Dicas para focas no jornalismo durante a pandemia

Jul 21, 2020 em Jornalismo básico
Mulher usando computador num restaurante

Este artigo é parte de nossa cobertura online de reportagem sobre COVID-19. Para ver mais recursos, clique aqui.

A pandemia de COVID-19 é um momento incerto para jornalistas em início de carreira. Enquanto a crise da saúde acelera o declínio das notícias locais e a crescente dependência do trabalho remoto, aqueles que estão começando na profissão são forçados a se adaptar.

Com poucos estágios e posições para iniciantes, quando redações encolhem e até fecham as portas, como os jovens jornalistas podem começar suas carreiras?

Para descobrir, entrei em contato com jornalistas veteranos para obter conselhos sobre estratégias que os jornalistas em início de carreira podem ter hoje durante a era a COVID-19.

Desenvolva novos métodos para contar histórias

Seja através da mídia social ou de novas formas de mídia, vários novos caminhos para criar matérias surgiram nos últimos anos. Quando jovens jornalistas estão confinados em casa, é essencial desenvolver habilidades em novas plataformas para contar histórias de maneiras novas.

"Há muitas maneiras para jovens empreendedores interessados ​​em jornalismo desenvolverem carreiras bastante interessantes", disse Anna Codrea-Rado, jornalista freelance que produz The Professional Freelancer, um boletim informativo que oferece conselhos para freelancers, e co-apresentadora do podcast “Is This Working?.

Esses métodos de storytelling são maneiras especialmente boas para os jornalistas praticarem seu ofício de forma independente, disse ela. Ela destacou podcasts, plataformas de mídia social e newsletters, em particular. "Os tipos de custos indiretos ou iniciais de iniciar um boletim, por exemplo, são realmente muito baixos. O importante é ser capaz de ser curioso e explorar."

Esses novos caminhos também criam novas oportunidades para fazer coberturas, disse Nabeelah Shabbir, editora de conversas do The Correspondent. "O Instagram, e também o podcasting, são áreas onde as pessoas estão aprendendo novas formas de contar histórias."

O aumento das habilidades nessas áreas apresenta oportunidades para a construção de um público, além de oferecer exposição a novas plataformas desejadas pelos empregadores. "Pode parecer que já é um mercado saturado, mas esses tipos de habilidades são realmente muito valiosos e as pessoas devem tentar", disse Shabbir.
 

[Leia mais: 10 alternativas de estágio para a era de COVID-19]

Cultive sua rede de contatos

O distanciamento social durante a COVID-19 também privou jovens jornalistas de maneiras importantes de se conectar com profissionais do setor. As conferências presenciais, os eventos de networking e outras oportunidades para construir conexões desapareceram, pois a maioria das reuniões em grande escala foi cancelada.

A chave, de acordo com Shabbir, é encontrar as redes no Twitter e outras mídias sociais envolvidas com seus campos de interesse. "Percebi que, ao longo dos anos, construí essa comunidade de pessoas que sabem do que estão falando e que, de alguma forma, seguem as mesmas coisas", disse ela. "No momento em que você começa a criar sua comunidade, logo começa a fazer parte de conversas."

Construir uma comunidade digital por meio das mídias sociais não é a única maneira de começar a criar uma rede agora. Kevin Delaney, cofundador da Quartz Magazine e atual editor sênior do caderno de opinião do New York Times, disse que os jornalistas estão mais abertos a interagir por telefone ou e-mail durante a era do trabalho remoto de hoje.

“No início da minha carreira, uma das maneiras realmente eficazes de obter fontes era ir a eventos. Você sabia que, se fosse aos eventos certos, poderia esperar até o final e criar conexões que não teria conseguido de outra forma", disse Delaney.

Parte de ser jornalista é fazer conexões e se apresentar. Para Delaney hoje, os editores estão mais dispostos a ouvir "porque ficam na frente do computador o dia todo".

[Leia mais: Para estimular diversidade na redação, defina metas e seja intencional]

Considere caminhos alternativos

Nem todas as habilidades de jornalismo precisam ser desenvolvidas na redação de uma grande publicação. A geração de conteúdo, a apuração investigativa, mídias sociais e técnicas de comunicação em organizações adjacentes ao jornalismo podem ajudar a aprimorar habilidades importantes de redação, pesquisa e entrevista que podem beneficiar um jornalista em início de carreira.

"Se você realmente quer continuar escrevendo, minha experiência é que as empresas estão sempre procurando redatores talentosos para escrever para eles para coisas diferentes", disse Delaney. “Talvez o caminho de carreira hoje não seja começar em um jornal local e mudar para outras publicações. Talvez esteja no ramo de conteúdo de uma empresa de consultoria, onde você pode adquirir habilidades, experiência e confiança."

Codrea-Rado acrescentou que trabalhar em uma organização sem fins lucrativos, por exemplo, pode ajudar a construir conhecimento benéfico tanto para freelancers quanto para aqueles que esperam trabalhar em uma redação. “A realidade é que muitos lugares fazem conteúdo. Se você realmente sabe onde deseja chegar e não pode chegar lá na rota direta que deseja, existe outra rota que você pode seguir?" indagou.

A experiência de Shabbir trabalhando como oficial de comunicações permitiu-lhe conhecer novas pessoas e potenciais entrevistados de todo o mundo. Com essa posição, ela foi capaz de continuar desenvolvendo habilidades em entrevistas remotas e diferentes formas de escrita.

O importante, disse Shabbir, é "manter a produção", mesmo enquanto trabalha em uma posição adjacente ao jornalismo. Considere iniciar um blog ou redação freelance para criar sua presença e portfólio.

Não se esqueça das habilidades pessoais

Tão importantes quanto as habilidades técnicas -- capacidade de escrever, técnicas de reportagem, ética e direito do jornalismo -- são os "soft skills" ou habilidades pessoais. Resiliência, adaptabilidade e capacidade de encontrar novas histórias são habilidades que os jornalistas devem começar a desenvolver no início de suas carreiras.

Para Delaney, uma das principais características de um jornalista é a curiosidade -- especificamente, a capacidade de determinar o que é interessante e o que faz uma boa história. Essa pode ser uma habilidade desenvolvida, disse ele. "Uma maneira muito pragmática de fazer isso é ler artigos e tentar se perguntar qual é a pergunta subjacente, qual é a curiosidade que os leva e por que é interessante?'"

Especialmente no mundo dos freelancers, a capacidade de se recuperar de contratempos e se adaptar às mudanças do setor é vital, disse Codrea-Rado. “Resiliência não é uma característica fixa. É uma habilidade que pode ser aprendida, algo que você pratica e melhora e pode desenvolver", disse ela.

Enquanto o setor de notícias luta para encontrar seu caminho durante a pandemia de COVID-19, nem todas as oportunidades são perdidas. É importante manter uma visão positiva de seus objetivos e manter sua paixão por gerar reportagens.

“Faça o que te faz feliz e faça o que achar interessante e amplie suas conexões nessa área”, disse Shabbir. "Acho que não devemos deixar tudo parar apenas porque não podemos ir a lugares pessoalmente."


Devin Windelspecht é um jornalista freelance com base em Washington.

Imagem sob licença CC no Unsplash via Bonnie Kittle


Leia mais artigos de

Jornalista freelancer

Devin Windelspecht

Devin Windelspecht é editor da Rede de Jornalistas Internacionais (IJNet). Antes de trabalhar na IJNet, ele era jornalista freelancer e cobria preservação e direitos humanos.