Os jornalistas que cobrem ISIS têm muito a considerar - sua segurança na rua, que tipo de imagens apresentar em seu reportagem, que nome do grupo usar e muito mais.
A IJNet reuniu uma lista de dicas e recursos que podem enriquecer a sua cobertura do grupo extremista cujos movimentos estão ocupando o cenário internacional do jornalismo.
Que nome é esse?
A primeira coisa que você precisa pensar quando cobrir ISIS é como chamá-lo. Quando ISIS surgiu pela primeira vez na cena há alguns anos atrás, atendia pelo nome de "Daesh" داعش que é um acrônimo em árabe para o "Estado Islâmico do Iraque e Grande Síria".
Em inglês, alguns se referem ao grupo como ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Síria) ou ISIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), que é o termo usado pelo governo americano. Outros nomes incluem IS (Estado Islâmico), que é o nome que o grupo usa para descrever-se em seu material de propaganda em inglês.
O nome do grupo tem causado muita polêmica entre os jornalistas. Recentemente, o governo francês declarou que só vai se referir ao grupo por seu nome árabe "Daesh", e o ministro das relações exteriores Laurent Fabius incentivou a mídia a seguir o exemplo.
A Agence France-Presse refere-se ao grupo como "o grupo Estado Islâmico" ou "organização Estado Islâmico", e como "IS jihadistas" em manchetes e alertas de notícias. A Associated Press se refere a ele como "O Estado islâmico".
Seja qual for o nome que você escolher, tente ser consistente e use o termo de preferência da organização que vai publicar seu artigo.
Aprofundando seu entendimento
Para enriquecer a sua compreensão da história e constituição deste grupo, confira os seguintes recursos:
• Um documentário online: o Vice News divulgou recentemente um bem elogiado documentário sobre o funcionamento interno do ISIS, em que o filmmaker Medyan Dairieh conseguiu acesso ao grupo através de contatos profundos na região.
• Mapas: Vox.com recentemente reuniu um grupo de mapas para contar a história do ISIS e “insinuar o que vão fazer no futuro.
• Desfazendo mitos: Vox também divulgou um artigo em que listou “mitos" sobre ISIS e explicou por que devem ser desfeitos. São mitos que o ISIS odeia as mulheres soldados e que é um grupo rebelde da Síria.
Segurança
A Síria e as áreas controladas pelo ISIS estão entre os lugares mais perigosos para jornalistas. A AFP, que é a única agência de notícia internacional com escritório em Damasco, parou de enviar jornalistas para as regiões controladas por rebeldes na Síria.
Em um recente post em seu Correspondent Blog, a AFP disse que não vai aceitar qualquer trabalho de freelancers que viajam para lugares para onde a agência não iria enviar seu próprio pessoal, avisando que nenhuma matéria vale a vida de um jornalista.
O Washington Post tomou uma decisão semelhante.
"Enquanto nós continuamos a enviar correspondentes para a Síria, não aceitamos mais o trabalho freelance daquela zona de guerra", disse Douglas D. Jehl, editor internacional do Post.
Se você for atribuído ao trabalho de reportagem, certifique-se de obter o treinamento de segurança adequado. Há também uma série de recursos online que você pode conferir incluindo a Avaliação de Risco do Rory Peck Trust e o guia de segurança do Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
A utilização de material do ISIS
O uso sofisticado de redes sociais por parte do ISIS força organizações de mídia a decidir se as imagens de morte devem ser consideradas de interesse jornalístico ou descartadas como uma ferramenta de propaganda. Não existe uma resposta perfeita e os meios de comunicação ainda estão debatendo sobre isso. A AFP disse que toma esta decisão dependendo de cada caso.
A Canadian Broadcasting Corporation (CBC) explicou sua decisão editorial sobre o uso da mídia do ISIS neste vídeo, dizendo que não há "uma regra única para tudo que sirva para cada cenário. No caso do vídeo de decapitação do jornalista americano James Foley, a CBC decidiu que para chegar a um equilíbrio entre manter a dignidade do jornalista assassinado e também informar o público, decidiu selecionar imagens estáticas do vídeo.
Usando as mídias sociais
Com a ausência de jornalistas em áreas controladas pelo ISIS, a mídia social torna-se a fonte principal de muitos jornalistas, e a verificação é o nome do jogo. A Columbia Journalism Review (CJR) publicou recentemente um artigo listando dicas sobre como os jornalistas podem usar as redes sociais para cobrir ISIS.
Usar ferramentas de verificação é uma forma de verificar o conteúdo das redes sociais antes de publicá-lo, de acordo com a CJR. Entre as ferramentas recomendadas são Storyful e Dataminr.
Para verificar o conteúdo social rapidamente, pode ser útil identificar plataformas de compartilhamento usuais da região com antecedência (no caso da Síria e em locais com acesso à Internet limitada, geralmente páginas de Facebook das cidades ou canais do YouTube), para que você possa identificar rapidamente a fonte original, disse à CJR Eliot Higgins, fundador do site Bellingcat, um site que reporta sobre a Síria e outros lugares usando ferramentas de código aberto.
Imagem principal sob licença CC via Karl-Ludwig Poggemann