em religião liderando o caminho", disse Eckstrom.

Tendo em mente este ambiente de reportagem, a IJNet pediu a Eckstrom e também a Sally Steenland, que dirige a Faith and Progressive Policy Initiative do Center for American Progress, por conselhos para repórteres designados a cobrir uma matéria de religião ou que querem aprofundar sua cobertura do assunto. Aqui estão suas dicas:

Eduque-se

"Seja esperto", disse Steenland, "caso contrário, você vai ser enganado por uma fonte."

O tema da religião é definido pela nuance, complexidade e contexto, Eckstrom observou, por isso é importante começar aprendendo algumas informações de fundo. Ele recomenda o site da Religion News Association e o ReligionLink, que conecta jornalistas às fontes e contexto em grandes notícias.

Preste atenção aos detalhes

Há uma diferença "enorme", por exemplo, entre "adorar" e "venerar" a Virgem Maria, Eckstrom apontou. "Esse é um erro de principiante que eu fiz no começo da minha carreira de jornalista de religião", disse ele. "Outros erros comuns incluem confundir as diferentes ramificações do judaísmo e também brincar com termos radioativos como 'fundamentalista' ou 'extremista' sem atribuição ou explicação adequada."

Encontre um ângulo de religião para matérias sobre outros temas

Às vezes é difícil conseguir editores interessados ​​em matérias puramente sobre religião, então busque um ângulo de religião ao cobrir esportes, política ou negócios. Há um ângulo de religião, o que pode incluir moral, ética e valores, em quase toda a história, segundo Eckstrom.

Por exemplo, ele contou: "Um pastor em Dallas disse recentemente que o presidente Obama está abrindo o caminho para o Anticristo. Essa é uma oportunidade para explicar o que é o Anticristo e como as visões do Anticristo mudaram ao longo do tempo."

Outros exemplos: em uma história sobre a polêmica da cobertura médica obrigatória de anticoncepcionais, você poderia explicar as opiniões de evangélicos ou católicos sobre o aborto ou anticoncepcionais. Também pode usar o Oscar como um gancho de notícia para examinar temas religiosos, morais ou éticos nos filmes indicados.

Responda a pergunta "E daí?"

Pergunte a si mesmo, isso aconteceu antes? Qual é o contexto? Por que importa?

"O contexto é extremamente importante em religião e em matérias de religião e colocar a história em um mapa mental para as pessoas vai ajudá-lo a propor a pauta", disse Eckstrom.

Mostre respeito

Dê às pessoas o mesmo respeito e deferência que você gostaria a suas próprias crenças, mesmo quando suas crenças são totalmente diferentes, Eckstorm recomendou. "Não leve para o lado pessoal quando uma fonte pede para orar por sua alma ou diz que você vai para o inferno."

Evite estereótipos

Não generalize, dizendo: "Os católicos pensam isso" ou "os muçulmanos pensam assim". A pior coisa que você pode fazer em uma matéria sobre religião é "descaracterizar o que alguém acredita, ou dizer que acreditam ou fazem isso ou aquilo quando não é [o caso]", disse ele.

Procure novas vozes

"Não seja preguiçoso" e ir sempre aos mesmos especialistas ou fontes bem conhecidas, Steenland aconselhou. "Pergunte a si mesmo: 'Quem são as novas vozes?' E sempre obtenha citações de novas vozes."

Natasha Tynes é uma jornalista digital bilíngue com sede em Washington. Você pode ler seus pensamentos sobre jornalismo, mídia digital e Oriente Médio no seu siteTwitter ou escrever para ntynes​@gmail.com.

Imagem sob licença CC no Flickr via Vik Nanda